Por Samantha Lima

RIO DE JANEIRO, RJ, 10 de abril (Folhapress) – O valor necessário para socorrer as distribuidoras de energia elétrica poderá ir além dos R$ 11,2 bilhões que serão oferecidos às distribuidoras na operação de crédito montada pelo governo e que deverá ser liberada nos próximos dias.

Segundo o presidente da Abradee (Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica), Nelson Fonseca Leite, a situação ficará mais clara a partir do preço do MWh atingido na venda de energia elétrica, por geradoras a distribuidoras, no leilão que acontecerá no dia 25 de abril.

“O preço que se paga pela energia elétrica na tarifa é de R$ 110. Qualquer valor acima disso gera uma necessidade de ajuste.”

“O que esperamos é que este valor, se maior, seja razoável e que as distribuidoras possam arcar com ele até o momento do reajuste, sem gerar uma crise”, afirmou Leite, em seminário sobre compartilhamento de práticas regulatórias entre diversos países, organizado pela Endesa, controladora da distribuidora Ampla, no Rio.

Leilão

O leilão de energia do dia 25 foi marcado pelo governo como mais uma tentativa de reduzir a exposição das empresas à alta dos preços da eletricidade no mercado à vista.

A intenção é reduzir o total de energia que as empresas precisam fornecer mas não têm contratos fechados, estimados em 3,6 GW, o equivalente a 30% da geração de Itaipu. Normalmente a energia sem contrato é adquirida em mercado à vista, onde, em fevereiro, o preço chegou a R$822 por MW.

A diferença em relação aos R$ 110 cobrados na tarifa é responsável pelo rombo que as distribuidoras enfrentaram nos últimos meses.

O preço subiu em decorrência do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, que geram energia mais barata, e a consequente necessidade de acionamento de usinas térmicas, que geram energia elétrica a um custo maior.

“Era uma situação insustentável. Se não houvesse solução, geraria uma crise generalizada, e grande inadimplência”, disse Leite.

Ajuda

Inicialmente, a ajuda via crédito seria de R$ 8 bilhões. O resto, mais de R$ 3 bilhões, seria aportado pelo Tesouro.

Ontem, o Ministério da Fazenda informou que todo o valor será coberto pela linha de crédito às distribuidoras, que virá de recursos de 13 bancos públicos e privados. O governo não informou a taxa a ser paga pelas distribuidoras para obtenção do crédito.

Os recursos, que serão oferecidos por meio da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, servirão para reforçar o caixa das empresas enquanto elas não são compensadas no gasto extra por meio dos reajustes tarifários, que ocorrem em datas específicas.