Franklin de Freitas – Consumo atual do álcool gel nem se compara ao dos anos de 2020 e 2021

Ao longo dos últimos meses, na medida em que a vacinação contra a Covid-19 foi avançando e os números da pandemia (casos novos, casos ativos e óbitos) foram caindo, as medidas restritivas para prevenção do coronavírus foram sendo flexibilizadas, relaxadas. No Paraná, por exemplo, o uso de máscara já não é obrigatório desde o final de março e as regras de distanciamento social também foram sendo abrandadas. E esse movimento também impactou no comportamento dos cidadãos.

De acordo com dados do estudo Radar Scanntech Brasil, os consumidores da região Sul do Brasil (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) apresentam uma preocupação cada vez menor com os produtos de limpeza e antissépticos, itens básicos para a higienização das mãos e a garantia de ambientes limpos e livres do coronavírus.

A venda de produtos como o álcool em gel, por exemplo, teve queda de 53,7% (em termos de unidades comercializadas) entre os meses de janeiro e abril, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Uma procura que começou a cair já em janeiro (-19,7% em relação ao mesmo mês do ano passado) e que foi se acentuando nos meses seguintes, em fevereiro (-40,7%), março (-70,8%) e abril (-71,3%).

Não foi, entretanto, apenas o famoso álcool em gel que teve menor saída. Produtos de limpeza em geral, como o próprio álcool comum, tiveram uma variação negativa (-33%) em unidades e em valor (-20%). “Isso prova que, para além do álcool em gel, a população está mais despreocupada com a limpeza exaustiva de ambientes e produtos que era feita no período mais crítico da pandemia”, aponta a Scanntech.

Nova onda e varíola dos macacos faz uso de máscara voltar a ser recomendado pela Anvisa

Ao mesmo tempo em que a população relaxa nos cuidados, a curva de contágio pelo coronavírus em Curitiba cresce, gerando uma nova onda de contaminações na capital paranaense. A situação já obrigou, por exemplo, um importante colégio particular, o Bom Jesus (sede Água Verde) a colocar sete turmas de quarentena após surtos de Covid. Na semana passada, a própria Prefeitura de Curitiba também voltou a recomendar o uso de máscaras faciais em locais fechados ou ambientes abertos com aglomeração de pessoas. Aindicação vale para ransporte coletivo, terminais, estações-tubo, shows, jogos, shoppings, lojas, supermercados, entre outros.

Ontem, foi vez da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitir uma nota reforçando a necessidade de adoção de medidas “não farmacológicas”, como distanciamento físico, uso de máscaras de proteção e higienização frequente das mãos, em aeroportos e aeronaves.

Neste caso, porém, a recomendação não tem a ver com a Covid-19: a tentativa é de retardar a chegada ao Brasil da varíola de macaco, doença ainda pouco conhecida e com maior incidência, até o momento, na África.

“Tais medidas não farmacológicas, como o distanciamento físico sempre que possível, o uso de máscaras de proteção e a higienização frequente das mãos, têm o condão de proteger o indivíduo e a coletividade não apenas contra a covid-19, mas também contra outras doenças”, reitera a Anvisa.

Sinal amarelo

Procura por exames e taxa de positividade estão em alta

Nos laboratórios de Curitiba, a procura por testes de Covid e a taxa de positividade da doença seguem em alta. É o que mostram dados do Laboratório de Análises Clínicas (Lanac) e do Frischmann Ainsengart.

No Lanac, por exemplo, foi registrado no mês de março a realização de 40 a 50 testes por dia, em média, a maioria deles para viagens. Na ocasião, a positividade ficou em 5%. Já na terceira semana de maio o laboratório realizou 170 exames diários, com a positividade saltando para 30% – ou seja, de cada 10 testes realizados, três dão positivo para a presença do novo coronavírus.

Já o levantamento feito pela Dasa (rede de saúde da qual o laboratório curitibano Frischmann Ainsengart faz parte) identificou não só que houve aumento nos índices de positividade para Covid-19, mas também que a região Sul apresenta a maior taxa de positividade da doença, com 39,11% de 16 a 22 de maio. Na semana anterior (entre 9 e 15 de maio) essa taxa estava em 37%.