A atitude da Assembleia Legislativa de negar-se a dar detalhes sobre as investigações da comissão de sindicância sobre as irregularidades na administração da Casa só reforça as suspeitas de que os deputados ainda tem muito a esconder, e pouco interesse com a tão propalada transparência. Até porque o presidente da Assembleia, deputado Nelson Justus (DEM), passou os últimos 40 dias fugindo da imprensa, sob a promessa de que todas as respostas seriam dadas após a conclusão da sindicância. Ontem, Justus sequer apareceu no plenário para explicar o resultado da investigação, o que evitou que ele tivesse também que responder sobre a prisão de três ex-diretores da Casa no último final de semana.
Bode expiatório
Ao se limitar a culpar ex-diretores pela lambança na administração da Assembleia, a sindicância reforçou também a sensação de que a estratégia da cúpula do Legislativo é jogar toda a responsabilidade em cima desses funcionários. O problema é que todos os atos administrativos, incluindo aí as nomeações de fantasmas, não só passam como são assinados pelos deputados que compõem a Mesa Executiva. Portanto, eles não podem dizer que de nada sabiam. Muito menos que esses funcionários – nomeados e mantidos em seus cargos por décadas – agiam por conta própria, sem conhecimento dos chefes.
Regimento
O deputado Tadeu Veneri (PT) – único a falar sobre a prisão dos ex-diretores da Assembleia – defendeu ontem mudanças no regimento interno do Legislativo e o fim da reeleição para cargos da Mesa Executiva. O novo regimento deve prever o fim da reeleição da Mesa Diretora. A continuidade gera situações como esta que estamos vendo, argumentou.
Causa própria I
Fontes da Assembleia relatam que o primeiro vice-presidente, deputado Antonio Anibelli (PMDB), estaria pressionando a direção da Casa a não fornecer os documentos exigidos pelo Ministério Público. Por trás da atitude estaria o interesse de Anibelli de que Justus seja atingido por um pedido de afastamento do cargo por não colaborar com as investigações. É que caso isso aconteça é o próprio peemedebista que assumiria a presidência do Legislativo.
Causa própria II
O Sindicato dos Servidores da Assembleia teria recorrido à Justiça contra pedido do Ministério Público para que a Casa forneça a movimentação bancária de seus funcionários dos últimos dez anos. O detalhe é que consta que o presidente do tal sindicato até há pouco tempo, pelo menos, seria o ex-diretor geral da Assembleia, Abib Miguel, preso no sábado.
Reaproximação
Parlamentares do PMDB confirmaram ontem que o pré-candidato do PDT ao governo, senador Osmar Dias, e o ex-governador Roberto Requião (PMDB) andaram conversando nos últimos dias, e ensaiando uma reaproximação com vistas às eleições de outubro. Deputados de outros partidos apontam ainda que o PT paranaense, ao romper as negociações com Osmar, acabaram facilitando a aproximação de Requião com o pedetista.
Contas
O deputado Jocelito Canto (PTB) – que há poucos dias foi novamente notícia nacional ao questionar na Assembleia quem aqui não tem caixa dois – voltou a incomodar seus pares ontem, desta vez por um bom motivo. É que mais uma vez a prestação de contas das verbas de ressarcimento dos deputados entrou na pauta de votação, e como sempre, sem qualquer discussão ou detalhes sobre os gastos. Canto então exigiu que fosse dado detalhes sobre o parecer da Comissão de Tomada de Contas, lembrando que um dos problemas da Assembleia é justamente não fiscalizar a si própria. O relator, deputado Douglas Fabrício (PPS) limitou-se a cumprir a formalidade de ler o parecer recomendando a aprovação das contas dos parlamentares, sem qualquer informação sobre como e onde foi gasto o dinheiro, nem mesmo quanto. E como sempre, o mesmo foi aprovado sem discussão.
Metrô
O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, se reúne amanhã com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, em Brasília, para tratar dos recursos para a implantação do metrô da Rede Integrada de Transporte de Curitiba. Os recursos devem vir do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2, do governo federal. Vou levar o projeto básico elaborado pela prefeitura e discutir dentro do PAC 2 a possibilidade de conseguirmos os recursos para ter o metrô na nossa cidade, diz o prefeito.
Olimpíada
Ontem Ducci recebeu o ministro do Esporte, Orlando Silva. No encontro, o prefeito apresentou os projetos de revitalização do Velódromo de Curitiba, no Jardim Botânico, e do Parque Náutico, no Boqueirão, a construção de uma pista de atletismo no Parque dos Peladeiros, no Cajuru, e de uma arena esportiva multiuso para 15 mil pessoas, em local ainda a ser definido. Os projetos serão avaliados pelo ministério para que Curitiba seja escolhida como um centro regional de treinamento dos Jogos Olímpicos de 2016, que ocorrerão no Rio de Janeiro.
Otimista
O governador Orlando Pessuti e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disseram ontem confiar que está próxima a solução para a multa que a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) cobra do Paraná por conta de títulos adquiridos pelo Paraná na época da privatização do Banestado. Vamos a Brasília nesta terça-feira (27) para mais uma reunião com o senador Antonio Carlos Magalhães Junior, que é o relator da resolução apresentada pelo senador Osmar Dias pedindo a suspensão da multa. Na quarta (28) pela manhã, acompanhamos a discussão e a votação do relatório, falou Pessuti.
Julgamento
A bancada de oposição na Câmara de Curitiba promete acompanhar a sessão de julgamento do recurso interposto pelo ex-prefeito Beto Richa (PSDB), que acontece nesta quarta-feira. O recurso tenta impedir o prosseguimento das investigações do suposto Caixa 2 na campanha de reeleição de 2008, no chamado Comitê Lealdade.
Em Alta
O governador Orlando Pessuti empossa hoje, em Curitiba, a nova Diretoria Executiva da Copel, eleita em reunião extraordinária na tarde de ontem pelo Conselho de Administração da Companhia. O novo presidente é o economista Ronald Thadeu Ravedutti, empregado de carreira.
Em baixa
A audiência pública realizada pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado na manhã de onte m na sede da OAB Paraná, mostrou que algumas polêmicas ainda precisam ser superadas até a aprovação da nova Lei Geral do Esporte, a Lei Pelé. Outros setores do esporte , fora futebol,não se sentem atendidos.