Henry Milléo

Apoiadores da Operação Lava Jato e do ex-juiz e hoje ministro da Justiça Sergio Moro realizam neste domingo (16 de junho) uma manifestação em frente da Justiça Federal, no bairro Ahú, em Curitiba. O ato foi convocado pelo Facebook pela página República de Curitiba, que possui mais de um milhão de seguidores, e a concentração dos manifestantes teve início às 14 horas.

Na página do evento, os organizadores destacam os resultados da Operação Lava Jato, citando que desde 2014 foram apresentadas mais de 60 denúncias com 91 condenados e cifras bilionárias recuperadas aos cofres públicos do país. Até perto das 15 horas, no entanto, a adesão ao protesto era pequena.

Na última semana, uma série de reportagens do jornal The Intercept colocaram em xeque a imparcialidade do juiz Sergio Moro e a postura do Ministério Público Federal (MPF) na Operação Lava Jato, em especial no processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre as revelações, feitas a partir da obtenção conversas privadas dos membros do Poder Judiciário po meio de aplicativos como o Telegram, há evidências diversas que apontam a atuação em conluio do juízo (Sergio Moro) com a acusação (MPF), contrariando a exigência de equidistância do juiz entre as partes no processo penal. 

Por outro lado, o MPF e o juiz Sergio Moro condenam a forma como tais informações foram obtidas (acusam terem sido hackeados) e nos últimos dias também passaram a questionar a veracidade dos conteúdos, alegando que as conversas poderiam ter sido forjadas.

Pedido de prisão preventiva

Na esteira do escândalo provocado pela revelação dos arquivos secretos da Lava Jato, o coletivo nacional Advogados e Advogadas pela Democracia protocolou na noite de ontem (15 de junho) uma notícia-crime no Suprerior Tribunal de Justiça (STJ) contra o ex-juiz Sérgio Fernando Moro e os procuradores federais Deltan Dallagnol, Laura Tessles, Carlos Fernando dos Santos Lima e Maurício Gotardo Gerum. Todos aparecem nos diálogos revelados pela série de reportagens que estão sendo divulgadas sob coordenação do jornalista Glenn Greenwald, cuja equipe teve acesso a conversas privadas de membros da força-tarefa da Operação Lava Jato em aplicativos de conversa como o Telegram. Na petição, os advogados pedem ainda a prisão preventiva dos agentes citados, acusando o cometimento de pelo menos oito crimes, tentativa de obstrução da Justiça e possibilidade de destruição de provas.