Paciência tem limite
O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Nelson Justus (DEM) conhecido por sua fleugma – tanto que é chamado na Casa de “lord” – perdeu a paciência ontem com os líderes do governo e da oposição, por conta do bate-boca em torno do projeto que autoriza o Estado a participar dos consórcios intermunicipais de gestão do lixo. Os deputados não se entendiam se era para votar o projeto original ou o substitutivo elaborado pela comissão do Meio Ambiente, e acabaram confundindo o próprio Justus.
Chega
“O que vocês querem que eu faça”, desabafou Justus a certa hora da discussão, quanto o líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), pediu verificação de votação, e o líder da oposição, Valdir Rossoni (PSDB), quis chamada nominal, apesar de ser visível a presença da maioria dos 54 deputados. O desabafo surtiu efeito, e os dois acabaram entrando em um acordo.
Tiro no pé
Os paranaenses pagarão a conta caso o projeto de lei que isenta motocicletas e similares do pagamento do pedágio nas rodovias do Estado seja sancionado pelo governador Roberto Requião (PMDB). A Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR) já adiantou que recorrerá a Justiça caso a lei entre em vigor. Assim, o prejuízo sofrido pelas empresas durante o período em que a isenção vigorou se somará ao passivo que o governo do Paraná tem com as concessionárias, por conta da guerra declarada por Requião ao pedágio. A matéria foi aprovada ontem em segundo turno na Assembléia e só depende da assinatura do governador para vigorar. Na concessionária Caminhos do Paraná – que administra a estrada da Lapa – as motocicletas correspondem a 1,2% da receita, mas estão envolvidas em 8% dos acidentes, o que eleva o custo operacional do pedágio.
Relatório
A Comissão Especial de Investigação (CEI) do Pedágio, depois de quase cinco meses de trabalho, apresenta o relatório final hoje. O ponto principal do relatório é a pauta que está sendo proposta pelos deputados para uma negociação envolvendo as concessionárias que atuam no Estado e o governo do Paraná para tentar um acordo que possa reduzir a tarifa. Segundo o presidente da CEI, deputado Fábio Camargo (PTB), as empresas e o governo teriam demonstrado boa vontade para renegociar os valores. O problema será convencer o governador Roberto Requião, que diz só negociar caso as empresas aceitem tomar como base os critérios dos leilões de concessão de rodovias feitos pelo governo federal no mês passado. Elas rebateram com ironia afirmando que aceitam as condições, desde que possam contar com isenção de impostos, aumento no fluxo de veículos e aporte do Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE), assim como foi feito na recente licitação.
Ideologia
A Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR) repudiou as declarações de Requião durante a “escolinha de governo” de ontem. Em nota oficial, a ABCR afirmou que “Mais uma vez foram divulgados números errados de faturamento e investimento das concessionárias. Isso deixa claro que a questão do pedágio continua sendo tratada pelo Executivo de forma ideológica”.
Negociação
A ABCR garantiu ainda que “mantém a confiança de que pode ser aberto um diálogo técnico entre Governo do Estado e Concessionárias, com objetivo de renegociação ou remodelação dos contratos, com intermediação da Assembléia Legislativa”. Em tempo. O próximo aumento está previsto para 1º de dezembro.
Em alta
O Paraná registrou o maior índice de presença na edição do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, o Enade 2007, com 88% de participação. O Amapá teve o pior índice, com 72% de presença; esta foi a mais alta taxa de abstenção de todo o país.
Em baixa
O presidente estadual do PPS, Rubens Bueno, denunciou mais uma vez a cooptação de prefeitos do partido pelo governo Requião. O PPS elegeu 37 prefeitos nas eleições de 2006. Hoje, apenas 15 continuam na legenda. Boa parte deles mudou para a base de apoio do governo.