Quando uma família reclama da birra dos filhos, a pedagoga Marianna Canova, diretora do Peixinho Dourado Berçário e Educação Infantil, logo questiona como está a rotina em casa. Pela sua experiência, a maior parte das “crises de birra” está relacionada com o sentimento de falta de atenção. Pura saudade.

Com a realidade atarefada de todos nós, muitas vezes os momentos de alimentação, banho ou ida para a cama são os únicos tempos exclusivos da criança com os pais e pode ocorrer de ela tentar prolongar essas oportunidades. Mas o tempo passado em “cuidados” é diferente do tempo de “plena atenção”.

“Atenção é olho no olho, uma relação completa com a criança, sem uma outra atividade como pano de fundo e especialmente sem tecnologia”, explica a pedagoga. “É um tempo exclusivo, com envolvimento, e envolve sempre o diálogo.”

De maneira geral, é possível dizer que a birra diminui com esse tipo de atenção positiva. Isso se tornou realidade na rotina da família de Luice Tavares Carlos. O filho, Gabriel, de 3 anos, fazia muita birra, e os métodos que a família conhecia não estavam funcionando. “Com a orientação da escola, conseguimos conversar melhor com ele e fazer combinados. Isso evitou a maior parte das situações de birra. Um grande alívio!”, conta Luice.

Um método utilizado por eles foi o “quadro da rotina”, no qual foram colocadas fotos de Gabriel comendo, tomando banho, brincando e dormindo. O combinado é que ele precisa fazer as quatro coisas, mas pode escolher a ordem. “Funcionou super bem. Ele passou três dias consultando o quadro, mas agora nem precisamos mais olhar.”

Outra dica que ela aprendeu é usar o emocionômetro, feito com ímãs de geladeira que mostram as diferentes emoções. “Sempre que as birras começam, levamos o Gabriel até a geladeira e pedimos que nos mostre o que está sentindo. Começamos com as básicas: alegria, tristeza, sede, fome, cansaço, e depois incluímos vergonha, saudades, entre outras”, conta Luice.

 

Quanto tempo é preciso brincar?

“Como mínimo, podemos dizer que passar 40 minutos ininterruptos demonstrando interesse por seu filho é fundamental. Mas atenção: sem televisão nem celular!”, alerta a pedagoga. Por outro lado, o tédio é uma experiência importante na infância, e você não precisa “entreter” seu filho 24 horas por dia. É importante ensinar seu filho a lidar com as frustrações também.

Para Marianna, é um perigo o fato de o celular servir de “chupeta eletrônica”, oferecido à criança ao mínimo desconforto que ela manifeste. Depoimentos de mães mostram que começar o dia vendo desenho pode causar desde mau humor da criança até atraso no desenvolvimento, dependendo da quantidade de tempo utilizado.

Sobre a escola:

O Peixinho Dourado Berçário e Educação Infantil já formou muitas gerações. Desde 1980 instalado no Alto da XV, em Curitiba, acolhe crianças de 4 meses a 6 anos, com uma proposta pedagógica diferente. Por acreditar que todo mundo nasce um pequeno cientista curioso, investe em projetos que partem das próprias crianças, incentivando a descoberta com o uso de diferentes temas e materiais. Sobretudo, traz o cuidado com cada aluno de maneira completa, desde uma alimentação bem saudável até os aspectos cognitivo, social, emocional e funcional.