É na crise que o comércio precisa encontrar formas de levar o consumidor para dentro da loja. E, neste cenário, a vitrine desempenha um papel importante. A vitrine é o ‘termômetro’ do caixa de uma loja. Se a composição está atraindo clientes, a venda é praticamente garantida, afirma Elaine Piovezan, consultora de Moda, Estilo & Varejo e professora de Vitrinismo do curso de Desing de Moda do Centro Europeu.

O vitrinismo é uma vertente do merchandising — uma derivação de merchandise — que, segundo Elaine, pode ser traduzida como operação com mercadorias. Para ela, a vitrine proporciona a verbalização estética da loja tendo como fator comercial, a função de encantar e influenciar diretamente a decisão de compra do consumidor.

Por isso, através de uma composição criativa, o vitrinismo possibilita a valorização de imagem do produto, além de aguçar os sentidos das pessoas que transitam pelas lojas. As técnicas do vitrinismo sugerem um link emocional com grande potencial de retorno, transformando a vitrina num cardápio à disposição dos consumidores, diz. Por conta deste alcance, aliado ao cenário econômico atual, Elaine reitera que o investimento feito para se ter uma boa vitrine não deve ser encarado como despesa.

Observando as vitrines fica clara a diferença delas quando comparadas o local, produto e público a quem é destinada a comunicação. Acertar a comunicação com o público-alvo é o grande segredo de uma vitrina bem sucedida, diz. Para isso, existem sim algumas diferenças básicas entre os segmentos, feminino, masculino, teen e infantil. (Ver quadro ao lado).

Sobre a peridiocidade de renovação, Elaine afirma que existem duas trocas. A do cenário, que pode se estender por até uma estação inteira, e do estilo dos manequins que varia entre duas vezes por semana, semanalmente ou a cada 15 dias, dependendo do público alvo e, principalmente, das vendas.


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Público feminino
Em uma vitrine feminina, a assimetria é mais favorável, pois as mulheres, têm visão periférica o que explica a observação do todo e boa percepção de detalhes. As linhas orgânicas são mais eficazes na comunicação com o público feminino, principalmente na disposição dos elementos entre os espaços da vitrina. Além disso, os estímulos sensoriais são rapidamente captados por este público que acima de tudo deseja variedade e beleza. O consumo deste público é refletido pelo glamour. Subjetividade na ambientação também aguçam os sentidos de interpretação da ideia na imagem proposta.

Público masculino
Já para ala masculina, linhas retas são mais indicadas por terem a influência sensorial de firmeza, equilíbrio e objetividade. Looks com combinações básicas e funcionais tendem a chamar mais a atenção. A cartela de cores para este público deve ser mais enxuta e menos ousada. A composição neste caso deve ser mais clean e sem tanta ornamentação. Seu consumo é definido pela funcionalidade e custo benefício.

Público teen (jovem)
Este é um tipo de consumidor ávido por novidades, novas possibilidades, além de serem loucos por tecnologia, então, para chamar sua atenção são necessárias muita pesquisa, criatividade e inovação. São consumidores antenados e bem informados ao que se refere ao seu universo de lifestyle. Apreciam combinações inusitadas e composições relacionadas a atitudes e comportamento. O consumo deles está intimamente ligado à expressão de grupos e às mídias sociais.

Público infantil
Nas composições infantis é importante usar recursos voltados à fantasia e ao imaginário infantil. A cartela de cores deve ser alegre e ampla. Há não muito tempo atrás, as composições eram direcionadas às mães, eram elas que escolhiam e decidiam sobre a compra. Hoje não. As crianças são mais ativas e têm maior poder de decisão na hora da compra. Neste âmbito há duas vertentes importantes: composições de meiguice e inocência e composições de miniaturização do adulto.


ERROS QUE PODEM SER EVITADOS

–    Má conservação da estrutura física da vitrina ou dos manequins e demais materiais
–    Exagero na composição de elementos decorativos, principalmente quando chamam mais a atenção do que os produtos expostos
–    Exposição de produtos que não têm grade em estoque para venda
–    Exposição de produtos no chão da vitrine, isso é um crime! Aliás, esse é o pior dos erros
–    Falta de senso estético na montagem do styling dos manequins, ou seja, quando os looks não combinam entre si ou não refletem o lifestyle do público alvo