SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar fechou abaixo de R$ 4 nesta quinta-feira (27), reflexo da entrada de investidores estrangeiros no mercado doméstico. A Bolsa brasileira fechou com ganhos de mais de 1%, em 80 mil pontos.

A moeda americana terminou o dia em queda de 0,76%, a R$ 3,9950. É a primeira vez que o dólar fecha abaixo de R$ 4 desde o dia 20 de agosto.

Considerada uma cesta de 24 emergentes, o real foi a segunda que mais apresentou ganhos sobre o dólar, atrás apenas da lira turca.

"O dólar tem caído, em que pese o ambiente das pesquisas e debates [eleitorais]. Os formadores de preços dos ativos financeiros parecem não ver risco que exija ajuste em tais preços com o resultado das eleições", escreveu em relatório José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator.

O estrategista da corretora do Santander, Ricardo Peretti, aponta que o fluxo de entrada de investidores estrangeiros começou na metade do mês e vem se sustentando.

Quando eles voltam ao país, trazem dólares, ajudando a valorizar o real. Em setembro até o dia 25, o saldo de estrangeiros na bolsa está positivo em R$ 1,7 bilhão.

Peretti aponta, no entanto, que o movimento não ocorre apenas para o Brasil, mas para outros emergentes como Turquia e Rússia. Ele associa a entrada a uma calmaria de investidores após a entrada em vigor de novas tarifas impostas pelo presidente americano, Donald Trump, a produtos importados da China.

"A minha impressão é de que o mercado chinês reagiu bem [às tarifas], e os mercados emergentes liderados pela China começaram a puxar para cima as Bolsas", diz Peretti.

Para Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, há uma expectativa mais amena em relação à eleição.

Ele ecoa um relatório do Bank of America Merrill Lynch (BofA) obtido pelo jornal Valor Econômico nesta quinta, que aponta uma tolerância maior ao petista Fernando Haddad.

"Fernando Haddad moderou seu discurso e acreditamos que os clientes estão enviesados para aumentar a exposição no Brasil", escreveu o banco, segundo o Valor.

O mercado financeiro vinha mostrando forte resistência a Haddad, por considerá-lo o menos comprometido com reformas que consideram necessárias para o reequilíbrio das contas públicas.

Nos últimos dias, a percepção é de que mesmo Haddad tem se mostrado mais aberto ao ajuste fiscal, dizem alguns analistas.

Na sexta (28), será divulgada nova pesquisa Datafolha, após levantamentos do Ibope terem mostrado maior probabilidade de vitória de Haddad sobre Jair Bolsonaro em um eventual segundo turno.

O Ibovespa avançou firme, ganho de 1,71%, e fechou em 80.000 pontos. No exterior, os principais índices acionários também avançaram, mas com ganhos modestos.

O índice foi puxado pela disparada nas ações da Petrobras. Os papéis preferenciais da companhia (mais negociados) ganharam 6,29% após a estatal fechar acordo para encerrar investigação sobre corrupção nos Estados Unidos.