Milhões de investimento em novas barragens, busca por água em distâncias cada vez maiores, gastos em pesquisas no subsolo. Garantir o abastecimento numa região sem grandes rios com a metropolitana de Curitiba exige grande aparato, mas tudo pode piorar sem política ambiental.

Ao apresentar as obras da represa do Miringuava — que abastecerá 800 mil habitantes de Fazenda Rio Grande, São José dos Pinhais, Araucária e Curitiba a partir do ano que vem — o diretor de investimento da Sanepar, Heitor Wallace de Mello e Silva, afirmou que o investimento de R$ 143 milhões pode ser inútil a médio prazo se houver poluição dos mananciais.

O caso mais característico é o do Rio Iguaçu, único de grande porte que atravessa a Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Por muitos anos ele foi a principal fonte de abastecimento da Capital, mas a contínua coleta inadequada de esgoto e o despejo irregular de detritos e substâncias tóxicas o tornaram inviável para consumo humano. Hoje, somente a partir de União da Vitória, a cerca de 200 quilômetros da Capital, o Iguaçu tem condição de ser tratado. “À época, não houve medidas adequadas para se evitar a poluição do Iguaçu. A empresa toma precauções para que o mesmo não ocorra com as fontes atuais de abastecimento” afirma Silva. 

De acordo com o diretor, a principal medida para preservar os mananciais é inseri-los em Áreas de Proteção Ambiental, foi aplicada pelo governo do Estado em relação ao Iraí-Piraquara (maior entre os que abastecem Curitiba) e o Miringuava. O ato impede a ocupação do solo em locais próximos aos mananciais e preserva as matas ciliares. “Mas (não poluir) é também uma questão de educação ambiental. Temos um programa de conscientização em escolas, especialmente as das áreas de preservação para incutir nos jovens a necessidade de preservar”, afirma.

Para amparar a recuperação ambiental de seus mananciais, a RMC receberá cerca de R$ 800 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para obras de saneamento. Além disso, recursos do programa destinados à habitação serão aplicados em ocupações irregulares vizinhas aos rios que abastecem a região, como Iraí, Atuba e Palmital, e próximas às represas do Iraí e Passaúna.