SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O inquérito que apura suposto caixa dois a Geraldo Alckmin (PSDB) delatado pela Odebrecht chegou nesta quinta-feira (6) à promotoria eleitoral da capital paulista. Os autos passaram cinco meses em um limbo jurídico. 

Quando o tucano renunciou ao governo de São Paulo para disputar a Presidência, em abril, perdeu o foro especial. Desde então, o processo estava em trânsito.

Nesta quinta, o promotor da primeira zona eleitoral de São Paulo, Luiz Henrique Dal Poz, recebeu os autos com um pedido de compartilhamento.

O Ministério Público paulista pediu acesso aos documentos quando a Procuradoria-Geral da República, que tocava o caso no Superior Tribunal de Justiça enquanto Alckmin era governador, decidiu encaminhar o caso à esfera eleitoral.

Com a decisão, o tucano saiu da mira imediata da Operação Lava Jato.

Dal Poz concordou com o compartilhamento e encaminhou à decisão da Justiça Eleitoral. "No retorno dos autos, darei o encaminhamento que o caso exigir", afirmou.

Como a Folha de S. Paulo revelou, no inquérito, Alckmin confirmou uma reunião com o ex-executivo da Odebrecht Carlos Armando Paschoal, que em sua delação afirmou ter repassado R$ 2 milhões em caixa dois ao tucano, em 2010.

Naquela eleição, ele disputou com sucesso o governo de São Paulo. A Odebrecht disse ainda ter repassado mais R$ 8 milhões a Alckmin na campanha em que se reelegeu governador, em 2014.

O presidenciável nega ter recebido valores não declarados. Alckmin diz que suas campanhas sempre foram feitas dentro da lei e de forma modesta. Ele diz defender as investigações e demanda que sejam sejam feitas de forma célere para esclarecer a sociedade.

Na quarta (5), o Ministério Público paulista ajuizou uma ação de improbidade administrativa contra o ex-governador. 

O processo, da esfera civil, decorre também da delação da Odebrecht, mas é um desmembramento, que corre independentemente da apuração eleitoral.