Pedro Ribas/SMCS

O casal de aposentados Edit Fonseca e Otávio Almeida Fonseca, ambos de 74 anos, já tinham o Pavilhão da Cura, no Parque Barigui, como uma lembrança marcante em suas vidas. Neste sábado (18/9), ao receberem a dose de reforço contra a covid-19, eles é que deixaram uma marca: foram os últimos curitibanos a receber o imunizante no espaço que foi referência da vacinação em Curitiba e que hoje fecha suas portas, após 274 dias.

“A primeira dose foi muito emocionante, a segunda, também, com todos sendo muito gentis conosco desde a entrada. Hoje, fechamos com chave de ouro. Chegamos em cima da hora e vimos mais uma vez essa equipe disposta a fazer nossa imunização com toda a dedicação, mesmo cansados de um longo dia de trabalho”, disse a professora aposentada.

O marido, Otávio, conta que a terceira dose veio para dar mais segurança à saúde de ambos e que vão seguir com todos os protocolos de prevenção. “Sem dúvida, ficamos mais aliviados porque podemos ter um pouco mais de liberdade”, disse o aposentado.

Durante a pandemia, o casal ficou 500 dias sem ver filhos e netos e agora vislumbram dias mais esperançosos.
Foi no Pavilhão que a vacinação contra o novo coronavírus começou em Curitiba, em 20 de janeiro. Naquele dia, a primeira dose foi para a enfermeira da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Boa Vista Silvana Maria Bora. Em todo o período de portas abertas, o local respondeu por aproximadamente 20% de todas as doses aplicadas no município.

Neste último dia de vacinação no local, a espera foi longa, especialmente no drive thru.

Vacinação continua
Na despedida, o Pavilhão acolheu para a dose de reforço idosos acima de 70 anos e com a segunda dose realizada há mais de 180 dias, além de pessoas imunossuprimidas com a segunda dose recebida há mais de 28 dias.

Agora, a imunização contra a covid-19 segue, a partir de segunda-feira (20/9), em outros 18 pontos da cidade. O encerramento das atividades no Pavilhão acontece depois de Curitiba ter chamado toda a população acima de 18 anos para vacinação. Ao todo, 97% da população de Curitiba acima de 18 anos já receberam ao menos uma dose e 54,8% da população acima de 18 anos de idade foram vacinadas com as duas doses ou a vacina de dose única.

Logística eficiente
Utilizando 3 mil m² da área de 7,5 mil m² do Centro de Eventos Positivo, o Pavilhão da Cura foi projetado pela Prefeitura com uma estrutura capaz de imunizar até 500 pessoas por hora, em 52 boxes.

O aposentado Eros Alberge, 88 anos, disse que o Pavilhão mostrou-se um local exemplar para a vacinação, sendo bastante arejado, com muitos boxes para a aplicação e com logística eficiente. “O pessoal aqui está fazendo um atendimento muito bom”, elogiou.

Comemoração e despedida
O último dia de trabalhos no Pavilhão não foi menos emocionante que os demais 241 dias em que os 500 profissionais – entre funcionários, voluntários e parceiros – receberam a população. Via-se pelos corredores do Centro de Eventos quem comemorou as vacinas recebidas, registradas em fotos.

Houve também histórias de quem fez aniversário no dia da imunização, com motivo duplo para comemorar. Neste sábado, foi a vez do aposentado José Ferreira do Nascimento que, nascido em 18 de setembro de 1921, completou 100 anos recebendo a dose de reforço do imunizante.

Ao fim da jornada desta tarde, a equipe se reuniu nos meio do Pavilhão para agradecer pelo desafio cumprido e se despedir do local que ajudou a transformar em fonte de esperança pelo fim da pandemia.

Drive-thru
Além do atendimento dentro do Pavilhão, o Parque Barigui mais uma vez foi um dos locais da cidade que ofertou a vacinação em drive-thru para os idosos com dificuldade de locomoção. Com a alta demanda, foram abertos mais dois pontos de vacinação dentro do carro para acelerar o fluxo. 

Infraestrutura
A definição por utilizar o espaço considerou o fato de que local já contava com infraestrutura elétrica, hidráulica e de equipamentos, o que permitiu a rápida implantação de organização do processo de trabalho da Central de Vacinação.

Além dos 52 boxes de vacinação com acessibilidade plena para cadeirantes, a estrutura contou com áreas de espera no pré-vacina e de estabilização no pós-vacina, consultório médico, sala de observação e emergência equipada com oxigênio, ambulância de plantão e sanitários públicos, um setor de administração, almoxarifado com 130 m² para acondicionar insumos e mais 100 m² climatizados para preservar as vacinas em refrigeradores especiais, além de espaço para material de limpeza e área de resíduos separada. Próximo à entrada havia posto da Guarda Municipal e uma ala destinada à imprensa.