“Quer conhecer uma pessoa, então dê a ela dinheiro e poder”. O ditado é antigo, mas vale muito para o momento atual. O Brasil como um todo e algumas instituições em particular estão mergulhados numa crise política, econômica e principalmente moral.
No âmbito nacional, vimos que havia pessoas que dariam suas vidas pela democracia. Estariam dispostas a se transformarem em mártires por um Brasil transparente. Sempre criticaram os desvios de conduta daqueles que estavam à frente dos grandes projetos da Nação. E sempre apresentavam soluções para que pudéssemos ter um País melhor.
Bom, os guardiões da moralidade chegaram ao poder. Ao invés de aplicarem tudo aquilo que aprenderam quando estavam do outro lado, o que eles fizeram foi lambuzar-se no melado do poder. Na verdade, os novos “poderosos” chafurdaram na lama que outrora seus opositores costumavam chafurdar. O poder é assim, corrompe as pessoas, destrói as mentes e aflora nelas a ganância pelo dinheiro.
Constato esses desvios em várias áreas da sociedade. Infelizmente, o futebol esta inserido neste contexto e é preciso informar isso aos nossos torcedores.
Veja só meus amigos, o Coritiba está mergulhado numa crise interna muito grande. Alem de ter de conviver com enormes dificuldades financeiras, também tem que administrar desvios de condutas de seus diretores.
Já disse isso aqui e vou reiterar: particularmente, nunca vi alguém entrar no futebol rico e sair pobre. O contrário acontece com freqüência. Conheço vários casos de pessoas que eram totalmente idôneas que entraram no futebol e foram corrompidas pelo poder. Se não estão pobres por tudo que amealharam de forma ilícita, perderam-se moralmente. Estão à margem da sociedade esportiva.
Também já escrevi que o esporte mais popular do Brasil tem de ser administrado por pessoas que conhecem futebol. Mesmo sendo assim, do jeito que as coisas andam, os clubes correm o risco de ser roubados na cara dura.
No caso do Coritiba, então, a ideia seria entregar o clube nas mãos dos “verdadeiros torcedores coxas brancas”. Assim, pelo amor desses novos administradores, o clube estaria seguro e em boas mãos. Ledo engano. Não sei se o procedimento estava errado ou as pessoas que ocuparam os cargos eram pessoas erradas.
Ficou claro que, mais uma vez aquilo que verificamos na política partidária, ou seja, aquele deslumbramento que o poder provoca nos políticos eleitos, uma enorme ganância para se apropriar do dinheiro fácil que começa aparecer, isso também ocorre dentro dos clubes de futebol. Pois, os “meninos” que sonhavam e diziam que fariam tudo diferente para colocar o Coritiba em outro patamar também frequentaram a mesma lama que velhos políticos diariamente costumam frequentar.
Para tentar oxigenar o Conselho Administrativo do Coritiba e dar a ele mais experiência, afastar um pouco os “piás de prédio” que sabem tudo de administração de futebol no videogame, a partir desta semana o G5 passa a contar com Alceni Guerra, conselheiro vitalício desde 2011. É aquele mesmo que foi ministro da saúde e teve envolvimento no “escândalo das bicicletas”. Teve muitos problemas, se incomodou bastante, mas foi absolvido.
Trata-se uma personalidade da política paranaense, já teve vários cargos. Agora, por mais que haja muita politicagem dentro dos clubes de futebol, política partidária é muito diferente.
Boa sorte ao Coritiba e que a crise não chegue até a beira do gramado. A expectativa é que os desmandos ocorridos internamente e a falta de correção moral de alguns dos integrantes do quadro diretivo não influencie o desempenho dos atletas em campo. Pois, por mais que o Ney Franco tenha conseguido encontrar uma formula para fazer o time jogar um futebol aceitável a situação na tabela ainda é muito complicada.

Edilson de Souza é jornalista e sociólogo