Luizão Goulart (Solidariedade) foi prefeito de Pinhais (região metropolitana de Curitiba) por dois mandatos, entre 2008 e 2016. Nas eleições de 2012, foi reeleito com 62.802 votos, equivalente à 94% dos votos válidos, considerado o prefeito com maior votação proporcional do Brasil.


Em 2022, apesar de ter recebido mais de 90 mil votos, não conseguiu se reeleger deputado federal por causa da legenda. Mesmo assim, pretende agora alçar um vôo mais alto, como pré-candidato a prefeito da Capital. Para isso, propõe implantar em Curitiba programas que deram certo na cidade vizinha, em áreas como segurança pública, combate a enchentes e ações sociais.


Luizão deixou o PT em 2017 após 30 anos no partido. Migrou inicialmente para o Republicanos e hoje está no Solidariedade. Em entrevista exclusiva ao Bem Paraná, ele explica porque considera que não há uma integração de fato entre Curitiba e os municípios da região metropolitana, diz que as gestões da Capital pararam no tempo, e dispara contra o modelo de transporte coletivo: “A última licitação foi uma marmelada”.


A conversa com o ex-prefeito e ex-deputado Luizão Goulart foi gravada no Estúdio do Bem Paraná e integra uma série de entrevistas especiais do jornal com os pré-candidatos a prefeito de Curitiba. Ela pode ser assistida também na íntegra no site Bem Paraná, bem como nas principais plataformas de podcasts, como Spotify, Amazon Music e Google Podcast, e também em vídeo, no You Tube.


Bem Paraná – O senhor é pré-candidato à prefeitura de Curitiba para 2024?
Luizão Goulart –
Sim, sou candidato pré-candidato à prefeitura de Curitiba para sucessão do prefeito Rafael Greca. Tenho me preparado para isso. Já era para ter sido candidato na eleição passada, mas aí, por um esforço do governador (Ratinho Jr) para reeleição do prefeito, ele pediu para alguns candidatos retirarem a candidatura. Foi o caso. Ele pediu para que eu recuasse e não disputasse naquele momento e atendendo a um apelo do governador, que é o nosso líder maior aí no Estado, eu, naquele momento recuei. Mas agora tenho me preparado para poder discutir Curitiba. Para poder a gente apresentar as nossas propostas para fazer uma Curitiba diferente, nos moldes que a gente fez no município de Pinhais quando fui prefeito.


BP – Tanto o governador Ratinho Jr quanto o prefeito Greca já anunciaram publicamente o apoio à pré-candidatura do vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD). Isso não prejudica as suas pretensões?
Luizão
– Nós temos vários candidatos que são da mesma base do governador Ratinho Júnior. Evidente que uma declaração para um determinado candidato causa um certo desequilíbrio na disputa, mas isso não significa que nós vamos ter uma eleição já por decreto ou por nomeação. Nós temos aí uma disputa, um ano ainda para as próximas eleições. Eu acredito que nesse período os candidatos terão a oportunidade de apresentar suas propostas, seu plano de governo e o que se pretende fazer por Curitiba. De minha parte, eu pretendo é fazer o contraponto. Na capital, pretendo mostrar a minha forma. O modelo de gestão que eu implantei no município de Pinhais. O município que estava bastante abandonado quando eu assumi a prefeitura, uma série de problemas em todas as áreas e nós fomos dando soluções. Muitos dos problemas que nós resolvemos no município de Pinhais Curitiba ainda padece de solução.


BP – Assim como 2020, o grupo do governador tem sinalizado que pretende ter um candidato único, que seria o Pimentel. Isso pode levar o senhor a retirar sua pré-candidatura novamente?
Luizão –
Dessa vez, não. Não vou retirar minha candidatura porque eu já fiz isso uma vez. E outra, se eu tivesse sido eleito deputado federal, o que não aconteceu, embora eu tenha feito 96 mil votos por conta de legenda e eu não, não entrei como deputado federal, eu estaria dedicando o meu tempo, o meu esforço ao mandato de deputado federal, contribuindo aqui não só com Curitiba, mas com os municípios da região metropolitana e do Paraná como eu fiz no primeiro mandato. Mas hoje eu não tenho mandato e sou presidente estadual de um partido. Do Solidariedade. E o partido a nível nacional definiu Uma de suas estratégias é que tenha a disputa nas principais cidades onde o partido está formado e é o caso aqui da capital de Curitiba. Já assumi esse compromisso com a direção nacional de participar dessa disputa aqui. Então a minha pré-candidatura e na sequência será uma candidatura é pra ir até o final. Nós temos uma eleição de dois turnos, então é evidente que o meu primeiro primeiro objetivo é chegar ao segundo turno.

