MARIANA HAUBERT, VALDO CRUZ E DANIELA LIMA BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O senador Romero Jucá (RR) assumiu nesta terça-feira (5) o comando do PMDB em substituição ao vice-presidente da República e presidente nacional do partido, Michel Temer. A mudança é uma estratégia da sigla para poupar o vice dos ataques feitos pelo governo e por defensores da presidente Dilma Rousseff no Congresso. Desde que a sigla decidiu pelo desembarque da administração petista, na semana passada, o governo definiu como estratégia subir o tom das críticas feitas a Temer e associá-lo à ideia de que está em curso no país um golpe contra a presidente, sob o argumento de que não existe base legal para o impeachment. Temer seria, neste cenário, um dos articuladores do golpe. O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), por exemplo, afirmou na ocasião que o PMDB decidiu romper com o governo para abrir o caminho para Temer assumir a Presidência da República. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também disse, no fim de semana, que Temer “sabe que o que estão fazendo é golpe” e que a “forma mais vergonhosa de chegar ao poder é tentar imputar o mandato, dar o golpe numa mulher da qualidade e seriedade da presidenta Dilma Rousseff”. A troca entre os dois peemedebistas já estava acordada desde a realização da convenção nacional do partido, realizada em 12 de março, mas foi antecipada porque o governo subiu o tom contra Temer nos últimos dias. Agora, Jucá assumirá o revide contra o governo, poupando Temer do desgaste. A avaliação é de que, como é o beneficiário direto de um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff, não cabe a Temer fazer a defesa do partido ou responder aos ataques que são feitos diretamente a ele. O anúncio da mudança foi feito por Jucá em sua página no Twitter. O senador disse ainda que fará um pronunciamento na tribuna do plenário do Senado na parte da tarde.