O lança-perfume, droga associada de forma quase romântica ao Carnaval, perdeu espaço no Brasil. Enquanto o consumo de outros tipos de entorpecente aumenta gradualmente, as apreensões de frascos da substância aromatizada no Paraná são inferiores às de outros anos.

Em 2006 e 2007, a Delegacia da Polícia Federal de Foz do Iguaçu e a Polícia Rodoviária Federal no Paraná apreenderam um total de 3.921 frascos da substância. Nos dois anos anteriores, a quantidade foi mais de quatro vezes maior: 16.165.
A redução na quantidade retida indica uma queda de consumo, para o inspetor Maurício Hugolino Trevisan, da PRF. “Os consumidores têm buscado drogas mais pesadas, que substituíram o lança-perfume. A explosão no consumo de crack é um exemplo disso”, afirma o inspetor.

De fato, a estatística do Narcodenúncia — que congrega dados das polícias Civil, Militar, Rodoviária e Rodoviária Federal — mostra que o volume de crack retido em 2007 cresceu 79%, e a de cocaína, 14% em relação ao ano anterior.

Há décadas o consumo do lança-perfume tradicionalmente cresce no carnaval, devido à antiga brincadeira de lançá-lo em direção a outras pessoas na época de folia. Mas logo que a mistura de éter, clorofórmio, cloreto de etila e aromatizante passou a ser usada como entorpecente através de inalação ela foi proibida no Brasil, em 1961.
Desde então o produto entra clandestinamente no País através da Argentina, onde é industrializado e vendido como aromatizante de ambientes. Mas o País vizinho adota ações de repressão. Em 2005, um projeto de lei proibindo a fabricação do lança-perfume foi apresentado no congresso argentino, mas acabou vetado. Mesmo assim, a fiscalização para coibir a entrada do produto na fronteira com o Brasil aumentou, e, de acordo com a Delegacia da PF em Foz, os traficantes buscaram como rota alternativa a fronteira com o Paraguai. Tanto que a única apreensão do produto em 2007 — um carregamento de 1.355 frascos — ocorreu na Ponte da Amizade, que liga Cidade de  Leste (Paraguai) e Foz do Iguaçu.

Em 2000, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ligada ao Ministério da Saúde, excluiu o cloreto de etila da lista de substâncias psicotrópicas, mas nove dias depois reconsiderou a decisão. A droga perfume gera efeito de curta duração, com quadro de desinibição, falsas percepções, confusão mental e sonolência. Entre os possíveis efeitos nocivos estão irritação dos olhos, zumbidos, náuseas, tremores, convulsões e coma. Eventualmente podem ocorrer arritmias cardíacas, com risco de morte súbita.

Para as polícias, as estratégias dos vendedores de lança-perfume são semelhantes às dos contrabandistas e traficantes de outras drogas: usar o lago de Itaipu ou o Rio Paraná como via de acesso para introdução da substância no Brasil.