BP – Além da legenda, o senhor teria atribuído a sua não reeleição para a Câmara. Mais algum fator ou foi só essa questão da legenda mesmo?
Luizão –
Eu acredito que o fator principal tenha sido a legenda, porque com essa quantidade de votos, 96 mil, eu fiz os cálculos e eu me reelegeria em qualquer partido. Menos no Solidariedade que não conseguiu alcançar a legenda mínima. Então, esse acredito foi o principal fator, porque durante os quatro anos de mandato como deputado federal procurei fazer o meu melhor, tanto contribuindo lá em Brasília com projetos. Nas diversas áreas na área de educação, agricultura, infraestrutura urbana. A comissão que eu participei também de desenvolvimento urbano e procurei trazer para os municípios apoio nas principais áreas, auxiliando os prefeitos. Com a experiência que eu tinha, já de que eu tinha sido prefeito, podia apoiar os prefeitos para solucionar os principais problemas das suas cidades. Então acredito que o trabalho foi feito. Uma votação expressiva e o principal fator realmente foi a legenda.



‘Eleição municipal é voltada mais para os problemas locais’

Bem Paraná – O senhor disse que como prefeito de Pinhais conseguiu resolver problemas que Curitiba até hoje não resolveu. Que problemas seriam esses?
Luizão Goulart –
Um dos principais problemas de Pinhais era a questão da segurança pública. Pinhais era um dos municípios mais violentos do Paraná. Nós fizemos um planejamento nessa área, tanto de prevenção quanto de repressão. Na prevenção trabalhamos principalmente nas escolas. Criamos escolas em tempo integral para dar oportunidade às crianças que tinham situação de maior vulnerabilidade, de poder ficar o dia todo na escola. Nós selecionamos essas crianças e o poder público cuidou delas o dia todo. Alimentação adequada com reforço escolar. Com isso também, nós ampliamos muito o nosso índice do Ideb. Subimos o nosso Ideb bastante, tanto é quanto eu assumi a prefeitura, o nosso Ideb da criançada era 5,2.E ao final de 8 anos de mandato, nós fomos para 6,71, um dos maiores aqui do Paraná e até do Brasil. Dando oportunidade para os adolescentes, criamos um centro de da Juventude, oportunidade para os jovens de capacitação de preparação para o mercado de trabalho. Na repressão criamos uma guarda municipal com monitoramento da cidade, trabalhando integrado com a Polícia Civil, militar, com o Poder Judiciário. Nós fomos reduzindo drasticamente a violência no município, então esse foi um fator, a questão da segurança pública na área de infraestrutura. Nós fizemos também um planejamento para dar mais qualidade de vida para a população. Nós pavimentamos praticamente a cidade inteira. Com pavimento de qualidade, com drenagem. Pinhais é um dos municípios mais baixos aqui. Tanto é que as águas de Piraquara, Quatro Barras, Colombo e Curitiba, boa parte desce pra Pinhais porque ali que é o Marco Zero do Rio Iguaçu. Nós tínhamos muitos problemas de alagamentos em Pinhais. Essa é uma questão que nós encaramos também com muito planejamento, com estudo. E hoje nós praticamente resolvemos o problema de alagamentos em Pinhais. Tanto que quando a chuva é forte nós temos mais tranquilidade para nossa população de Pinhais, Porque as pessoas há uns 15 anos atrás viviam desesperados. Eles não sabiam se iam chegar em casa, poder entrar sem a casa estar totalmente alagada. Nós fizemos um trabalho de realocação das famílias das margens dos rios, onde era uma situação mais insalubre e irregular. Realocamos em torno de 800 famílias. Criamos um bairro para essas famílias. Fomos fazendo um trabalho de dragagem dos rios, barreiras de contenção e parque lineares, onde era depósito de lixo nas margens dos rios. Hoje é parque linear, onde as pessoas podem fazer atividade física, atividade de lazer.

