Corinthians e São Paulo começam a decidir nesta terça-feira, na Neo Química Arena, quem avança à final da Copa do Brasil. Desde 25 de maio de 1930, data do primeiro Majestoso da história, os rivais protagonizaram clássicos memoráveis em algumas das mais de 300 vezes em que se enfrentaram em quase 100 anos.

Em 356 partidas, o retrospecto do Majestoso aponta vantagem do Corinthians, que registra 132 vitórias do Corinthians contra 109 do São Paulo. Houve, ainda, 115 empates. O Estadão reuniu, abaixo, dez clássicos históricos, de diferentes épocas e com resultados distintos.

São Paulo 3 x 3 Corinthians, 24 de maio de 1942 – estreia de Leônidas da Silva

Anunciado via rádio em 1º de abril de 1942 ao custo de 200 contos de réis, Leônidas da Silva levou mais de 70 mil pessoas no Pacaembu para vê-lo fazer sua primeira partida pelo São Paulo. Homem mais famoso do País à época, o Diamante Negro passou em branco, mas deu a assistência para Lola abrir o placar no duelo que terminou empatado por 3 a 3. Foi no dia seguinte aquele jogo que nasceu a expressão Majestoso para apelidar o clássico pelo fato de que qualquer um dos dois times poderia ter vencido aquela confronto, disputado, segundo os jornais, com “galhardia”, “combatividade” e viradas no placar.

São Paulo 3 x 1 Corinthians, em 29 de dezembro de 1957 – título paulista são-paulino sob garrafadas

A história da decisão em que o São Paulo bateu o Corinthians por 3 a 1, envolve muita rivalidade, brigas, mas também grandes ídolos e belos gols. Amaury, Canhoteiro e Maurinho fizeram os gols que garantiram o título paulista ao time tricolor. Na comemoração do gol que selou a vitória, Maurinho deu um tapinha no queixo do goleiro Gilmar, apontou e disse: “Pega lá”. Foi a deixa para a maior confusão já vista no Pacaembu até a briga da Supercopa São Paulo de Juniores, de 1995, que resultou em mais de 100 feridos e na morte de um são-paulino.

O zagueiro Olavo chegou a agredir fisicamente o bandeirinha Lynch, mas não foi expulso. Os torcedores do Corinthians atiraram, pedras e principalmente garrafas em direção ao assistente britânico, o que forçou o árbitro Malcher a solicitar a troca dos auxiliares para que a partida tivesse reinício.

São Paulo 2 x 3 Corinthians, em 7 de março de 1976 – “Clássico dos Frangos”

No antigo Parque Antártica, casa do Palmeiras, aos olhos de mais de 30 mil torcedores, São Paulo e Corinthians fizeram um excelente clássico, repleto de oportunidades e gols inusitados. Ao todo foram no mínimo quatro frangos impressionantes, dois protagonizados pelo goleiro são-paulino Waldir Peres e dois de Tobias, arqueiro corintiano. Ao final, o Corinthians saiu vencedor do clássico e manteve os 100% de aproveitamento no início do Campeonato Paulista.

Corinthians 1 x 0 São Paulo, em 16 de dezembro de 1990 – primeiro título brasileiro do Corinthians

Com mais de 100 mil pagantes no Morumbi, o Corinthians, treinado por Nelsinho Baptista, cresceu no segundo tempo e chegou ao gol que definiu a vitória e ao título com Tupãzinho, concluindo jogada que começou com Neto. Do jeito que dava, se atirando na bola, o camisa 9 dividiu com o goleiro e zagueiro para conseguir empurrar ao fundo do gol. A metade preta e branca do Morumbi explodiu de alegria e emoção para comemorar o primeiro título Brasileirão da equipe alvinegra.

São Paulo 3 x 1 Corinthians, em 10 de maio de 1998 – volta de Raí com título estadual

Raí não precisou do que mais de um jogo para ser personagem central da final do Campeonato Paulista de 1998. Ele esperou seu contrato com o PSG terminar na primeira semana de maio e voltou ao Brasil. Apresentou-se ao São Paulo, fez apenas dois treinos com os companheiros, muitos que ainda eram garotos quando ele brilharam no começo da década, e convenceu o técnico Nelsinho Baptista de que tinha de ser escalado no segundo e decisivo duelo da final do Estadual.

Não mais vestindo a 10, mas sim a 23, Raí assumiu o lugar de Dodô no time e abriu o caminho para a vitória ao cabecear para o gol após ajeitada de França. Depois que Didi empatou, o meia reapareceu para dar a assistência para França recolocar o time tricolor em vantagem. França, no fim, fez mais um e definiu a vitória e a conquista são-paulina.

