A ex-candidata à presidência da Colômbia Ingrid Betancourt admitiu ontem, na França, que a pedido de sua família desistiu de voltar rapidamente a seu país para participar de uma marcha pelo fim do conflito colombiano, por temer por sua segurança. “Estou preocupada pelo seguinte: antes da minha libertação, houve outras libertações, como a do (ex-senador) Luis Eladio Pérez”, disse Ingrid. “Ele me disse que está muito preocupado porque o estão ameaçando. Ele tem medo de que, para se vingar, a guerrilha se atenha a ele como alvo e pensa em deixar a Colômbia por alguns meses.”

Logo após ser resgatada, no dia 2, após seis anos nas mãos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Ingrid havia anunciado que participaria em Bogotá “como mais um soldado” da marcha programada para o dia 20 com o objetivo de pedir a liberdade dos demais reféns da guerrilha. Agora, voltou atrás. “(A marcha) se presta muito para um atentado”, diz. “Haverá muita gente e será difícil controlar a multidão. É preciso que sejamos prudentes”.

Em entrevistas ontem, Pérez também falou das ameaças de morte feitas à sua família em Bogotá. Dos sete anos que ficou em cativeiro, ele passou quatro ao lado de Ingrid, com quem tentou fugir para o Brasil. “Recebemos nos últimos dias uma série de ameaças, que não sabemos exatamente de onde vêm, mas sem dúvida preocupam muito”, afirmou Pérez, que vive em Bogotá sob escolta militar. Ele disse que as ameaças foram feitas por telefone e pessoas próximas às Farc o advertiram de que a guerrilha estaria “preparando algo” contra ele. “(Nossos carcereiros) pensavam que sairíamos intimidados ou apaixonados por eles”, afirmou Pérez. “Não ocorreu nem um nem outro.”