Franklin de Freitas

O pronto-socorro do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, referência no atendimento de crianças e adolescentes pelo Sistema Único de Saúde (SUS), atingiu 100% de lotação na manhã desta quinta (28), por causa do aumento de atendimentos por problemas respiratórios e não consegue mais receber pacientes.  Em nota encaminhada à imprensa, o hospital diz que trabalhando em um plano de contingência. A orientação é para que as famílias busquem uma Unidade Básica de Saúde (UBS) em casos que não são de urgência e emergência. “Referência em atendimento de alta e média complexidade,o Pequeno Príncipe reitera que não é uma unidade de busca direta pela população. Como retaguarda para Curitiba e Região Metropolitana, o atendimento de emergência, realizado no Pronto Atendimento, é destinado aos casos de maior gravidade e aos pacientes que necessitam de hospitalização”, diz a direção do hospital, em nota.

A nota esclarece ainda que se for necessário a própria UBS fará o encaminhado para o Pequeno Príncipe, que é referência em atendimentos de média e alta complexidade para Curitiba e região. “Grandes oscilações de temperaturas e a chegada do outono são alguns dos fatores que colaboram para o aumento de doenças respiratórias nesta época do ano. Neste ano, o volume está bastante intenso, o que causa uma procura muito acima da média aos serviços de saúde em Curitiba”, afirma trecho da nota. Ao todo, o hospital tem 384 leitos de internação. No pronto-socorro do SUS, são 10 consultórios para atendimento, seis leitos de observação, um leito para isolamento e mais dois leitos exclusivos para emergências. “Com mais de 100 anos de atuação, o Pequeno Príncipe sempre trabalha com foco na qualidade, excelência, equidade e humanização no atendimento de crianças e adolescentes de todo país e nesse momento delicado pede a compreensão de toda população em prol da saúde infantojuvenil”, encerra a nota.

Em reportagem do Bem Paraná publicada em 21 de abril, o vice-diretor técnico do Hospital, o médico infectologista pediátrico Victor Horácio de Souza Costa Júnior, já alertava para o aumento de atendimentos e alegava que até então,  80% dos atendimentos não deveriam ser feitos na emergência e sim no consultório. No dia anterior, 20 de abril, a espera por atendimento no estabelecimento tinha sido de 6 horas e meia. No Hospital Nossa Senhora das Graças, a espera chegou a sete horas também no dia 20. De acordo com a assessoria de imprensa do Nossa Senhora das Graças, entre o início de março até o dia 19 de abril, 90% do atendimento do pronto-atendimento pediátrico eram de casos não urgentes. 

Prefeitura de Curitiba reorganiza serviço por causa de alta de atendimentos infantis

Em razão do aumento de procura por atendimento de crianças com sintomas respiratórios na rede de saúde (pública e privada) de Curitiba, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) optou por reestruturar, temporariamente, seus serviços. A mudança será mantida enquanto houver necessidade. A partir da próxima sexta-feira (29/4), 11 unidades de saúde serão convertidas em pontos de atendimento de adultos e crianças com sintomas respiratórios leves e moderados (moradores de Curitiba com sintomas respiratórios leves devem optar pela teleconsulta pelo telefone 3350-9000). Nove dessas unidades (lista abaixo) atenderão crianças, adolescentes e adultos com sintomas respiratórios e, por isso, não farão aplicação das vacinas contra gripe e covid-19. Já a unidade Ouvidor Pardinho receberá apenas adultos. A unidade Mãe Curitibana atenderá apenas o público infantil (exceto neste sábado, quando vai receber as crianças do Dia D da vacinação contra gripe e sarampo). Nos dias de funcionamento, a Ouvidor Pardinho e A Mãe Curitibana manterão a vacinação contra gripe e covid para os públicos convocados. Os horários de funcionamento serão de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e no sábado, das 8h às 17h.

A superintendente de gestão da SMS, Flávia Quadros, explica que a alta da demanda pediátrica tem gerado aumento no tempo de espera para atendimento dos casos menos graves nas Upas. Esse cenário exige que o município adote estratégias que priorizem os atendimentos emergenciais sem deixar de acolher todos os que procuram os serviços de saúde. Flávia lembra que a volta da circulação de outros vírus já era um movimento esperado, principalmente com a chegada do outono. “No auge da pandemia nós já alertávamos que quando a covid-19 regredisse outros vírus voltariam a circular. Isso, associado ao perfil climático da cidade, favorece o adoecimento de maior número de pessoas, principalmente as crianças que passaram longo tempo em casa”, explicou Flávia. 

No mês de janeiro, do total 93.248 atendimentos realizados pelas UPAs de Curitiba, 19% eram crianças, no mês de abril, dos 65.346 atendimentos 35% eram de crianças, um aumento de 84% no percentual de atendimento de crianças.

Os atendimentos infantis registrados tem como causas principais, sintomas de infecções respiratórias e outras infecções virais e bacterianas.