Arquivo Pessoal – André Neves figura entre os 282 artistas de 71 países que concorrem ao Alma.

Era uma vez… um ser humano como qualquer outro. Isso é o que ele diz! Porque esse ser humano como qualquer outro, que nasceu em Recife (PE) no ano de 1973, é um artista. E um artista é sempre alguém com uma visão um pouco diferente de mundo. Ele vê coisas que outras pessoas comumente não veem ou não estão treinadas para enxergar. Um colorido ali, uma ideia lá, um traço aqui, uma mensagem no ar.

Ele é André Neves, escritor e ilustrador, que se dedica aos livros para a infância, com uma ênfase na formação de leitores. Seus textos são sensíveis, muito poéticos. Combinados às imagens de apurada técnica, possuem estrutura dinâmica. Componentes que agradam a leitores de todas as idades.

André foi desde criança um artista e um leitor. Para ele, autor de narrativas tanto verbais quanto visuais, as linguagens andam juntas, abraçadas. “Ser artista impulsiona uma curiosidade leitora”, explica. Muitos de seus livros trazem de forma fantástica, ficcional, uma autobiografia.

Ainda bastante jovem, esse artista é reconhecido nacional e internacionalmente por seu trabalho. Atualmente mora em Florianópolis (SC), ministra cursos e workshops sobre leitura e imagem e é professor docente da Scuola Internazionale d’Illustrazione Stepán Zavrel, na Itália, desde 2012.

Muito premiado, André Neves teve a obra O Colecionador de Chuvas selecionada como hors concours em Melhor Ilustração do Prêmio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) em 2020. Foi finalista do Jabuti em 2021 com Obrigado, e com esse mesmo trabalho recebeu o prêmio da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (Aeilij) neste ano também.

Agora figura entre os 282 artistas de 71 países que concorrem ao Astrid Lindgren Memorial Award (Alma) na edição de 2022. O Alma é um dos mais importantes prêmios da literatura infantil concedido pelo Conselho de Artes da Suécia.

Acompanhe comigo essa entrevista.

 

TDQuem é André Neves?

 

ANUm ser humano como qualquer outro. E artista.

TDQuantas são as suas obras?

 

AN – Tenho um número significativo de livros publicados. Não conseguiria listá-los aqui. São mais de 130 ilustrados e 20 autorais. Escritos e ilustrados por mim.

 

TDQuando inicia o projeto de um novo livro você pensa em qual público pretende alcançar? Ou acredita, como Drummond, em Opiniões de Robinson, que “Não há escritores para homens e escritores para meninos. Há somente bons e maus escritores”?

 

AN – Penso em uma ideia. Um livro ficcional precisa de uma narrativa. Um início, meio e fim. Com um conteúdo significativo e estrutura conceitual. Só penso no leitor quando percebo que a ideia criativa inicial poderá virar um livro. Direcionando-me para alguns detalhes técnicos de estrutura e composição. 

Em relação a um texto, puro, limpo, redigido em folha branca. “Para escrita”. Sim, podemos considerar o pensamento do Drummond.

TD – Existe algum trabalho seu que fale mais ao seu coração?

 

AN – Todos me dizem algo e dialogam com o tempo e o espaço em que foram criados. 

TD – Como é o seu processo criativo? O start vem mais facilmente de uma imagem, uma palavra, uma situação, por exemplo?

 

AN – Das três situações. As ideias estão em nuvens. Basta estar atento para saber onde cairão e receber a chuva.

TD – Definido o assunto do próximo livro, você parte primeiro do texto ou da ilustração? Ou não há regra?

 

AN – Não há regras.

 

TD – Você acredita ser mais fácil ou mais difícil o trabalho de quem é o autor das duas narrativas – verbais e visuais? Digo, em comparação a quem faz isoladamente esses trabalhos e, por isso, acaba dependendo de outro profissional.

 

AN – Como domino as duas linguagens se torna mais fácil. Porém, sou mais exigente comigo. É preciso uma boa ideia para dar vazão a um bom projeto. Sendo bom, multiplicam-se as possibilidades e o desenrolar até o final.

TD – Antes de cada trabalho, há que tipo de pesquisa?

 

AN – Depende de como desejo contar. Se o texto ficcional vem de algo livre tenho maior liberdade. Nesse sentido, a questão da imagem pode priorizar a pesquisa. Para centralizar o espaço, personagens, contexto e a forma da história. 

TD – Quais os prêmios que já recebeu?

 

AN – Entre textos e imagens, foram alguns prêmios e distinções. Selos de livros “Altamente Recomendável” e alguns prêmios concedidos pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ); cinco prêmios Jabuti; quatro prêmios Açorianos de Literatura; Troféu Monteiro Lobato, concedido pela Revista Crescer; Prêmio Álbum Gráfico; Feria del Libro Infantil y Juvenil, México, 2010; e o Prêmio Speciale Concourse Lucca Comics Games em 2007, Itália. Mostras, exposições e seleções em catálogos internacionais são como prêmios. E os leitores são o reconhecimento maior.

 

TD – É comum ter ideias para mais de um projeto de literatura ao mesmo tempo? Como você os prioriza?

 

AN – Sim, sempre. Mas ficam como ideias, anotações, instigações para o futuro. No agora desenvolvo um a um. 

TD – Você foi uma criança leitora?

 

AN – Sim. Amém! E artista desde sempre. Ser artista impulsiona uma curiosidade leitora para desenvolver-se.

TD – Buscou preencher com seu trabalho alguma lacuna que encontrou quando criança ou jovem?

 

AN – Nunca. O que relaciono com o passado se transforma no presente com fantasia. Minha autobiografia acontece em livros de forma fantástica. Ficcional.

TD – Na sua opinião, qualquer tema pode se transformar em um livro?

 

AN – Sim, qualquer assunto. Para crianças ou adultos. O importante é a forma de ser narrado.

TD – É possível contar sobre os próximos projetos?

AN – Tenho livros para adiante, sem tempo previsto. 

 

 

Siga André Neves nas redes:

@neves.ilustra no Instagram

André Neves – Ilustrador e autor de livros infantis , no Facebook

 

*Fonte de pesquisa para temas e entrevistas: Instituto Fatum.