As mudanças para a Educação começaram no ano de 2016 quando estabelecida a Medida Provisória do Ensino Médio n 746 – 22/ 9/16 a qual tinha como proposta modificar algumas questões importantes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o que impacta diretamente nas condutas e atitudes da equipe pedagógica, do professor em sala de aula e na formação do aluno. O processo sugerido causou alguns entraves e discussões entre os professores e profissionais da área e como pudemos verificar aconteceu uma paralisação dos professores e alunos de regiões brasileiras que não estavam de acordo com a Medida Provisória do Ensino Médio.
No início de 2017 o Senado Federal aprovou a Reforma para o Ensino Médio e agora os professores, alunos e a sociedade precisam aprofundar suas leituras e compreender o que esta proposta vem direcionando e qual o melhor caminho a seguir. No entanto, é relevante considerar se as questões apontadas na Reforma de fato atendem as necessidades e realidades dos alunos brasileiros, pois o maior impacto será na formação deste grupo. As realidades do Brasil são inúmeras e quando o aluno chega à escola leva consigo sua bagagem prévia familiar, social e emocional, e por esta razão, deve-se considerar o aluno como um ser pleno e não fragmentado e desta maneira não é possível olhar somente as questões sistemáticas de conteúdo e mercado de trabalho.
Nesta perspectiva é preciso realizar uma reflexão aprofundada do que de fato é relevante para o aluno e para o Ensino Médio. Modificar a Carga horária de 800h para 1,4 horas. Qual será o objetivo? As disciplinas obrigatórias serão Português, Matemática, Inglês, Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia e como optativas os alunos tem a divisão em 5 áreas: linguagens, ciências da natureza, ciências humanas, formação técnica e profissional. Aí retomo a pergunta: qual será o objetivo?
A reforma do Ensino Médio fala do ensino técnico e profissionalizante e aqui é relevante compreender como será realizada esta formação do aluno que optar por estas modalidades, pois a Educação precisa repensar a forma, a maneira, a metodologia de como ensinar, mediar, conduzir as disciplinas e os conteúdos para que o aluno saiba fazer uma relação da teoria com prática no seu dia-a-dia e não apenas atenda as necessidades de uma fábrica, uma empresa.
A escola é um espaço para formação de cidadãos capazes de refletir e ter consciência de suas habilidades, limitações e aprendizados e por isto a necessidade de renovar as vestimentas e os botões. Ou seja, procurar um novo caminho, estratégia, metodologia, experiências, vivências e inovação faz parte de todo o processo, contudo é de suma importância visar à objetividade e a clareza do que está sendo traçado na BNCC. Logo, se o foco maior continuar nas disciplinas em si e não for modificada a forma, talvez continuemos no mesmo espaço. Desta maneira, é válido pensar um formato em que o aluno possa ir além de suas possibilidades e saiba que independente da sua realidade existe uma possibilidade, um futuro a ser descoberto após o Ensino Médio.
A maturidade dos alunos neste momento deve ser considerada para tomar decisões tão relevantes para sua carreira. É preciso analisar que alguns padrões já são utilizados nos Estados Unidos e Europa, mas as crianças são inseridas na escola e crescem com esta concepção de autonomia e escolha. Existe um trabalho na escola e na família para que esta dinâmica aconteça. No Brasil como os nossos alunos serão orientados?
Algumas entrevistas de professores e profissionais da Educação podem ser visualizadas. De acordo com Sérgio Stoco da UNIFESP faz uma consideração significativa quando diz que a escola educa gerações para maturação para o mercado de trabalho e não para o pedido do mercado – profissionalizante. Outro profissional da área é Carlos Alberto – Superintendente do Ensino Superior da Educação e Cultura do Piauí, o qual traz um pensamento referente ao Notório Saber onde é possível discutir um cenário próximo da realidade das escolas brasileiras quando, por exemplo, o professor de português atua no lugar do professor de matemática por alguma necessidade. Contudo, esta prática na Reforma do Ensino Médio acontecerá apenas no ensino profissionalizante.
Para finalizar o diálogo gostaria de destacar acima de tudo a importância do Ministério da Educação (MEC) e do Governo em pensar e refletir de maneira consciente nos seres humanos que sentam nas cadeiras de uma escola com objetivos traçados e esperança de um futuro promissor, ou ainda aqueles que chegam sem um objetivo, mas que a escola toma pra si e constrói um trabalho eficaz com o intuito de mostrar alternativas, caminhos e possibilidades para todos por este ser um direito dos alunos, o qual consta nas Leis de Diretrizes e Bases.

Ana Regina Caminha Braga (https://anareginablog.wordpress.com/) é escritora, psicopedagoga e especialista em educação especial e em gestão escolar