As estatísticas disponíveis revelam que, tradicionalmente, a economia brasileira tem apresentado evolução dos indicadores de produtividade bastante abaixo da média ostentada pelas nações avançadas e emergentes, o que representa enorme desvantagem competitiva em um mundo cada vez globalizado nas órbitas comercial, produtiva e financeira.
Não bastasse esse constrangimento comparativo, o sistema produtivo do País vem expressando movimentos bastante díspares de seus patamares de eficiência, desde o final da segunda guerra mundial, atingindo o ápice na década de 1970 – palco do Milagre Econômico e dos megainvestimentos em insumos básicos e bens de capital acoplados ao II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) – quando cresceu 2,1% a.a., e o piso no transcorrer dos anos 1980, rotulados como perdidos, evoluindo apenas 0,4% a.a.
Os incrementos mais intensos de produtividade das economias maduras da América do Norte e Europa aconteceram nas duas décadas seguintes ao fim da II Guerra Mundial. Na Ásia, o auge da produtividade deu-se no decênio dos 1960, no Japão (quase 6,0% a.a.), nos anos 1980, na Coréia (3,0% a.a.), e, na década de 1990, na China (4,7% a.a.).
Para piorar, investigação anual feita pelo International Institute for Management Development (IMD), demonstra que o Brasil figura, em 2012, em 46º lugar em um ranking de competitividade preparado a partir de uma amostra de 59 nações, caindo duas e seis posições em relação a 2011 (44º) e 2010 (38º), respectivamente, sendo o 52º em ambiente de negócios e o 54º em educação.
Essa descida na classificação mundial decorre das conhecidas fragilidades provocadas por câmbio apreciado, carga tributária elevada, gargalos infraestruturais, insuficientes investimentos em ciência e tecnologia, dentre outras. As melhores performances competitivas ficam por conta de Hong Kong, Estados Unidos, Suíça, Cingapura, Suécia, Canadá, Taiwan, Noruega e Alemanha.   
Considerando as lições da experiência internacional, parece razoável supor que a competitividade só pode ser alavancada com a perseguição de obtenção de um mix entre menor peso dos salários nos custos totais de produção e incorporação de ganhos de produtividade com inovação ou câmbio desvalorizado. Isso conduz a interpretação de que o Brasil ainda teria um longo trajeto a percorrer para alcançar o ápice da terceira revolução industrial e livrar-se da maldição imposta pelas doenças da commoditização da pauta exportadora e da desindustrialização.
Levantamento recente preparado pelo INSEAD (The Business School for the World), em parceria com a Organização Internacional de Propriedade Intelectual, mostrou o Brasil em 58º e 127º lugar no mundo em inovação e clima de negócios, respectivamente.
Há também que priorizar a busca de proveitos com a janela demográfica, configurada na vantagem de a população economicamente ativa ainda superar a de dependentes (idosos e crianças).
Nessa perspectiva, partindo do pressuposto de que a combinação entre redução da mortalidade infantil, queda das taxas de natalidade, provocada pela diminuição da fecundidade, e  elevação da expectativa de vida da população, deve começar a gerar um processo de compressão do bônus da demografia, já a partir de 2020, é lícito admitir que os dispêndios incrementais com saúde e previdência só poderão ser suportados com substanciais saltos na produtividade média da população.
Não há outra saída senão a canalização de maciços recursos para inversões em educação, sobretudo básica e média, invertendo a equivocada escala de preferências políticas predominantes no País. De acordo com o teste do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), efetuado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em um painel de 65 nações, o Brasil situou-se na 53ª posição em leitura e na 57ª em matemática.
Ainda segundo a OCDE, o País investe, por estudante, 83,0% menos que a média das 30 nações que formam aquela entidade, sendo que, no ensino superior, as aplicações brasileiras são 33,0% maiores. Sem contar que a modalidade superior, mesmo respondendo por somente 3,0% do total de alunos matriculados nas unidades de educação pública, absorve 15,0% dos dispêndios totais do setor.
Na verdade, embora tenha havido a universalização do ensino fundamental, a formação permanece precária, refutando o ufanismo manifestado recentemente pela presidente Dilma quando, abalada pelo medíocre desempenho corrente e as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro até o final de 2012, assegurou que uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e seus adolescentes.
Enquanto isso, mais de 1/5 dos brasileiros com idade superior a quinze anos são categorizados como analfabetos funcionais – aqueles desprovidos de capacidade de leitura e compreensão de textos considerados simples -, o que bloqueia as contratações pelas empresas, por conta das dificuldades que essa fração da população enfrenta para a absorção dos conteúdos ministrados nos treinamentos oferecidos para o imediato ou posterior exercício de atividades mais complexas.
No final das contas, a inclinação imediatista, eleitoreira e corporativista do governo vem ensejando a blindagem de algumas categorias, como aposentados, pensionistas e funcionários públicos, em detrimento de outras formadas prioritariamente pela população infantil e adolescente, ainda desarmadas do poder de voto.

Gilmar Mendes Lourenço, é economista, presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), professor do Curso de Economia e Editor da revista Vitrine da Conjuntura da FAE e autor do livro Conjuntura Econômica: Modelo de Compreensão para Executivos. Foi eleito  O Economista Paranaense do Ano de 2011 pelo CORECON/PR e vencedor do Prêmio Imprensa, em novembro de 2011, e do Prêmio Imprensa – Especial Brasília 52 anos”, em abril de 2012, oferecidos pela Quality TV & Jornais. Ele escreve às quartas-feiras neste espaço