A máxima de fazer o bem sem olhar a quem é prática diária de quem tem o voluntariado dentro do coração. Costumo dizer que voluntariado é vocação, muito mais do que uma participação pontual em evento ou ação. Ainda é pequena a parcela da sociedade que se engaja nesse tipo de iniciativa.
Assim é definido o trabalho voluntário, pela Lei nº 9.608, de 1998, que o regulamenta: “Atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade (…). O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim”.
O voluntariado traz benefícios tanto para a sociedade em geral como para quem realiza tarefas voluntárias. As ações produzem importantes contribuições não só na esfera social, como também na econômica, da mesma forma que contribui para a uma sociedade mais unida, por meio da construção da confiança e da harmonia entre as pessoas.
Quando o IAS – Instituto Amiga dos Sonhos nasceu, nasceu com ele uma vontade de multiplicar, de fazer reverberar pequenas ações, transformando sonhos em realidade. Não importa o tamanho do sonho. Nós, fadas madrinhas, contamos com a ajuda de parceiros para essas singelas realizações. E desde 2011, temos realizado os mais diversos desejos: festas de quinze anos, casamentos, geladeiras e até mesmo remédios controlados e de difícil acesso, antes mesmo de as campanhas de internet, tão atuais, ganharem proporção. Sim, todas as ações são bem-vindas, mas o maior desafio que enfrentamos é a manutenção do nosso voluntariado.
Sempre digo que as pessoas que doam seu tempo e suas habilidades para o IAS o fazem de coração aberto, mas o problema que encontramos no voluntariado é a renovação dessa “mão de obra”. Precisamos de mais e mais pessoas dispostas a ajudar, a fazer o bem, a se doar. Aqui, nossa única moeda é a ação social. Não aceitamos doações em dinheiro, contando com aquilo de mais valioso que nossos voluntários têm: seu tempo e sua profissão. Por conta disso, nossas fadas sempre nos auxiliam na sua área de atuação. São dentistas, médicos, cabeleireiros, professores, sempre encaixando a sua habilidade na necessidade de nossos sonhadores.
Muitas vezes, o sonho não é um sonho, é uma necessidade, como a aquisição de medicamentos para uma doença rara, às vezes, o sonho é conhecer o mar, como já fizemos com mais de 20 idosos. E o sonho de cada um é um sonho diferente. Quem somos nós para julgar?
O IAS só existe porque conta com a ajuda de pessoas comprometidas com a causa social. Por aqui já passaram mais de 300 mulheres, fadas madrinhas, como costumamos chamar as nossas realizadoras de sonhos. Mas, como uma andorinha só não faz verão, nosso time precisa de constante renovação, para que quem já está na jornada não desista no meio da caminhada e para que estejamos sempre nos renovando.
O trabalho voluntário pode ser a oportunidade de desenvolver novas habilidades pessoais e profissionais. Proporciona a descoberta de novas amizades, propicia vivências de experiências diversas. O ganho, muitas vezes, está na troca de vivências.
Temos ciência de que não vamos mudar o mundo, de que o que fazemos sim, é uma gota no oceano, mas se não fosse a nossa gota, certamente o oceano seria menor.
Se está nos seus planos doar um pouco do seu tempo a alguma causa, comece olhando a cidade ao seu redor, a sua comunidade, dentro do seu bairro. Certamente, há muito a fazer. E se você acha que pode fazer mais, junte-se ao Instituto Amiga dos Sonhos e participe das ações que organizamos e que constantemente realizamos, seja em datas festivas ou não. A sua ajuda, o seu tempo são muito bem-vindos. Quem sabe, você possa se tornar a fada madrinha de alguém e transformar doces sonhos em realidade.
Jussara Amaral é presidente do Instituto Amiga dos Sonhos