Franklin de Freitas – Laço preto em frente à escola onde estudava Ana Carolina

Os casos de feminicídio, assassinatos de mulheres, quase dobraram em um ano no Paraná. Segundo dados da Coordenadoria das Delegacias da Mulher do Paraná (Codem) em 2018 foram registrados 62 ocorrências em todo o Estado. Já o ano passado fechou com 113 casos. Se comparados a 2017, a alta é ainda maior. naquele ano foram 40. No domingo é comemorado o Dia Internacional da Mulher.

O aumento dos casos de feminicídio são um fenômeno nacional, que se intensificar em 2019. Em São Paulo, por exemplo, o número de homicídios caiu, mas os casos de feminicídio subiram 34%, passando de 136 para 182 entre 2018 e 2019.

No Brasil, a mesma situação. Enquanto o número de homicídios dolosos de mulheres teve queda de mais de 14% em 2019, o de feminicídios subiu 7%. Foram 1.314 casos registrados em todos os estados mais o Distrito Federal.

Em Curitiba
Nesta semana, a morte da escrivã da Polícia Civil do Paraná, Maritza Guimarães de Souza, de 41 anos, e sua filha Ana Carolina de Souza, de 16, ocorrido na noite de quarta-feira (4), chocou a Capital. O suspeito de ter atirado contra as duas foi o companheiro de Maritza, o delegado Erik Bussetti.

Um outro caso também de grande repercussão neste ano foi o do bailarina Maria Glória Poltronieri, encontrada morta em Mandaguari, no Norte do Estado, no dia 26 de janeiro. O suspeito de ser autor do assassinato foi encontrado na semana passada.

Delegado foi transferido para Pinhais

O delegado Erik Bussetti foi transferido para o Complexo Médico penal, em Pinhais, nesta quinta-feira (5), pouco depois de ter audiência na Divisão de Homícidios de Curitiba (DHPP), onde ficou calado em seu depoimento. Segundo sua defesa, a sua condição é de profunda depressão. Segundo a polícia, ele não resistiu à prisão e entregou à arma aos policiais assim que eles chegaram até a casa de vizinha,onde acabara de deixar sua filha de 9 anos. O crime aconteceu na noite de quarta-feira. Bussetti teria disparado de 4 a 9 tiros em Maritza e na enteada Ana Carolina.

Na tarde desta quinta, o Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol) emitiu uma nota de pesar e repúdio contra o duplo feminício. “Nossa irmã de armas e sua filha foram mortas com tamanha covardia e frieza que espanta qualquer ser humano. As verdadeiras vítimas foram ceifadas de suas vidas na madrugada de hoje (quinta) e morreram abraçadas em sinal de misericórdia, diante de um algoz cruel e calculista’, diz a nota.

Maritza e sua filha seriam veladas em Curitiba a partir da noite de quinta e seus corpos sepultados nesta sexta-feira (6), em Piraí do Sul, nos Campos Gerais, cidade natal da escrivã.

Campanha mostra os sinais da violência

Mulheres vítimas de agressão costumam informar acidentes com frequência; apresentar lesões incompatíveis com os relatos dos acidentes; ter hematomas, queimaduras, contusões e fraturas; sofrer humilhações diante de familiares e amigos; ter a liberdade restringida (ser proibida de trabalhar, estudar ou sair de casa); relatar dores de diversas naturezas; isolamento e mudanças frequentes de emprego ou endereço; baixa autoestima, insônia, medo e sentimento de culpa e depressão, além de transtornos alimentares.

Estes comportamentos fazem parte de uma cartilha de uma campanha lançada, nesta quinta-feira, pela Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho em alusão ao Dia Internacional da Mulher. “A campanha conscientiza a sociedade sobre a importância de denunciar por meio dos telefones 180 (Central de Atendimento a Mulher) e 181 (Disque Denúncia) sobre qualquer tipo de agressão, seja física, psicológica, moral, sexual e patrimonial contra a mulher”, disse o secretário Ney Leprevost.

Todo o material da campanha, como cartazes, flyers, marca páginas e banners para redes sociais, está disponíveis gratuitamente para toda a população no site http://www.sejuf.pr.gov.br.