Em 2002, quando ninguém queria saber da companhia de Roberto Requião (PMDB), o então deputado estadual Orlando Pessuti aceitou “ir para o sacrifício” como vice na chapa do peemedebista na disputa pelo governo. Para isso, abriu mão de uma tranquila reeleição para a Assembléia Legislativa, em troca de uma aventura incerta.

Pagamento
Quatro anos depois, novamente Pessuti deixou de lado o sonho de concorrer ao Senado para repetir a dobradinha, já que a articulação pela indicação do então deputado Hermas Brandão como vice de Requião pelo PSDB naufragou na Justiça. Passados dois anos da reeleição, o “pagamento” que o fiel escudeiro do governador recebe em troca é a ameaça de Requião de não deixar o cargo para evitar que o vice assuma o governo.

Antecedentes
Esses dois episódios ilustram o modus operandi requianista. Entre a lealdade aos amigos e o interesse próprio, o governador não hesita em ficar com o segundo. Foi assim também com o ex-governador José Richa, a quem Requião traiu depois de ser levado à prefeitura de Curitiba.

Realinhamento
A Assembléia Legislativa retoma os trabalhos no próximo dia 2, ou seja, dentro de duas semanas. Mais do que projetos, o grande assunto que deve movimentar a Casa a partir de então é o início do realinhamento das forças políticas com vistas a 2010. A previsão mesmo entre os deputados governistas é de que a base de Requião deve sofrer baixas nos próximos meses, já que muitos parlamentares que até então vinham votando alinhados ao Palácio das Araucárias começaram a buscar abrigo em legendas de oposição.

Tolerância zero
Entre os primeiros que devem mudar de atitude estão os deputados do PSDB — que até agora, apesar do partido oficialmente se colocar como oposição a Requião, continuavam fiéis ao governo. Até porque a direção estadual da legenda já avisou que não vai continuar tolerando o “jogo duplo”, pois isso enfraqueceria o discurso oposicionista de um eventual candidato tucano ao governo.

Sobrevivência
Em 2008, o governo sofreu em votações importantes, por conta da baixa margem de manobra no plenário. Para 2009, a situação deve se agravar ainda mais. Até porque, com Requião em fim de mandato e sem um nome forte dentro do partido ou das forças que o sustentam para concorrer à sucessão, os parlamentares – mais preocupados com sua própria sobrevivência política – não estarão dispostos a continuar sofrendo desgaste com medidas impopulares para ajudar o governador.

Guinada
Depois de passar os dois primeiros anos de seu segundo mandato tratando a todos na base do “bateu, levou”, o governador Requião ensaia mais uma guinada rumo a uma nova fase “paz e amor”. Tudo porque a contagem regressiva para 2010 já começou, e ele precisa de todo e qualquer apoio possível para garantir um retorno ao Senado. Resta saber se o eleitor vai cair de novo nessa.

Acenos
No afã de garantir um caminho fácil para a eleição, Requião atira para todos os lados — do PSDB de José Serra e Beto Richa ao ex-aliado e depois desafeto Alvaro Dias, passando ainda pelo também ex-aliado e depois “inimigo número um”, Osmar Dias (PDT). Sem esquecer é claro do PT de Lula e Dilma Roussef. 

Em alta
O PARANÁ foi um dos sete estados brasileiros em que houve aumento nas vendas do comércio, em novembro, apesar da crise. Segundo pesquisa do IBGE divulgada na sexta-feira, o volume de vendas do comércio varejista paranaense avançou 0,2% em relação a outubro de 2008.

Em baixa
O presidente LULA defendeu a proposta de “reeleição eterna” para beneficiar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. È uma demonstração de que, entre os princípios básicos de alternância de poder da democracia e o apoio aos “amigos”,
fica-se sempre com a segunda opção.