Lucas Figueiredo/CBF – O atacante Matheus Cunha foi formado no Coxa

Entre os 22 jogadores convocados pelo técnico André Jardine para a disputa dos jogos olímpicos de Tóquio, cinco atletas se destacam por suas ligações com o Paraná ou com o futebol paranaense. São eles o goleiro Santos (formado no Athletico e desde 2018 titular da equipe), o zagueiro Bruno Fuchs (nascido em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais), o lateral-esquerdo Abner (que também pertence ao Athletico), o meio-campista Bruno Guimarães (ídolo do Furacão e hoje no Lyon, da França) e o atacante Matheus Cunha (revelado pelo Coritiba e hoje no Hertha Berlim, da Alemanha).

Na final deste sábado (7 de agosto), disputada no estádio Internacional de Yokohama, o ‘piá do Couto’ foi responsável por fazer o primeiro gol da partida – a Espanha empatou no segundo tempo, com Oyarzábal, e a canarinho garantiu o ouro com gol de Malcom, na segunda etapa da prorrogação.

Além disso, o goleiro Santos foi titular e também um dos heróis da campanha brasileira – inclusive com pênalti defendido na semifinal, contra o México -, assim como o meio-campista Bruno Guimarães. 

Abaixo, confira mais detalhes sobre a história e participação de cada um dos jogadores ligados ao Paraná e ao futebol paranaense que fizeram história na conquista do bi olímpico do Brasil

Aderbal Melo dos Santos Neto

Foto: Franklin de Freitas

Nascido em 17 de março de 1990, em Campina Grande (PB), o goleiro Santos começou a carreira no Porto-PE, de Caruaru, em 2006, e chegou ao Athletico em 2008, após se destacar pelo time pernambucano numa Copa São Paulo de Futebol Júnior. Desde 2018 é titular do Furacão, tendo sido peça fundamental em alguns dos principais títulos da história rubro-negra, como a Copa Sul-Americana e a Copa do Brasil.

Atualmente com 31 anos, foi alçado ao posto de goleiro titular da equipe brasileira após o Palmeiras informar que não liberaria Weverton, outro nome histórico do Furacão e destaque do ouro olímpico no Rio de Janeiro, em 2016. Dessa forma, Santos foi titular do início ao fim da vitoriosa campanha brasileira, com especial destaque para sua participação decisiva contra o México, na semifinal, com defesas importantes ao longo da partida e um pênalti evitado logo na primeira cobrança da série de penais, vencida pelo Brasil por 4 a 1 (após empate em 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação).

Bruno de Lara Fuchs

Foto: Ricardo Duarte/Divulgação Internacional

Nascido em Ponta Grossa, o zagueiro Bruno Fuchs foi observado pelo Internacional, de Porto Alegre (RS), quando tinha apenas 10 anos de idade e disputava uma peneira em sua cidade natal. Chamou a atenção e logo no ano seguinte entrou na escolinha do clube gaúcho, onde percorreu todas as categorias de base e também se profissionalizou.

Curiosamente, Fuchs começou a carreira como um meia, mas aos poucos foi sendo recuado: virou volante no sub-16 e em seguida passou a jogar em sua atual posição, de zagueiro.

Estreou em julho de 2019 pelo time principal do Colorado e logo se destacou, mas teve pouco tempo no time principal. Isso porque em agosto de 2020 já foi vendido ao CSKA Moscou, da Rússia, por 8 milhões de euros.

Foi reserva ao longo de toda a campanha em Tóquio e não disputou nenhuma partida – a dupla de zaga titular foi Nino e Diego Carlos. Entretanto, foi um nome importante ao longo de toda a jornada até o Japão: fez parte do grupo que disputou o Pré-Olímpico em 2020, na Colômbia, sendo titular na reta final da competição; e também esteve na campanha do título do Torneio de Toulon, na França, em 2019.

Abner Vinícius da Silva Santos

Aos 21 anos, o lateral-esquerdo Abner, nascido em Presidente Prudente (SP), está desde julho de 2019 no Athletico. Revelado pela Ponte Preta, foi contratado como uma aposta rubro-negra para suprir, no curto ou médio-prazo, a saída de Renan Lodi, negociado com o Atlético de Madri, da Espanha, em julho de 2019.

Para ficar com o jogador, o Furacão teve de desembolsar 2,4 milhões de euros, o equivalente na época a R$ 10 milhões, numa das maiores negociações da história do futebol paranaense. 

