Franklin de Freitas – Frota em duas rodas espera retomar patamar que tinha em 2004

Para cada três carros produzidos no Brasil, duas novas bikes e motos no mercado, em média. É o que revelam dados divulgados nesta teça-feira (11) pela Associação Brasileira de Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Bicicletas e Similares (Abraciclo) e na semana passada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), os quais apontam que a produção de motocicletas e bicicletas cresce mais aceleradamente do que a de autoveículos no país. Há alguns anos a proporção era de três por um.

Entre janeiro e novembro deste ano, foram produzidos em todo o país 1,72 milhão de motos e bikes (751,8 bicicletas e 968,8 mil motocicletas), um crescimento de 17,9% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram produzidas 1,46 milhões de unidades. Já a produção de veículos no país teve crescimento de 8,8% nesse mesmo período, passando de 2,7 milhões de unidades para 2,48 milhões.

Esse fenômeno é algo recente, sendo verificado, principalmente, em grandes centros urbanos, que já convivem com os problemas de engarrafamentos constantes, por exemplo, o que se soma à alta no preço da gasolina como um dos motivos que tem feito as pessoas abandonarem o automóvel por outros modais. Os dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), inclusive, apontam nesse sentido. 

Em Curitiba há uma retração da frota de autoveículos, que diminuiu em 1,23% em cinco anos, passando de 973.850 para 961.864 unidades – em 2015, essa frota chegou a bater recorde na cidade, com 980.980 automóveis. Por outro lado, a frota de motocicletas não deixou de crescer, acumulando um crescimento de 7,07% desde 2014. Atualmente são 130.770 motos circulando pela cidade, 3,43% a mais do que no ano passado. Já a frota de automóveis voltou a crescer na Capital neste ano (na comparação com 2017), mas de forma ainda tímida: alta de 0,002%.

Paraná
No Paraná como um todo, a frota de carros segue crescendo mais do que a de motos (não há informações sobre a frota de bicicletas no estado ou no país). Entre 2014 e 2018, enquanto a frota de automóveis avançou 10,21%, chegando a 4,21 milhões de unidades, a de motocicletas cresceu 7,67%, com 1,06 milhão.

Expansão cicloviária impulsiona o mercado
Cyro Gazola, vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo, aponta que o bom momento do setor se deve, em grande medida, ao aumento da estrutura cicloviária nas cidades. No ano passado, por e xemplo, foram construídos 33 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas em todo o país. Atualmente, as capitais do país já contam com 3.291 quilômetros de vias destinadas a bicicletas, com alta de 133% em quatro anos.

Essa infraestrutura, entretanto, ainda representa, de acordo com Gazola, apenas 3% da malha viária do país. Mesmo assim, é um fator importante para a expansão do mercado de bicicletas no país. “Já é um elemento que hoje determina o crescimento da nossa indústria”, ressaltou. Em Curitiba, são 204,2 quilômetros de malha cicloviária, o equivalente a 4,52% da malha total.

Marcus Ferminian, presidente da Abraciclo, aponta que a retomada do setor em 2018 se deve à melhora da confiança dos consumidores na economia e à expansão do crédito. 

A expectativa do setor é fechar o ano com a produção tendo crescido 17,2% em relação ao ano passado. Para 2019, a previsão é de uma expansão de 4,3% na produção. Ele ainda destaca que a expansão neste ano “reverte o ciclo de queda” enfrentado pela indústria desde 2011. Com a volta do crescimento, o setor volta ao mesmo patamar que tinha em 2004.