VENCESLAU BORLINA FILHO
CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) – O corte de investimentos do governo Geraldo Alckmin (PSDB) na área de saneamento reduziu a um único projeto o aproveitamento de água de reúso na Grande São Paulo para consumo humano.
De acordo com Rui Brasil Assis, coordenador de recursos hídricos do Estado, apenas a Epar (estação de produção de água de reúso) Barueri deve ser implantada. O prazo previsto é de até três anos.
Um outro projeto, também anunciado por Alckmin em novembro do ano passado e que deveria ser feito na marginal Pinheiros, perto da ponte João Dias, na capital paulista, foi cortado do plano de investimentos.
Um dos motivos para suspender a obra na marginal Pinheiros, segundo o governo, foi o alto custo do processo de tratamento de esgoto. A Epar Pinheiros teria capacidade de produzir 2 m³/s para serem lançados na represa de Guarapiranga.
Já a estação de Barueri vai mandar 1 m³/s para o sistema Alto Cotia, dobrando sua capacidade de tratamento. Atualmente, a água de reúso só é usada em processos industriais, sanitários, lavagem de calçadas e para molhar plantas. O governo não informou o valor da obra.
“Com o problema da crise e a diminuição dos recursos, estamos reequacionando tudo”, disse Assis. A Epar Pinheiros, segundo ele, está num segundo momento porque o governo decidiu dar prioridade a outras obras.
REFORÇO
De acordo com o coordenador, a Epar Barueri vai reforçar o abastecimento na região oeste da Grande São Paulo, uma das que mais crescem, formada por municípios como Cotia, Embu, Itapecerica da Serra, Embu-Guaçu e Vargem Grande.
Será usado o sistema de reúso indireto. O esgoto receberá tratamento químico com ajuda de membranas ultrafiltrantes e, após ser lançado no reservatório, receberá um novo tratamento antes de chegar às torneiras.
“Esse sistema [de membranas ultrafiltrantes] remove 99% das impurezas e já é usado em diversos países como alternativa de abastecimento público”, afirmou o coordenador, após participar na sexta (26) de um evento sobre água de reúso em Campinas.
A obra não é emergencial em função da crise hídrica, mas tem importância diante da escassez de água na região metropolitana e também por ser “ambientalmente correta”.
Para o projeto ser validado, porém, a água passará por exames laboratoriais e de qualidade.
O governo afirma que, apesar de ter suspendido as obras na Epar Pinheiros, a região oeste será uma das mais beneficiadas pelo sistema produtor São Lourenço, que levará 4,7 m³/s de água do Cachoeira do França, em Ibiúna (a 69 km de São Paulo), para a Grande São Paulo. A obra, orçada em R$ 1,6 bilhão, tem previsão de conclusão em 2017.
A Sabesp, em nota, negou que a retirada da Epar Pinheiros da carteira de investimentos tenha ocorrido por corte de recursos, mas confirmou que foi dada prioridade a outros projetos mais “eficientes, de custos menores e mais rápidos”, como aumento na produção de água da ETA Boa Vista, a captação do rio Guaió e a interligação entre o sistema Rio Grande e a represa Taiaçupeba.