Divulgação – O show Caravanas mostra um Chico Buarque mais solto

Demorou sete anos, mas Chico Buarque chegou. Ele se apresenta de quinta (2) até sábado (4) no Teatro Guaíra para alegria dos fãs saudosos. O sucesso se explica não só pela expectativa naturalmente criada em torno dos shows de Chico, afastado dos palcos desde 2012. O álbum ´Caravanas ´(lançado pela Biscoito Fino) foi apontado por muitos como um dos melhores do ano, assim como a canção As caravanas – tomada desde o nascimento como um dos grandes clássicos da obra do compositor. Além disso, o show mostra um Chico dialogando com seu tempo de forma aguda, como em alguns dos períodos mais marcantes de sua carreira. E aqui a expressão “seu tempo” tem sentido duplo. Por um lado, trata do momento de tensão política e social que o Brasil e o mundo atravessam. Por outro, “seu tempo” diz respeito ao tempo que o artista procura afirmar no palco, acima de qualquer cronologia. O “tempo da delicadeza”, como escreveu ele sobre a melodia de Cristóvão Bastos em Todo o sentimento – não por acaso, presente no repertório.
A grandeza do que se vê no palco, porém, não se resume às canções. Chico é sustentado por uma banda primorosa, que, a partir dos arranjos de Luiz Claudio Ramos, parece se multiplicar. Ela é formada por  João Rebouças (piano), Bia Paes Leme (teclados e vocais), Chico Batera (percussão), Jorge Helder (contrabaixo), Marcelo Bernardes (flauta e sopros) e Jurim Moreira (bateria), além do próprio Luiz Claudio Ramos (violão). Também constroem o espetáculo a luz de Maneco Quinderé, os figurinos de Marcelo Pies e o cenário de Helio Eichbauer, com um jogo de oito cordas entrelaçadas – que formam diferentes desenhos e movimentos e mudam de tom de acordo com a iluminação 
A turnê Caravanas tem produção geral de Vinícius França e direção técnica de Ricardo Tenente Clementino. 

Há mais de 40 anos Luiz Claudio Ramos conhece Chico Buarque. O primeiro contato profissional aconteceu na gravação da canção “Bárbara”, disco com a trilha sonora do musical Calabar. Depois ele subiu ao palco como integrante da banda de Chico no histórico show Chico & Bethânia, no Canecão em 1975. Desde então a amizade e a admiração entre os dois só foi aumentando, e as responsabilidades também. A partir do CD Paratodos (1993) Luiz Claudio Ramos se tornou o “maestro do Chico”, responsável por arredondar os arranjos musicais junto com o compositor. Ele que chega com o espetáculo Caravanas – que fica em cartaz de quinta a domingo no Guairão – contou com exclusividade ao Bem Paraná o que o público pode esperar do show.

BP — O show “Caravanas” é fruto de um disco curto, com apenas 9 faixas e 30 minutos de duração. Como foi o processo para ampliar esse disco em um espetáculo? De que formas as músicas antigas do Chico “conversaram” com as novas?
Luiz Claudio Ramos —
O Chico é o responsável pelo roteiro. Ele chega com um roteiro básico, durante os ensaios mudamos algumas músicas e todos participam, mas é o Chico que estabelece a ligação entre as músicas.Baseado nas canções novas, o próprio Chico coloca as músicas mais antigas para compor o repertório e dialogar com essas novas composições. São quase  30 canções, então há espaço para músicas de todas as épocas.

BP — Depois desse “quebra-cabeças musical” montado entra (ou sai) alguma peça (música) nova durante a turnê. De que forma vocês vão “arrendondando” o show na estrada?
Ramos —
Durante a turnê só teve novidade em Portugal, porque o Chico pediu para incluir “Tanto Mar”. O show vai arredondando musicalmente.

BP — Você acredita que esse show tem algum assunto mais recorrente nas letras? O espetáculo anterior me pareceu um pouco mais romântico. E agora? O que você acha que o Chico está apresentando em Caravanas? 
Ramos —
Eu acredito que não tenha nenhum assunto recorrente. Os shows que fizemos foram mais ou menos seguindo a mesma lógica, acho que o Chico não tem essa preocupação em ser político, ou não ser, embora isso ocorra naturalmente, pois as próprias músicas falam por ele e sempre têm uma conotação política. 

BP – Esse show é dedicado ao baterista Wilson das Neves que faleceu ano passado. Como tem sido lidar com a ausência dele? 
Ramos —
É a primeira turnê sem ele. Ele é insubstituível, cada músico tem a sua linguagem e o Das Neves tinha a linguagem dele muito clara. Como o Jurim, que o substituiu, também tem a linguagem dele. Os dois são grandes músicos.

BP — O momento político está a flor da pele com muita intolerância – principalmente nas redes sociais. Isso tem influenciado de alguma forma a plateia, o Chico ou os músicos durante a turnê?
Ramos —
Estamos em uma efervescência política e a plateia participa bastante. Acredito que em Curitiba, em função do Lula estar preso aí, pode ter uma manifestação mais intensa. De uma forma geral, sempre tem uma manifestação. E o Chico é democrático, todos sabem a posição política dele, mas ele permite todas as manifestações, sejam contra ou a favor. 

BP — Você acompanha o Chico ao longo de muitos anos. Ele me parece muito meticuloso a cada trabalho musical que apresenta, seja em disco ou nos shows. Como você avalia esse momento da carreira dele? 
Ramos —
A carreira dele está em uma constante evolução. Especialmente nesse show ele está mais solto, está cantando cada vez melhor e se preocupando em ser cantor. Ele sempre foi tímido, mas tenho a impressão que ele está se soltando mais nesse show.


Setlist

Provável repertório do show
 
1. “Minha Embaixada Chegou” 
2. “Mambembe” 
3. “Partido Alto” 
4. “Iolanda” 
5. “Casualmente” 
6. “A Moça do Sonho” 
7. “Retrato em Branco e Preto” 
8. “Desaforos” 
9. “Injuriado” 
10. “Dueto” 
11. “A Volta do Malandro” 
12. “Homenagem ao Malandro” 
13. “Palavra de Mulher” 
14. “As Vitrines” 
15. “Jogo de Bola” 
16. “Massarandupió” 
17. “Outros Sonhos” 
18. “Blues pra Bia” 
19. “A História de Lily Braun” 
20. “A Bela e a Fera” 
21. “Todo o Sentimento” 
22. “Tua Cantiga” 
23. “Sabiá” 
24. “Grande Hotel” 
25. “Gota d’Água” 
26. “As Caravanas” 
27.  “Estação Derradeira”/”Minha Embaixada Chegou” 
BIS 
28. “Geni e o Zepelin” 
29. “Futuros Amantes” 

SERVIÇO
Caravanas – Show com Chico Buarque e banda
Onde: Guairão
Praça Santos Andrade s/n٥
Quando:  02, 03 e 04 de agosto, às 21h
Quanto: Plateia – R$ 490,00 (inteira) | R$ 245,00 (meia)
1º Balcão:  – R$ 420,00 (inteira) | R$ 210,00 (meia)
2º Balcão:  – R$ 300,00 (inteira) | R$ 150,00 (meia)
+ R$ 6,00 (seis reais), referentes à taxa de conveniência cobrada pelo DiskIngressos