Luciano Simm
Luciano Simm (Crédito: Cassiano Rosário)

Luciano Simm, 52 anos, participou da Era de Ouro do Paraná Clube. Formado nas categorias de base do Colorado, o zagueiro esteve nos primeiros jogos e conquistas do clube tricolor fundado em dezembro de 1989. Atuou ao lado de jogadores lendários e foi comandado por técnicos históricos, como Rubens Minelli.

Depois da carreira como jogador, Luciano Simm se dedicou à carreira de treinador e hoje trabalha com a garotada, dando aulas nas escolas Coxa do Fanny e do Uberaba.

Em entrevista ao Bem Paraná, o ex-jogador contou como foi sua jornada no futebol.

Bem Paraná — Como foi o início no futebol?
Luciano Simm
— Em 1984, alguns amigos de sala de aula jogavam na base do Colorado e me convidaram, falavam q uetinha muitas condições de ser aprovado. Fui aprovado pelo professor Silvino e professor Orlandinho. Na base, as coisas aconteceram muito rápido. Nem disputei o sub-15 (infantil na época) e já fui chamado pro sub-17 (juvenil na época) pelo professor Paulo Vecchio. Joguei no sub-20 (juniores) pelo Colorado com o professor Paulo Roberto antes da fusão com Pinheiros. Já no Paraná Clube, nosso sub-20 ganhou tudo com o técnico e meu amigo Ari Marques, quando conquistamos o primeiro título da história do Paraná Clube em 1990. E foram vários em sequência. Em 1991, fiz minha estreia no profissional contra Grêmio de Maringá e ganhamos de 5 a 0 com técnico Rubens Minelli.

BP — Quem eram suas principais referências no início da carreira?
Luciano
— No profissional, tive algumas referências. Sempre zagueiros, começando em casa com meu pai, que foi um ótimo zagueiro. Do Colorado, o Caxias. Do Paraná, eu admirava muito o falecido Vágner Bacharel. E tive o privilégio de jogar com os melhores: Servilho, Marcão, Gralak, Castro, Ageu, Edinho Baiano e Vica.

BP — Como foi a transição para o profissional?
Luciano
— Foi muito tranquila. Eu era o capitão do time de juniores e já estava pronto para atuar no profissional, até porque era um time muito acertado, todos os que subiam tinham todas as condições para jogar.

BP — Quais os melhores momentos no Paraná Clube?
Luciano
— O título de 96, quando participei do Paranaense, e o título do Brasileiro (Série B) de 1992. E a primeira excursão pra fora do país que o Paraná Clube fez pra Costa Rica, em 1994, quando a gente iniciou lá em cima, em Miami, e veio descendo por Nicarágua, Venezuela… Na época tinha que fazer todos esses processos aí e o Exterior não era uma coisa tão simples. Só alguns clubes que excursionavam.

BP – Depois de carreira como zagueiro, como virou treinador?
Luciano
— Antes de virar técnico, comecei com um grupo de ‘missionários da bola’ como éramos chamados nos Estados Unidos, dando aulas e jogando. Um dia, depois de dez anos sem pisar num campo pra ver um jogo de futebol, fui convidado pra fazer parte da base. Participei de várias funções até chegar a técnico do sub-20, E foram três títulos em sequência. E foram os últimos títulos do Paraná Clube 2015 (Paranaense Sub-20), 2016 (Paranaense Sub-17) e 2017 (Paranaense Sub-20). E várias participações em Copa São Paulo e Taça BH. E fui técnico da seleção paranaense Sub-20 em 2017. Fiz alguns jogos no profissional do Paraná como auxiliar, até sair em 2019 para dirigir o Sãojoseense no profissional.

BP – Como está essa nova fase da sua carreira, como professor de escolas de futebol?
Luciano
– Hoje neste novo desafio é o que eu mais gosto. Sou sócio de uma franquia do Coritiba, no campo do Vila Fanny, um lugar que aprendi a gostar. Muito feliz em poder ensinar jovens de 5 a 15 anos.

BP – E você também jogou na Suburbana de Curitiba?
Luciano
– Quando voltei do Exterior, fui convidado por Urano. Daí joguei no Vila de São José e Milan de São José. A melhor época no amador foi com títulos no Urano. Acho que foram quatro ou cinco títulos, com Taça Paraná e Kaiser Brasil. Era um time fantástico, com grandes jogadores, diretoria muito legal de trabalhar e comissão técnica com Ari Marques. E no ano seguinte, já como treinador, eu jogava outra liga, daí a Liga de Campo Largo, pra não conflitar. Depois, no ano seguinte, voltei pra Suburbana e joguei no Iguaçu (Santa Felicidade), onde também conquistamos o título, depois de 22 anos. No Iguaçu, também é um lugar com grandes lembranças, grandes amigos, torcida, diretoria e time muito bom. Lugar muito legal pra você levar a família.

BP – Como foi a preparação para virar técnico?
Luciano
— Fui convidado por um por um empresário aqui em Curitiba pra dirigir o Iguaçu de União da Vitória. Confesso que eu não sabia quase nada. Eu tinha noção de campo e de vestiário, mas não sabia nada, não sabia preparar um treino. Nessas situações que o jogador confunde, né? ‘Ah, pô, joguei tanto tempo, vou ser treinador’. E não é bem assim, né. No Iguaçu, em União da Vitória, dei muita sorte de encontrar um um grupo excepcional lá de jogadores. Tive a oportunidade de ajudar e eles me ajudaram muito também. Conseguimos acesso pra primeira divisão do Paranaense naquele ano, em 2010.

BP — E como você vem trabalhando com os mais jovens? Hoje os métodos de treinamento são bem diferentes dos anos 80 e 90, quando você começou.
Luciano
— Está sendo muito legal. Treinar os meninos menores pra mim é o carro chefe da minha vida. Gosto muito de ensinar. Hoje mudou muito o treinamento, com muita tática e modelo de jogo. Mas eu não abro mão da técnica. Acredito que os meninos estão chegando com deficiência nas técnicas de cabeceio, de passe e de drible. Eles chegam com uma noção muito grande de tática, de sistema de jogo, de tudo, mas o principal nas categorias menores é treinar a parte técnica. Em certa idade deixar eles mesmo se divertirem com futebol. E depois sim você dar informação de como jogar e tal. Não deixo a tática sobressair a técnica. Então os meninos que vem comigo quando chegam lá em cima eles já chegam sabendo passar, cabecear, todos os tipos de de dribles.