BP – O senhor foi filiado ao PT por 30 anos mas deixou a legenda em 2017. Por quê?
Luizão –
Eu me filiei ao partido na década de 80, no momento que o PT apresentava uma perspectiva de transformação da sociedade. E eu não tinha porque mudar de partido naquele momento. Fui vereador, fui prefeito, fui deputado estadual pelo partido. Mas mesmo sendo do partido, sempre fiz para prefeito uma coligação muito grande. Na minha primeira eleição eu fiz uma coligação com 14 partidos na reeleição. Nós obtivemos em Pinhais a maior votação proporcional do Brasil. Aí eu fiz uma coligação com 21 partidos, então eu sempre fui muito do diálogo, do bom senso, de convivência com as demais forças políticas. A partir de 2016, no final do meu mandato de prefeito, busquei uma outra perspectiva de partido a nível de estado e me filiei ao republicanos. Na época, o PRB, o Republicanos depois, durante o mandato do de deputado federal, eu tive problemas com a direção estadual aqui do Republicanos, não lá em Brasília, com a linha aqui estava acontecendo. Eu então assumi a presidência estadual do Solidariedade.


BP – O Republicanos foi da base do governo Bolsonaro, inclusive, é considerado uma sigla totalmente oposta ao PT em termos ideológicos. É uma sigla muito mais conservadora. Não foi uma mudança muito drástica?
Luizão
– Por esse lado do republicanos hoje, talvez. Mas lembrando que o PRB sempre foi um aliado do PT. Tanto é que, na primeira eleição do presidente Lula, o vice-presidente José Alencar era do PRB. Então o hoje atual Republicanos sempre foi um aliado aqui no Paraná, no Paraná. Sempre fez coligação com o PT. Era um partido que nós tínhamos uma convivência. Por isso, da aproximação na época. Depois, claro, os partidos criaram uma certa distância no período do Bolsonaro. Mas se formos ver agora, temos um ministro do Republicanos que é o Silvio (Costa Filho). Então já temos uma nova aproximação.

BP – E atualmente, o senhor está no Solidariedade que apoiou a eleição do Lula já no primeiro turno. O senhor se considera da base do governo Lula?
Luizão –
Eu não estou em Brasília para me considerar a base do governo. Nós tivemos uma dificuldade interna no Solidariedade. Porque nós sabemos que aqui no Paraná, no sul, principalmente o Bolsonaro era muito forte. Nós insistimos para nossa direção nacional não fazer essa Aliança tão precipitadamente no primeiro turno, mas infelizmente acabou acontecendo e isso também repercutiu na nossa eleição aqui no Paraná, uma vez que as pessoas vinham, “olha já tá aliado ao Lula e tal”. Eu tenho uma boa relação com o governo do presidente Lula. Aliás, quando fui prefeito reconheço quantos benefícios pude trazer para Pinhais. Creche escola, posto de saúde, UPA, infraestrutura urbana na gestão do Lula e da Dilma. Não posso negar que foi um governo muito bom naquele período, quando eu estive em Brasília como deputado federal. As pautas importantes para o Brasil eu votei com o governo sem nenhuma dificuldade. Mas na eleição aqui nós não nos posicionamos em relação a Lula ou Bolsonaro, até porque era questão de briga, de família. Chegamos a um ponto de radicalismo, infelizmente. Eu sempre pautei o meu trabalho em cima de propostas e de resultado daquilo que eu já havia produzido em termos de trabalho.

BP – Nas últimas duas eleições gerais, 2018 e 2022, houve uma intensa polarização entre a direita representada pelo Bolsonaro e a esquerda pelo PT e o Lula. As lideranças de centro acabaram perdendo espaço. Como o senhor vê essa situação e qual a influência que o senhor acha que ela vai ter na eleição do ano que vem?
Luizão –
Eu acredito que nas eleições gerais para presidente da República, governador, senador, deputado federal estadual a polarização é muito mais acentuada. Quando se trata de eleição municipal as atenções se voltam muito mais para os problemas locais, para as soluções. O que os candidatos terão para mostrar. Primeiro quem já tem para mostrar experiência. O que que já fez. O que já apresentou de resultados e segundo de proposta para soluções. Propostas para os problemas concretos aí das cidades. Acredito que, diferente do que foi a última eleição, a do ano que vem vai ser mais pautada em cima dos problemas locais. Não que questão nacional vai ficar totalmente fora, mas Acredito que os partidos mais de centro vão depender muito da qualidade dos candidatos. Do conteúdo para poder convencer a população de quem vai ser a melhor solução para a cidade.

