Os últimos momentos em vida de Marielle Franco, executada na noite de ontem, ficaram registrados no Facebook da vereadora do Rio de Janeiro.

Até perto das 21 horas, meia hora antes de seu assassinato, Marielle participou da roda de conversa “Mulheres Negras Movendo Estruturas”. Para engajar seus seguidores nas redes sociais, transmitiu ao vivo o bate-papo, realizado na Casa das Pretas, centro da capital carioca.

Ao longo da conversa, Marielle contou um pouco sobre a sua vida e suas lutas. O mandato de uma mulher negra, favelada e periférica precisa estar pautado junto aos movimentos sociais, à sociedade civil organizada, a quem está fazendo para nos fortalecer naquilo que a gente objetivamente não se reconhece, não se encontra, não se vê. A negação é o que eles apresentam como nosso perfil, disse.

Já no final do encontro, ao olhar o relógio, demonstrou preocupação com a segurança daqueles que participavam do encontro. Segundo Ana Paula Lisboa, colunista do jornal O Globo e que acompanhou o encontro de ontem com Marielle, como tantos outros, a vereadora sempre terminava os eventos até 21 horas para garantir a segurança do público no retorno para casa.

Nosso papel é de fiscalizar e de resistir. Eu sempre falo: com nosso corpo, com nossas coisas, com nosso lugar, mas também incidindo diretamente. Então, a partir daí que a gente lá em Vila Kennedy, esse laboratório, que é lá esse laboratório da intervenção. Mas é a cidade toda que precisa ser cuidada e a gente sabe que não está sendo. Então, os nossos corpos, o nosso transitar, sempre ficam ameaçados. Por isso, nossos eventos, a nossa atividade, a gente nunca passa das 9 horas, para que a Central, a Zona Oeste, a Baixada, a gente consiga chegar”, afirmou.

“Vamo que vamo, vamo junto ocupar tudo (sic)”, se despediu. Minutos depois, seria assassinada com quatro tiros na cabeça após deixar a Casa das Pretas.