Lucilia Guimarães/SMCS

Com os hospitais de Curitiba e região metropolitana sofrendo para dar conta da demanda de pacientes contaminados pelo novo coronavírus, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da capital paranaense também já estão tendo dificuldade para lidar com a sobrecarga de trabalho. É o que denuncia o Sindicato dos Sevidores Municipais de Enfermagem de Curitiba (Sismec), que relata a situação da UPA Fazendinha como exemplo.

Confira a situação de cada um dos hospitais da Região Metropolitana de Curitiba

De acordo com Raquel da Silva Padilha, presidente do Sismec, nos últimos dias diversos profissionais da área de saúde repassaram ao sindicato informações sobre superlotações de UPAs. Na madrugada de hoje, a situação mais grave era na UPA da Fazendinha. O cenário é classificado por Padilha como “bem preocupante”, uma vez que as UPAs “estão sobrecarregadas, estão muito cheias”.

“Na UPA Fazendinha, por exemplo, nesta madrugada eles não tinham lugar para colocar as crianças, estavam tendo de deixar crianças em consultório médico porque não tem [mais lugar]. Estão misturando com os adultos, estava tudo lotado, tudo, tudo, tudo. Não estão sendo transferidos [os pacientes]”, relata a presidente do Sismec, comentando ainda que a sobrecarga de trabalho se agrava por conta da necessidade de afastamento de diversos funcionários por motivos de saúde.

“Estamos com 40 profissionais na UPA Fazendinha afastados por Covid e mais alguns por outras doenças. Então mais da metade dos profissionais estão afastados, está com superlotação e os pacientes estão demorando a ser transferidos dali. O pessoal não quer mais fazer extra, estão com medo de fazer extra. A enfermagem está amedrontada, está apavorada”, diz a sindicalista.

A situação, entretanto, não chega a ser novidade. No final de junho, quando os primeiros hospitais de Curitiba começaram a colapsar, dois profissionais que estão na linha de frente no enfrentamento à pandemia já haviam relatado o agravamento da situação nas UPAs, em decorrência da superlotação de hospitais.

“Estamos com 100% das vagas ocupadas de UTI para Covid e estamos mantendo pacientes graves na UPA para ganhar tempo e esvaziar alguma vaga. Alguns hospitais já não têm mais vagas nem nos seus pronto atendimentos”, disse na ocasião um médico à reportagem.

Prefeitura diz suprir afastamentos temporários com horas extras e explica adaptações nos espaços das UPAs

Em nota encaminhada ao Bem Paraná na tarde desta quarta-feira, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que o encaminhamento de pacientes para leitos em hospitais acontece de acordo com uma avaliação que atende critérios diversos, entre eles a gravidade dos casos. Com relação às crianças em consultórios, afirmou tratar-se de uma adaptação em decorrência do cenário da pandemia. Por fim, com relação ao déficit de profissionais/afastamento de trabalhadores contaminados e por outros motivos, disse que tem suprido a demanda com horas extras.

Confira a nota na íntegra

“A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), informa que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Fazendinha realizou 163 atendimentos na noite de ontem (7/7), o que corresponde à metade da média de atendimento habitual.

Quando há necessidade de continuidade assistencial o paciente é inserido na central metropolitana de regulação de leitos, que avalia a prioridade de cada caso – a central atende UPAs e hospitais SUS de Curitiba e dos demais 28 municípios da região metropolitana – a avaliação tem como base múltiplos critérios, entre eles a gravidade.
Durante esse processo o paciente permanece sob cuidado médico e de enfermagem em tempo integral nas UPAs.

Sobre a suposta falta de profissionais, informamos que não há déficit de pessoal nas escalas. Quando há registro de afastamentos temporários, a demanda é suprida por horas extras.

O cenário da pandemia tem exigido adaptações nos espaços das UPAs de acordo com a demanda, como por exemplo, a mudança do espaço destinado ao atendimento infantil para um espaço menor (consultórios) devido a menor procura em relação aos sintomáticos respiratório.

Curitiba conta com 598 leitos SUS exclusivos covid-19 – entre clínicos e UTIs – o Plano de Contingência prevê novas ativações conforme demanda.”