BP – A gente tem impressão de que o eleitor rejeitou um pouco essa essas lideranças que tem uma posição mais de centro. Parece que o eleitor quer ou se posicione como bolsonarista ou como lulista e PT. O senhor acha que isso vai continuar ou essa situação tende a refluir e o eleitor começa a olhar mais para o centro?
Luizão –
Acho que essa situação ainda vai persistir. É da cultura do povo brasileiro um pouco esse Atletiba, esse Fla Flu. Então essa disputa de quem está desse lado ou quem está daquele outro lado ainda vai prevalecer bastante. Mas como nós vamos ter muitas questões locais, muitos problemas concretos para serem resolvidos essa questão ideológica vai ficar, a meu ver, em segundo plano. Mas a polarização vai continuar existindo.


‘Última licitação do transporte foi uma marmelada’

Bem Paraná – Uma das questões mais importantes que o próximo prefeito de Curitiba vai ter que resolver é a nova licitação do transporte coletivo. E o grande problema é como conciliar a necessidade de sustentabilidade financeira do sistema com tarifas compatíveis com o poder aquisitivo da população. Qual que seria a ideia do senhor nesse sentido?
Luizão –
O que eu vejo de maior problema hoje em Curitiba é a falta de transparência, a falta de dados confiáveis sobre o transporte coletivo. O nosso sistema de transporte vai completar 50 anos. Foi implantado em na década de 70 e na época foi uma inovação quee persistiu por alguns anos. Mas de lá para cá, cá entre nós, não tivemos muitas novidades. Nós continuamos nas mesmas canaletas, embora alargadas, as estações mudaram de formato, estação tubo, o tipo de veículo que era veículo simples passou a ser articulado, depois biarticulado. O combustível Biodiesel agora tem teste ônibus elétrico, mas o sistema como um todo ele permaneceu o mesmo. E o que eu vejo? A última licitação que teve aqui em Curitiba, para mim foi uma marmelada. Porque não mudou muita coisa. A gente ficou na busca de informações, de dados para saber se essa conta está certa, se essa conta está errada. Enfim, eu acho que o próximo prefeito vai ter uma responsabilidade muito grande de dizer se vai continuar esse sistema sem muita informação. Esse sistema que não se inova muito em termos de transporte. Curitiba nos últimos 50 anos foi importante. É um bom sistema ainda, mas eu acho que nós precisamos dar um passo além. Nós precisamos criar algo novo e diferente. Mas, principalmente, fazer uma licitação mais transparente, que traga benefício para o usuário, que é o que mais interessa.

BP – E essa questão da tarifa zero, o senhor acha que é viável?
Luizão –
Eu acho que não. Não dá para ser leviano de falar que de uma hora para outra vamos implantar tarifa zero em Curitiba. Eu acredito que a gente possa é otimizar melhor o sistema para ter uma tarifa justa que não pese tanto no bolso do trabalhador e, principalmente, que seja um transporte que as pessoas optam mais pelo transporte coletivo do que para o Uber ou por uma moto, ou por um outro meio de locomoção. O transporte ele tem que ser atrativo e ter uma tarifa que não pese muito no bolso do trabalhador. Vejo que é possível a gente aprofundar esse estudo, encontrar um bom caminho. Agora, o que eu acho que que nem deveria ter acabado, por exemplo, é a domingueira. Acho que Curitiba não se justifica você não ter uma tarifa gratuita aos domingos. Nós estaríamos beneficiando a população mais pobre. Quem tem um poder aquisitivo razoável não anda de ônibus, muito menos ao domingo. Vai passear de carro. A domingueira não se justifica ou você não ter uma tarifa gratuita aos domingos, para permitir que a população que trabalha a semana inteira poder passar com a família. Conhecer os lugares de Curitiba. Muita gente não tem essa oportunidade, mora em na nossa capital há 20, 30 anos e às vezes não conhece, por exemplo, um Jardim Botânico ou um Parque Tingui, um Parque Tanguá, um Passeio Público.


