A vitória do PMDB na eleição estadual afetará os destinos do PSDB paranaense a partir do próximo ano. Os tucanos que estiveram do lado do governador peemedebista reeleito terão que rever as posições assumidas no passado e aceitar a liderança do prefeito Beto Richa no futuro – se desejarem continuar no partido.
Segundo o presidente estadual do partido, Valdir Rossoni, aqueles que estiverem fechados com o projeto político tucano para os próximos 10 anos ficará na legenda. “Quem não aceitar a linha traçada pela direção estadual, com o aval da executiva nacional, será convidado a sair”, posicionou-se.

A decisão do diretório estadual começou a ser desenhada no domingo à noite, quando os principais líderes da legenda se encontraram com a finalidade de discutir o resultado da eleição de domingo passado – quando Roberto Requião foi reconduzido ao Palácio Iguaçu, no pleito mais disputado da história do Paraná.

Na segunda e na terça-feira os tucanos trocaram telefonemas para conversarem sobre as posições do governador reeleito que pretende retaliar, segurando recursos, para as prefeituras de Curitiba, Londrina, Maringá e Foz do Iguaçu – por ter perdido nessas cidades no segundo turno.

Como Richa participou ativamente da campanha do pedetista Osmar Dias e na segunda-feira Roberto Requião deixou evidente que pretende desgastar as lideranças das cidades onde foi derrotado no domingo – para emplacar candidatos petistas e peemedebistas simpáticos ao governo dele – Rossoni afirmou que o partido pretende consolidar a liderança do prefeito da capital paranaense, já que o PSDB entrou agora na oposição, tanto a nível estadual como nacional.

O partido precisa ter uma posição definida na opinião do deputado federal Luiz Carlos Hauly, uma das principais vozes da oposição. “E não pode ser favorável a Requião. Na medida que ele declara guerra, ele pode ter certeza que terá guerra. Ainda mais depois da derrota política que ele teve nas urnas”, defendeu.

O deputado federal Gustavo Fruet falou que o partido precisa esperar a poeira assentar para tomar qualquer decisão. Ele confirmou que na próxima semana a bancada federal irá se reunir em Brasília para discutir os rumos do partido. “Uma coisa é certa. O PSDB tem que começar a se reestruturar para disputar a prefeitura de Curitiba e das cidades do interior do Paraná.

Na visão de Fruet, os tucanos precisam ter uma causa a partir de agora. “Precisamos realizar um congresso para definir os rumos e o futuro. Esse processo servirá para que a legenda tenha vida própria além do período das eleições”, explicou. 

Hauly defendeu uma revisão da atuação do PSDB no Paraná. “Agora iremos trabalhar em um projeto político para o partido. Primeiro visando as eleições municipais de 2008 e depois para 2010. As principais lideranças concordam que o partido precisa trabalhar com um plano para ser fechado até 2018”, defendeu.

O líder do prefeito Beto Richa na Câmara, Mário Celso Cunha, entende que o partido perdeu a oportunidade de ser governo. “Nós poderíamos ter lançado candidato. A liderança do prefeito foi traduzida nas urnas. Tanto Geraldo Alckmin como Osmar Dias venceram em Curitiba”, apontou.

Enquanto o PSDB estadual apresentou uma divisão interna nesta eleição, o municipal seguiu a liderança de Richa, tomando uma posição favorável ao candidato Osmar Dias. Rossoni afirmou que o presidente da Câmara Municipal, João Cláudio Derosso, vai permanecer na presidência por mais um bom período.

O tucano Rossoni criticou o governador reeleito por desrespeitar proprietários de jornais e jornalistas na segunda passada. “Tudo que vem do Requião não tem valor. Ele desrespeita o céu e a terra. É uma pena que temos um governo que está perdendo respeito pela sociedade”, explicou.

Hauly defendeu que, devido as denúncias do governador reeleito, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PRE) realize um terceiro turno. “O Requião não disse que a vitória dele foi conseguida graças a fraudes eleitorais? Nada mais justo que realizar uma nova eleição”, ironizou.