São Paulo 2 x 3 Corinthians, em 28 de novembro de 1999 – Dida pega dois pênaltis de Raí na semifinal do Campeonato Brasileiro

No primeiro jogo da semifinal do Brasileirão de 1999, Raí não foi o astro da noite. O estrelato estava reservado a Dida. O goleiro, sempre calmo e sereno, defendeu duas cobranças de pênalti do ídolo são-paulino e foi determinante para a vitória do Corinthians. No duelo de volta, a equipe alvinegra obteve novo triunfo, deste vez por 2 a 1, e avançou à decisão do torneio do qual se sagrou campeão depois de bater o Atlético Mineiro na final.

Corinthians 1 x 5 São Paulo, em 8 de maio de 2005 – goleada são-paulina, briga e invasão no Pacaembu

Em maio de 2005, o São Paulo aplicou uma goleada histórica sobre o Corinthians no Pacaembu: 5 a 1, em jogo válido pela terceira rodada do Brasileirão daquele ano. O resultado derrubou o técnico argentino Daniel Passarella e afundou o clube alvinegro em uma crise, enquanto embalou o time do Morumbi rumo ao título da Libertadores. Foi o placar mais expressivo da história do São Paulo sobre o Corinthians desde sua refundação, em 1935 – o extinto São Paulo da Floresta já havia conseguido uma goleada por 6 a 1, em 1933.

O clássico foi tão marcante que deixou lembranças em diversos jogadores que estiveram em campo. Houve relato de choro da mãe do então novato goleiro corintiano Tiago, uma “fuga” do atacante Gil, que deixou o Pacaembu em um taxi antes do fim da partida por medo da violência dos torcedores, que tentaram invadir o gramado.

São Paulo 2 x 1 Corinthians, em 27 de março de 2011 – centésimo gol de Rogério Ceni

Na Arena Barueri, portanto fora do palco ideal, o Morumbi, Rogério Ceni marcou seu centésimo gol pelo São Paulo. O local não era o mais ideal para o goleiro e para os torcedores, mas o fato de ter sido em cima de um rival deixou o feito ainda mais grandioso.

Aos oito do segundo tempo, o time tricolor descolou uma falta na entrada da área. o goleiro artilheiro foi para a cobrança e, com precisão, jogou no ângulo direito de Júlio Cesar, transformando o clássico em um momento apoteótico para ele e para os são-paulinos, principalmente os que estavam atrás do gol e viram de perto o ídolo alcançar um feito histórico.

“Meu nome será lembrado para sempre. Mas o mais importante do clube? Isso é uma coisa que o tempo vai dizer. Cada década surge novos ídolos que vão fazer sua história. Mas tenho certeza de que as pessoas vão sempre se lembrar do atleta, do nome Rogério Ceni. O São Paulo é minha vida e espero fazer parte da vida de muitos torcedores são-paulinos”, disse Ceni, à época, sem prever que, depois que se aposentasse, seria duas vezes técnico do clube do qual foi ídolo como goleiro.

Corinthians 2 x 0 São Paulo, em 18 de fevereiro de 2015 – primeiro Majestoso da história da Libertadores

No primeiro clássico Majestoso da história da Libertadores, o Corinthians levou a melhor sobre o São Paulo e venceu por 2 a 0 no Itaquerão, gols de Elias e Jadson. Com o triunfo, o time alvinegro largou na frente do Grupo 2 e manteve o ótimo retrospecto em casa. No fechamento da fase de grupos, os dois se reencontraram e, desta vez, o São Paulo levou a melhor, com triunfo pelo mesmo placar. Ambos se classificaram ao mata-mata da competição continental, que teve o River Plate como campeão naquele ano.

Corinthians 6 x 1 São Paulo, em 22 de novembro de 2015 – reservas corintianos erguem a taça com show em cima do rival

A festa para erguer a taça do título brasileiro de 2015 conquistado de forma antecipada virou baile em cima do São Paulo. Mesmo com um time cheio de reservas, o Corinthians humilhou o rival e goleou por 6 a 1, pela 36.ª rodada. Foi a maior vitória da equipe na história do clássico – nunca havia feito seis gols em cima da equipe tricolor.

Foi um show alvinegro. A equipe liquidou a partida antes do intervalo. Com apenas 30 minutos, a torcida já gritava “olé” a cada toque na bola. No segundo tempo, os gritos foram de “nosso freguês voltou”. Envergonhados, os torcedores do São Paulo pediram para a Polícia Militar liberar a saída do estádio no início do segundo tempo. Como a autorização da PM só saiu aos 35 minutos, foram obrigados a assistir ao massacre da equipe.