Franklin de Freitas

Manifestantes pró-Bolsonaro arrancaram da frente do Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR) uma faixa com os dizeres “EM DEFESA DA EDUCAÇÃO #OrgulhoDeSerUFPR #UniversidadePública #EuDefendo”.A Praça Santos Andrade, onde fica o Prédio, é o principal ponto de concentração dos ativistas em Curitiba neste domingo (26 de maio), data em que diversos municípios brasileiros (entre eles 24 do Paraná) recebem atos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

Nas últimas semanas, contudo, o local também foi palco de atos em favor da educação pública e contra o contigenciamento de gastos do Ministério da Educação, que bloqueou 30% das verbas discricionários (usadas em despesas não obrigatórias) das universidades e institutos federais. Foi num desses protestos que a faixa foi pendurada no local.

Desde a chegada dos primeiros manifestantes pró-Bolsonaro, contudo, causou incômodo entre os bolsonaristas a presença daquela faixa. A certa altura, então, os presentes resolveram arrancar o objeto do local, alegando que “hoje o dia é nosso”. Do caminhão de som, os organizadores do protesto prometeram devolver a faixa. Mas quando duas garotas foram tentar “resgatar” o material, iniciou-se uma série de agressões verbais e físicas, segundo o relato da fotojornalista Giorgia Prates, do jornal Plural.

Após fazer vários fotos do ato, Giorgia se afastou da multidão para mandar algumas imagens aos jornalistas que trabalhavam na redação. Ao notar que acontecia uma briga nas escadarias do Prédio Histórico, contudo, seguiu seu instinto jornalístico e voltou para o meio dos manifestantes em busca de um registro. O que não esperava era que de um caminhão de som os líderes do ato ainda tratassem de alimentar a confusão e colocar uma profissional da midia em risco.

“No que me aproximo, o rapaz do som começa a falar: ‘Esse de moicano também é’, ainda me tratou como se fosse homem. Um rapaz começou a colocar a mão na frente da câmera, eu disse que estava trabalhando e ele começou a gritar, me chamar de vagabunda, tentou dar um tapa na minha cara mas acertou meu pescoço”, relatou ela ao Bem Paraná.

Pouco antes, outro fotojornalista, Franklin de Freitas, do próprio Bem Paraná, havia sido agredido verbalmente pelos manifestantes justamente por filmar os manifestantes retirando a faixa com os dizeres “em defesa da educação. “Fui bastante hostilizado. O clima está tenso aqui.”

Além disso, um jornalista da Gazeta do Povo e um estudante de jornalismo que cobriam o evento também foram agredidos enquanto trabalhavam.

Confusão entre bolsonaristas

Também na Praça Santos Andrade, houve um princípio de confusão entre manifestantes pró-Bolsonaro. Como se pode ver nos vídeos abaixos, um senhor com uma camisa com o rosto de Bolsonaro acusa outro manifestante de estar “infiltrado” no ato, ou seja, seria alguém de esquerda querendo causar “balbúrdia” (para empregar o mesmo termo utilizado pelo ministro da Educação Abraham Weintraub para justificar o corte de verbas das universidades e institutos federais).  Uma viatura da Polícia Militar que passava pelo local chegou a parar para verificar o que estava acontecendo, mas a situação logo foi controlada.

Vinte e quatro cidades paranaenses recebem atos pró-Bolsonaro

Vinte e quatro das 399 cidades do Paraná realizaram neste domingo (26 de maio) atos pró-Bolsonaro. Na capital paranaense, pelo menos três diferentes eventos foram organizados nas redes sociais para chamar os bolsonaristas às ruas. Parte dos manifestantes se reuniu na Boca Maldita, no Centro, e outra parte na Praça Santos Andrade.