Ernani Ogata

Uma fila de cinco ambulâncias se formou no início da tarde desta quinta (17) na frente no Hospital Angelina Caron, em Campina Grande Sul, na Região Metropolitana de Curitiba. De acordo com informações apuradas pela reportagem do Bem Paraná, alguns pacientes aguardavam leitos Covid e outros vagas para outras enfermidades. Segundo boletim da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), atualizado na quarta (17), o hospital não tinha uma vaga sequer em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e enfermarias Covid SUS, e também em UTIs gerais. 

O Hospital Angelina Caron (HAC) confirmou, em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, que o aumento do número de casos de pacientes com Covid-19 está pressionando todo o sistema de saúde e, em alguns momentos, gerando filas de espera de ambulâncias com pacientes que necessitam de internamento. As filas incluem pacientes com covid e também pacientes de outras especialidades. “Nesta quinta-feira (17), houve fila de cinco ambulâncias, dentre elas, apenas um paciente estava com Covid-19. O tempo de espera dessas ambulâncias não excedeu a 40 minutos. Neste momento, não há mais fila. O hospital recebe pacientes encaminhados diretamente pelo SAMU, grande parte considerada ‘vaga zero’, ou seja, quando o hospital é obrigado a internar o paciente mesmo sem ter vagas. O HAC integra a rede hospitalar de enfrentamento à Covid-19 no Estado do Paraná e tem um total de 26 leitos não críticos e 51 leitos de UTI, de atendimento exclusivo para pacientes com a doença”, diz a nota. O hospital é hoje o único da região metropolitana que tem um Pronto Socorro (PS) “porta aberta”, contando com uma procura direta de pacientes da RMC, de municípios como Campina Grande do Sul, Quatro Barras, Piraquara, Pinhais, Bocaiúva do Sul, Colombo, além de Curitiba, que corresponde a cerca de 25% dos internamentos, de acordo com a assessoria de imprensa “Nas últimas semanas, assim como outras instituições do estado, o hospital registra 100% de ocupação dos leitos de enfermaria e UTI, para casos gerais e de Covid-19”, afirma ainda o hospital em nota.

A superlotação está longe de ser exclusividade do Hospital Angelina Caron. O Hospital do Trabalhador, em Curitiba, por exemplo, registrava taxa de ocupação de 100% em UTIs e leitos de enfermaria na quarta. O Hospital de Reabilitação, em Curitiba, o Hospital do Rocio, em Campo Largo, e o Hospital São Sebastião da Lapa também apresentavam 100% de taxa de ocupação em UTI. O número de pacientes à espera de um leito na Grande Curitiba chegava ontem a 294 pacientes, sendo 156 na fila de uma vaga em UTI e 128 aguardavam um lugar em leitos de enfermaria. Em todo o Paraná, a fila chega a 879 pacientes. As UTIs Covid SUS de Curitiba estão há 22 dias com lotação acima de 100%, alcançando o ápice em 1 de junho, com 104%. 

“Com a flexibilização das medidas restritivas, as pessoas estão achando que está tudo sob controle. E não há nada sob controle. A pressão no sistema de saúde não diminuiu e tende aumentar nos próximos dias. As equipes de saúde, dos socorristas aos médicos intensivistas estão exaustos”, disse um médico que atua em dois hospitais da Região Metropolitana de Curitiba. 

Taxa de transmissão volta a subir

A taxa de transmissão da Covid-19 voltou a subir no Paraná após quase 20 dias de redução de circulação do vírus. A média atual no território paranaense é de 1,04, o que significa que 100 pessoas contaminadas transmitem o coronavírus para 104. Os dados são do sistema Loft.Science, que calcula o Rt médio de todos os estados e do País a partir de um algoritmo desenvolvido pela empresa. Os números foram atualizados nesta quarta (15). O Paraná estava no patamar de redução da circulação do vírus desde o dia 28 de maio, e chegou a 0,91 em 6 de junho, justamente no período das medidas mais restritivas decretadas pelo Estado e algumas prefeituras do Estado. Com índice do dia 6, o estado chegou a ser o segundo estado com menor taxa de transmissão no País. Nesta quarta (16), no entanto, o Paraná já era 11º com a menor taxa.