Marcos Solivan – Sucom/UFPR

Cerca de mil pessoas participaram, nesta manhã de quinta-feira, 9, de uma manifestação contra o corte no orçamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes). Eles se concentraram em frente as escadarias do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, na Praça Santos Andrade. O ato foi chamado de “Luto pela ciência, pela universidade pública, pelo futuro”

A manifestação foi organizada pela UFPR e pelas entidades representativas de professores, servidores técnico-administrativos e estudantes: Associação dos Professores da UFPR (APUFPR), Sindicato dos Trabalhdores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior no Paraná (Sinditest-PR), Diretório Central dos Estudantes (DCE) e Associação dos Servidores da UFPR (Asufepar).

Basta lembrar, por exemplo, que, caso confirmado, o corte nos valores destinados às bolsas prejudicará a formação de profissionais da educação básica, afetando a médio prazo especialmente as famílias que dependem da escola pública. De acordo com a Capes, são 105 mil bolsistas só nos programas de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) e de Residência Pedagógica. Além disso, o corte interromperia também o funcionamento do Sistema Universidade Aberta do Brasil e do Programa de Mestrado Profissional para Qualificação de Professores da Rede Pública de Educação Básica, afetando mais 245 mil pessoas, entre alunos, bolsistas, professores, tutores, assistentes e coordenadores.

Segundo informou a Capes, o corte orçamentário também levaria à suspensão do pagamento de todos os cerca de 93 mil bolsistas de mestrado, doutorado e pós-doutorado do país e afetaria a continuidade de praticamente todos os programas de cooperação internacional desenvolvidos pelas universidades públicas federais.

Em pronunciamento gravado na semana passada, o reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, disse que esta é uma questão que “diz respeito à nação brasileira como um todo e ao tipo de compromisso com o futuro que todos nós queremos construir”.

“Ciência e tecnologia não é assunto só de pessoas com jalecos e que habitam em laboratórios. Estão ligadas àquilo que de mais básico circunda nossas vidas, como as condições para melhorar nossa saúde, para aumentar nossa longevidade, a qualidade de como nós vivemos, melhorar aquilo que comemos, boa parte daquilo que produzimos e consumimos. Mas também como pensamos, como sentimos, como nos organizamos em sociedade, como podemos viver de maneira mais solidária e mais tolerante e com mais respeito aos legados civilizacionais que são nosso patrimônio”, afirmou.

“Golpear os lugares de produção de conhecimento ou deixar de investir na produção da ciência e tecnologia vai causar uma descontinuidade no processo de produção dos saberes que talvez não consigamos recuperar no futuro, ou, o que é ainda pior, vamos causar uma descontinuidade geracional na formação de novos cérebros”, disse o reitor.