SÃO PAULO, SP – O forte temporal que atingiu a região metropolitana de São Paulo fez com que a capacidade do sistema Cantareira permanecesse estável nesta quarta-feira (28) em relação ao índice anterior. O único reservatório que teve redução em sua capacidade foi o de Rio Claro.
De acordo com o boletim divulgado pela Sabesp, o Cantareira opera com 5,1% de sua capacidade –o mesmo índice registrado nos últimos três dias. O sistema abastece 6,2 milhões de pessoas na Grande São Paulo e já funciona com a segunda cota do volume morto (água do fundo do reservatório que não era contabilizada).
Com a chuva desta terça, o sistema acumulou 7,6 mm de água. A três dias para terminar o mês de janeiro, o manancial acumula pouco mais da metade do volume esperado para todo o mês: 141,8 mm de água –o que equivale a 52,3% da média histórica para o mês (271,1 mm).
RODÍZIO
Em meio à grave crise hídrica, o governo paulista admitiu que poderá adotar um rodízio de água “drástico” e “pesado” na Grande São Paulo. A medida, segundo a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), é a última alternativa para evitar o colapso do Cantareira.
Paulo Massato, diretor da Sabesp, disse que com a eventual piora da situação a Grande São Paulo pode ter cinco dias com rodízio por semana. “Seria uma solução de rodízio pesado, drástico”.
A Sabesp não detalhou o plano, e não se sabe se a ideia de rodízio prevê o corte de água por cinco dias seguidos ou alternância de fornecimento entre bairros.
Diferentes moradores de todas as regiões da capital e dos municípios da região metropolitana da Grande SP têm ficado em média, todos os dias, ao menos 14 horas e 20 minutos com menos água nas torneiras. Apenas na capital do Estado, esse intervalo é ainda maior: 15 horas e 13 minutos.
O rodízio seria a mais dura medida de Alckmin contra a crise, após reduzir a pressão na distribuição e adotar sobretaxa na conta. A Sabesp passou a oferecer em seu site uma opção pela qual o cliente consulta se a pressão está sendo reduzida em sua cidade e bairro e que permite saber os horários em que haverá menos água disponível.
O governador de São Paulo já discute novo aumento na tarifa de água a partir de abril, quatro meses após o último reajuste. Outra hipótese estudada é o endurecimento da cobrança de sobretaxa para quem gastar mais água. Além disso, o governo paulista já considera utilizar a terceira cota do volume morto do Cantareira.
Como saída para amenizar a crise da água, Alckmin quer usar a água da represa Billings para reduzir os impactos da crise que atinge a Grande São Paulo. Contudo, a represa Billings tem lixo acumulado em diversos pontos e água esverdeada pela proliferação de bactérias.
“Isso aqui é um horror, só piorou nos últimos anos”, diz a empresária Cornélia Juchem, de Diadema. A Sabesp diz ser possível transformar a água em potável, mas não detalha o que fará.
ALTO TIETÊ
Já o nível do reservatório Alto Tietê, que também sofre as consequências da seca, opera com 10,6% de sua capacidade após subir 0,2 ponto percentual em relação ao dia anterior. O sistema abastece 4,5 milhões de pessoas na região leste da capital paulista e Grande São Paulo.
No dia 14 de dezembro, o Alto Tietê passou a contar com a adição do volume morto , que gerou um volume adicional de 39,5 milhões de metros cúbicos de água da represa Ponte Nova, em Salesópolis (a 97 km de São Paulo).
DEMAIS SISTEMAS
A represa de Guarapiranga, que fornece água para 5,2 milhões de pessoas nas zonas sul e sudeste da capital paulista, opera com 47,4% de sua capacidade após o nível subir 1,4 pontos percentuais em relação ao índice anterior.
O nível do reservatório Alto de Cotia, que fornece água para 400 mil pessoas, subiu 0,1 ponto percentual e opera nesta quarta com 28,5% de sua capacidade. Já o sistema Rio Grande, que atende a 1,5 milhão de pessoas, opera com 74,6% de sua capacidade após subir 0,5 ponto percentual em relação ao índice anterior.
O reservatório de Rio Claro, que atende a 1,5 milhão de pessoas, opera com 26,6% de sua capacidade após baixar 0,5 ponto percentual em relação ao dia anterior.
A medição da Sabesp é feita diariamente e compreende um período de 24 horas: das 7h às 7h.