Luiz Costa /SMCS

A hora do almoço, do jantar ou do café também são momentos para aprender compartilhar experiências. Foi pensando nisso que a equipe da Escola Municipal CEI Professora Maria Augusta Jouve, no Alto Boqueirão, em Curitiba, decidiu transformar o intervalo das refeições num momento especial, com ambientes agradáveis e acolhedores, que reflitam o respeito que a escola tem com as crianças. 

A professora Ângela Maria dos Santos, que atua com Práticas Ambientais, conta que havia desperdício, muita agitação e resistência à diversidade de alimentos servidos na unidade. A alternativa foi iniciar o modelo self service, no qual a criança se serve sozinha. “Assim valorizamos a autonomia dos estudantes, sem deixar de incentivar a escolha delas para que experimentem comidas ainda desconhecidas. Essa organização fez com que concentração, equilíbrio e hábitos de convivência fossem incluídos na rotina das crianças. Foi uma grande transformação”, explica Ângela.

O uso de garfo e faca, ao invés de colheres, também contribuiu para modificar a hora do almoço de cerca de 300 crianças da educação em tempo integral. “Essa é uma estratégia para seguir o que eles têm em casa e compor melhor a apresentação do prato”, disse a professora.

Lugar que acolhe

A escola percebeu a importância de cuidar do refeitório como um espaço de aprendizagem depois de avaliar o comportamento dos estudantes na hora do almoço. O cenário do refeitório, lugar onde crianças eram servidas ou sentavam à mesa e comiam rapidamente, foi transformado em um lugar mais acolhedor.

“Optamos pelo sistema self service porque ele dá autonomia às crianças na hora da escolha, colabora no processo de reeducação alimentar e promove uma mudança de comportamento”, conta a diretora Carla Aparecida Cavichioli.

A alimentação é servida em um balcão térmico e apresenta diariamente diferentes opções de cardápio, com frutas, legumes e hortaliças. Além disso, mesas decoradas, utensílios especiais para alimentação e a presença dos monitores fazem a composição do refeitório. “Aqui tem todo alimento que preciso e a atenção de colegas que se reúnem como num restaurante”, conta Stanley Candio, 7 anos.

Diariamente, além da equipe da escola, o horário do almoço conta também com crianças monitoras que preparam as mesas, ajudam a organizar filas, a orientar as crianças para levar pratos e talheres aos lugares corretos após a alimentação e a separar restos orgânicos dos recicláveis.

“Adoro ser monitora. Aqui estamos aprendendo que almoço não é só comida. Também aprendemos o valor do 'por favor', 'obrigado', da presença dos amigos e exercitamos os conteúdos da sala, como sustentabilidade”, explica a estudante Bianca Cristina Nardone, 10 anos.

“Achei o trabalho desafiador e surpreendente. Vejo minha filha mais independente, segura, tendo prazer em saborear a comida e aproveitando as refeições em família”, conta Débora Pereira, mãe da Cecília, de 5 anos.

“A mudança foi significativa. Meu filho passou a exigir que arrumássemos a mesa e sentássemos juntos para tomar café da manhã, almoçar e jantar”, afirma a Luiz Carlos Pilan, pai de Patrick Luiz Pilan, 5 anos.