O zagueiro Thiago Dombroski (Crédito: Robson Mafra)

Três do quatro curitibanos dos elencos de Athletico Paranaense e Coritiba surgiram em escolas de futebol da cidade. Bento deu os primeiros passos em uma das franquias da Escola Furacão. Thiago Dombroski e Ruan Assis começaram no Centro de Formação Tostão.

E as escolas de futebol parecem ser a nova tendência nas grandes cidades. Para Raphael Biazzetto, especialista no assunto, essa não é uma coincidência. “A escola de futebol tem sua importância há muitos anos. É uma tendência nas grandes cidades, que cada vez têm menos espaço para o esporte e enfrentam questões de segurança e do trânsito”, conta o profissional, que trabalhou por dez anos na área de escolas e de formação de atletas no Athletico Paranaense. “As escolas são braço fundamental na formação para o clube, mas ainda alguns não percebem muito isso”, destaca Biazzetto.

Raphael Biazzetto (Crédito: Divulgação/NB Futebol)

Depois de dez anos no Athletico, Raphael Biazzetto fundou a rede NB, em homenagem ao avô dele, o lendário Nilo Biazzetto, o Capitão Furacão, zagueiro campeão de 1943, 45 e 49 pelo Athletico. Formado em Educação Física pela UFPR e com 20 anos de experiência na formação de atletas, Raphael conta que a NB já acumula desde a fundação um total de 1.000 alunos em suas unidades (são seis sedes em Curitiba e duas franquias do Interior do Paraná) e explica o diferencial da rede de escolas. “O foco é no futsal, que forma os principais craques da história do futebol (de campo) brasileiro”, conta. “Mas não focamos só no futsal, mas no campo reduzido, naquele espaço para a criança raciocinar rápido. O método de ensino desenvolvido por nós é para que a criança tenha inúmeras experiências, com o sintético, o futsal, a grama e a areia. E sempre desenvolvendo para as competições”, explica. E a metodologia vem dando resultado. Segundo Raphael Biazzetto, já são mais 50 alunos da NB que chegaram a clubes profissionais.

Sede da NB Futebol (Crédito: Divulgação/NB Futebol)

Bento era zagueiro, Dombroski queria ser ponta e Ruan começou na lateral

A jornada da escola de futebol até o esporte profissional é longa. Começa na infância cheia de sonhos e passa para um novo estágio quando o primeiro contrato é assinado. Nesse período, o jogador passa por transformações.

Uma delas é a posição em campo. A criança normalmente chega na escola com o sonho de atuar em uma função, mas acaba se destacando em outra. São os casos de Bento, do Athletico Paranaense, e da dupla Thiago Dombroski e Ruan Assis.

Bento chegou para a Escola Furacão na categoria sub-13. Gustavo Brasil, coordenador da escola naquela época, conta que o atual goleiro do Athletico Paranaense chegou como zagueiro, mas acabou não se destacando. Só conseguiu progredir quando passou a jogar de goleiro. “Sempre foi um menino bacana. E com estatura não muito alta no início da adolescência. E o pai sempre incentivando. O Bento sempre foi bacana, bom, um menino simples, bom de trabalhar. E está aí. O segredo do sucesso dele é esse aí”, declarou Gustavo.

Ruan Assis (Crédito: Geraldo Bubniak)

Já Thiago Dombroski, hoje zagueiro e com 21 anos, chegou aos 10 anos para o Centro de Formação Tostão, escola fundada pelo ex-camisa 10 do Coritiba. “Magro e rápido, ele sempre teve intensidade. E como todo garoto que chega aqui, ele queria ser atacante, ser ponta-esquerda. Aí em um Metropolitano contra o Coritiba, colocamos ele na lateral-esquerda. Explicamos que ele tem perfil. E ele foi o melhor da partida. Eu e o Tostão enxergávamos potencial naquela posição”, conta Mário Sérgio Barbosa, o Feijão, professor da escola de futebol e que jogou de 1987 a 1989 na lateral do Coritiba. “Em seguida, ele teve oportunidade de ir para o Athletico, mas eu falei para o pai dele, que é meu amigo: ‘o melhor é o Coritiba’”, releva Feijão, que prevê um grande futuro para Dombroski como zagueiro.

O professor Feijão, ex-jogador do Coritiba, comanda treino na Escola FT10, antigo Centro de Formação Tostão (Crédito: Acervo pessoal/Mário Sérgio Barbosa)

Ruan Assis, hoje com 19 anos, também chegou com 10 anos no Centro de Formação Tostão, que agora virou Escola FT10. “Ele chegou com perfil de lateral-direito”, diz. Com o tempo, o jogador se destacou pela habilidade e começou a se destacar no apoio. “Ele queria jogar na frente e foi indo pra frente. E começou a resolve algumas partidas”, explica. Com o tempo, Ruan virou ponta e chegou para as categorias de base do Coritiba já no sub-13.