O deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) é um dos políticos que admitem ter recebido da empreiteira doação eleitoral por meio de empresas laranjas. A fórmula é uma variação do legal caixa um — o valor doado sem intermediários e declarado à Justiça — e do ilegal caixa dois, que é a movimentação de recursos de campanha por fora.
Eu declarei, foi tudo por dentro. Não sei por qual motivo a Odebrecht não quis dar o dinheiro e passou para outras duas empresas, diz Heráclito.

Só nas eleições de 2010, a Odebrecht — a principal empreiteira investigada nos devios da Petrobras- usou o caixa três para direcionar R$ 5,5 milhões para 28 candidatos. Na prestação de contas eleitorais desses políticos, a empreiteira não figurou como a real fonte dos recursos, e sim a Praiamar e a Leyroz.

As investigações apontam que essas duas empresas eram distribuidoras do grupo Petrópolis, fabricante da cerveja Itaipava. Em delação premiada, executivos da Odebrecht contaram ao Ministério Público que a cervejaria foi usada diretamente em 2014 para replicar o esquema.