‘Curitiba é administrada de costas para a região metropolitana’


Bem Paraná – Em 2013, nós entrevistamos o arquiteto Manoel Coelho, que foi parceiro do Jaime lerner e ele disse na época que achava que a Curitiba estava estagnada há uns 10 anos em termos de planejamento urbano, porque os prefeitos não faziam mais planejamento a longo prazo, mas sim pensando na próxima eleição. O senhor concorda?
Luizão –
Concordo plenamente. Porque se a gente for observar as principais novidades que existem em Curitiba, vamos nos reportar a quem? A Jaime lerner. Se você pegar os o que eu já acabei de falar agora, o próprio sistema de transporte coletivo. Se você pegar o Jardim Botânico, os principais parques da cidade, nós vamos ver que essa novidade é antiga, é do tempo do Jaime lerner. Na questão do da reciclagem do lixo. E outra coisa que eu vejo é o seguinte, uma coisa é infraestrutura urbana. As condições para as pessoas viverem bem. A outra é se preocupar com o ser humano, a qualidade da educação. A questão dos idosos, por exemplo. No último censo mostrou que nós temos aí 15% da população brasileira são idosos. Há 10 anos atrás eram 11%. Tivemos um crescimento de 40%. 15% em Curitiba, a população de 1,8 milhão de habitantes, nós temos aí 270 mil idosos em Curitiba. É mais do que uma população de Colombo. É quase a população de São José dos Pinhais. A projeção para 2.040 que está logo ali, daqui a 17 anos é que nós teremos 25% da população idosa. Isso significa que em Curitiba teremos 450 mil idosos. Quais os programas? E eu não digo paliativo a curto prazo, para ganhar eleição. Eu digo de planejamento para essa população. Hoje nós já temos mais idosos do que crianças até 9 anos. É uma população que não tem muita perspectiva em termos de moradia, lazer, saúde, oportunidades. Então, o ser humano tem que ser pensado, diferente. Uma coisa é a estrutura da cidade. É o transporte, são as vias, os parques. Outra questão de saúde, educação, segurança pública, atenção, oportunidades para os jovens. Essas questões têm que ser olhadas, não com paliativos, mas a longo prazo.

BP – Muito se fala sobre integração da região metropolitana. O senhor acha que essa integração é efetiva no nível que seria necessário.
Luizão –
De jeito nenhum. Eu fui prefeito de Pinhais durante 8 anos e no meu segundo mandato, fui presidente da associação dos municípios da região metropolitana. Nós temos 28 municípios da região metropolitana. Mais Curitiba, 29. Acho que avançamos na questão da saúde, do consórcio do lixo, que é importante. Mas eu acho que continuo com a mesma visão que Curitiba. Normalmente é administrada de costas para a região metropolitana. Nunca houve uma integração de fato verdadeira na questão de enfrentar os problemas de forma comum. A própria questão do lixo, por exemplo, temos uma grande oportunidade, um consórcio aí de 23 municípios. Cada pessoa produz em torno de 1 kg de lixo por dia. Veja a dimensão disso, Curitiba contribui com 70% desse lixo e nós estamos enterrando o lixo na Fazenda Rio Grande. Reciclamos menos 10% na média. O lixo de toda essas cidades aqui da região. Precisamos de projetos a que levem a sério essas questões. A integração tem que ser prática, efetiva. Levando em consideração que quando você soluciona o problema de um município como Mandirituba, Fazenda Rio Grande, Campo Magro, Campo Largo, você não está trazendo esse problema para a capital. Não é só no transporte coletivo, mas na questão da segurança pública. Um trabalho maior de integração na questão de infraestrutura. Nós estamos aqui com uma ligação com Pinhais. Obra de infraestrutura. Uma maior dificuldade de discutir com Curitiba é essa questão da integração com o Ippuc. Aliás, o escritório Jaime lerner planejou um bairro em Pinhais no antigo autódromo e nós precisamos de uma ligação importante com Curitiba que é um viaduto que o governo do estado vai fazer. Em contrapartida, fez todos os projetos. O governo do estado vai fazer a obra, mas pense na dificuldade. Se é com Pinhais, provavelmente é também com os outros municípios a dificuldade de entender que tem que haver uma integração cada vez maior. Parece que se coloca uma dificuldade maior da integração. O que eu acompanhei nessa discussão que começou lá no meu mandato, passou pelo mandato da prefeita Marli Paulino e agora da Rosa Maria. É essa dificuldade de se conversar, se integrar. Inclusive no lugar que vai ser o viaduto tem uma ocupação irregular hoje e que Curitiba não mexeu uma palha para poder resolver o problema, pra impedir que acontecesse. E agora nós temos um problema maior para resolver,. A obra já tem o projeto, os recursos, está em fase de licitação, mas Curitiba dificultou o planejamento da integração. Dificultou e agora nós temos mais um problema ali que tentaram invadir Pinhais, mas nós sabemos que esse essa não é a melhor forma de se resolver um problema.