Franklin de Freitas

O governo federal bloqueou R$ 25.691.096,00 do orçamento da Universidade Federal do Paraná (UFPR) para 2022.  De acordo com nota oficial da universidade, esse corte, torna impossível manter compromissos, bolsas e planos até o final deste exercício, que se encerra ao final de 2022. “Isso é uma realidade crua para nós e para todas as universidades federais. Trata-se de uma tragédia nacional, que atua contra o nosso futuro e contra nossa juventude, afetando sobretudo os estudantes mais vulneráveis. Quem sofre é o futuro, as novas gerações e o nosso desenvolvimento econômico e tecnológico. Parece que ciência, universidades e o futuro estão no final na fila no Brasil. Uma vitória do obscurantismo”, diz nota da UFPR.

Na última sexta-feira (27) o governo Bolsonaro anunciou o aumento do valor a ser cortado do Orçamento, que deve subir para R$ 13,5 bilhões. As reduções são sobre verbas discricionárias, que garantem custeio e investimentos, e as áreas mais atingidas são a Educação, que deve perder R$ 3,2 bilhões; a Ciência e Tecnologia, com menos R$ 2,9 bilhões, e a Saúde, com redução de R$ 2,5 bilhões. O governo usa o reajuste de 5% dos salários do funcionalismo como justificativa para o corte. Nas universidades, o valor bloqueado representa cerca de 14% do orçamento reservado este ano. Esse bloqueio, no marco de um orçamento já criticamente reduzido, pode significar de fato que muitas universidades tenham que recorrer a medidas emergenciais como a suspensão de pagamento de água e luz, suspensão de laboratórios, bem como corte de bolsas e anúncio de reajustes nas tarifas dos restaurantes universitários.

“Estes dois bloqueios inviabilizam o funcionamento da ciência e das universidades. O orçamento aprovado no ano passado já era menor e agora este corte. E a Ciência e as universidades que se mostraram tão importantes nesta pandemia foram penalizadas mais uma vez. É uma tragédia”, disse o reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca. “A gravidade disso tudo aumenta quando se vê que também foram bloqueados, no mesmo ato, quase 3 bilhões de reais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, que seriam destinados ao fomento da pesquisa no país. As universidades e institutos federais e o sistema  de ciência e tecnologia são, com isso, as áreas mais prejudicadas nesse corte orçamentário que, a nosso ver, poderia estabelecer prioridades diferentes”.