RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Familiares dos sete mortos neste domingo (20) na Cidade de Deus, zona oeste do Rio, afirmaram que os jovens foram “executados”.
Os corpos deles foram encontrados no início da manhã de domingo na comunidade conhecida como Caratê. Desde quinta (17), traficantes e policiais trocam tiros na região.
No sábado (19), quatro policiais militares morreram na queda de um helicóptero, que participava da operação na Cidade de Deus.
O secretário de Segurança, Roberto Sá, declarou que a perícia inicial feita na aeronave não identificou marcas de tiros. Os corpos dos agentes mortos também não apresentavam perfurações de armas de fogo. Uma pane no helicóptero é uma das linhas de investigação.
Desaparecidos desde sábado, os corpos dos sete homens foram encontrados no início da manhã de domingo em vários pontos da mata e levados para uma praça na comunidade.
“Meu esposo morreu com dois tiros na nuca à queima roupa. Arrancaram até a perna. Ainda levaram aliança, cordão”, contou Simone, mulher de Rogério Ribeiro de Carvalho, um dos mortos. Ele tinha 34 anos.
Pai de Renan Silva Monteiro, 20, Rogério Monteiro afirmou que os homens não mereciam morrer “daquela maneira, independente da vida que eles levavam”.
“Ele morreu com um tiro nas costas. Então, ele foi assassinado, independente de qualquer coisa”, disse Monteiro, na porta do IML (Instituto Médico Legal) do Rio.
Além de Rogério e Renan, outras quatro vítimas tiveram os seus nomes identificados. São eles: Leonardo Camilo da Silva, 30, Marlon César Jesus de Araújo, 22, Robert Souza dos Anjos, 24, e Leonardo Martins da Silva Júnior, 22. Um menor de 17 anos também foi identificado, mas seu nome não foi revelado.
No domingo, o secretário de Segurança Roberto Sá disse que a polícia não vai deixar “sem resposta as mortes na Cidade de Deus”. “Estamos aqui para preservar vidas. Nenhum excesso será tolerado”, disse.
O delegado da Divisão de Homicídios, Fábio Cardoso, confirmou que os mortos tinham marcas de tiros em várias partes, como pescoço, costas e peito. Ele declarou que “alguns já foram presos por tráfico de drogas”, sem afirma quais dos mortos.
De acordo com Cardoso, a polícia investiga duas possibilidades sobre a morte dos sete homens na Cidade de Deus.
“Eles podem ter morrido num desses vários confrontos do dia anterior durante uma operação da polícia militar para reprimir o tráfico de drogas lá ou de um conflito que existe entre os traficantes da Cidade de Deus contra milicianos da Gardênia Azul [comunidade vizinha]”, afirmou o delegado.
Nesta segunda (21), policiais realizam operações na Cidade de Deus e no Complexo da Maré. As duas comunidades contam com traficantes do Comando Vermelho.
Pelo menos 14 mil estudantes ficaram sem aula.
A Anistia Internacional criticou a política de segurança do Rio e as sete mortes na Cidade de Deus.
“As autoridades do Rio de Janeiro devem repensar urgentemente a política de segurança pública que está sendo implementada e devem adotar medidas urgentes para garantir que as operações policiais respeitem os direitos humanos e garantam a segurança de todas as pessoas”, diz a entidade, em nota.