Apesar do alto valor, o atleta demorou um pouco para engrenar. Ainda assim, é titular da equipe desde a última temporada e tem demonstrado uma evolução e amadurecimento ainda maiores sob o comando do português Antônio Oliveira. Na atual edição do Brasileirão, por exemplo, já disputou oito jogos, com duas assistências.

Bruno Guimarães Rodrigues Moura

Foto: Miguel Locatelli / site oficial do Athletico

Nascido no Rio de Janeiro e formado na base do Audax Rio e do Audax Osasco (clube pelo qual chegou a disputar o Paulistão de 2017), o meio-campista Bruno Guimarães jogou pelo Athletico entre 2017 e 2020 e já é um nome histórico do rubro-negro.

Chegou ao clube em maio de 2017, inicialmente por empréstimo, e acabou comprado em março do ano seguinte. Em 2018, inclusive, conquistou seu primeiro título, o Campeonato Paranaense, sendo um dos destaques da equipe sub-23 comandada por Tiago Nunes, quando marcou um gol na finalíssima, contra o Coritiba, vencida pelo rubro-negro por 2 a 0 na Arena da Baixada (após uma derrota por 1 a 0 no jogo de ida, no Couto Pereira).

Na sequência foi alçado do time sub-23 para o profissional e se firmou como titular da equipe que passou a ser comandada por Tiago Nunes após a saída de Fernando Diniz. Ainda naquele ano foi campeão da Copa Sul-Americana e no seguinte destacou-se ainda mais no time campeão da Copa do Brasil, novamente com gol decisivo, no primeiro jogo da final, contra o Internacional.

Desde janeiro de 2020 atua no Lyon, da França, tendo sido negociado por 20 milhões de euros, e é um dos principais jogadores do time francês, tendo participado de 33 dos 38 jogos da última Ligue 1 (21 participações como titular).

Em Tóquio, foi titular ao longo de toda a campanha brasileira e ficou em campo do início ao fim da partida, tanto na semifinal, contra o México (quando converteu um pênalti), como na final, contra a Espanha.

Matheus Santos Carneiro da Cunha

Divulgação/CBF/Lucas Figueiredo

Aos 22 anos, o paraibano Matheus Cunha já é há algumas temporadas destaque no futebol alemão, onde jogou por Red Bull Leipzig (entre 2018 e 2020) e agora no Hertha Berlim (desde janeiro de 2020). Antes de explodir na Europa, porém, o atacante deu seus primeiros passos no Esporte Clube Cabo Branco, de João Pessoa (PB), e com apenas 15 anos chegou ao Coritiba, em 2014.

Em 2016, foi um dos destaque do Coxa na Copa São Paulo de Futebol Júnior e na Dallas Cup, disputada nos Estados Unidos. Foi quando chamou a atenção do Sion, da Suíça, que acabou o contratando em 2017, antes mesmo da jovem promessa atuar pelo time profissional do alviverde.

Em entrevista ao UOL, o atacante já admitiu que sua saída precoce do Alto da Glória foi em alguma medida frustrante. “Meu sonho era ter jogado o Brasileirão com o Couto Pereira lotado. Estava sempre na arquibancada assistindo, então aquilo me movia”, declarou o jogador em entrevista. “O Coxa já tinha sinalizado que eu subiria para o profissional, mas quando chegou o interesse do Sion, tive que tomar uma decisão. Eu tinha visto diversos jogadores subirem e não terem oportunidades, não só no Coritiba”.

No futebol suíço, logo mostrou seu potencial. Foram 10 gols em 33 jogos pelo Sion, que o levaram a ser contratado pelo RB Leipzig, da Alemanha, onde marcou um dos gols mais bonitos de 2019, indicado ao Prêmio Puskas.

Desde janeiro de 2020 ele atua pelo Hertha Berlim. O time foi só o 14º colocado da última Bundesliga, mas Matheus Cunha foi o principal destaque do clube, com 27 jogos disputados (25 como titular), sete gols marcados e quatro assistências.

Na Olimpíada, foi titular da Canarinho até a partida contra o Egito, nas quartas de final. Fez o gol da vitória brasileira contra os egípcios  e anotou outro tento na fase de grupos, contra a Arábia Saudita. Lesionado, porém, acabou de fora da semifinal, contra o México, e fez um tratamento intensivo para estar à disposição na grande decisão, contra a Espanha. Deu certo e o atacante, que começou o jogo como titular, garantiu o tento que inaugurou o marcador diante dos espanhóis, no final do primeiro tempo, quando venceu uma disputa pela bola dentro da área com tres marcadores espanhóis.