Reprodução – A secretária de Curitiba

Após 133 dias atravessando momentos de bandeira laranja e vermelha de alerta para a Covid-19, a Prefeitura de Curitiba anunciou nesta quarta-feira (7 de julho) que o município retornará à bandeira amarela, o que possibilitará a ampliação de horários para funcionamento de algumas atividades, a retomada de atendimento presencial aos domingos e a reabertura de teatros, cinemas e bares. As boas novas, contudo, não significam que a situação na cidade esteja tranquila e que a vida esteja retornando à normalidade. Por isso, a secretaria municipal da Saúde (SMS) fez questão de ressaltar, em entrevista coletiva, a importância da população seguir respeitando medidas como o uso de máscara e também de seguir evitando aglomerações.

“Não é vida normal, não significa que está tudo bem, que a pandemia acabou. Precisamos da colaboração de todos”, diz a secretária Márcia Huçulak. “Número de casos ativos ainda é muito alto, acima de 7 mil, e temos uma meta para baixar esses número de casos ativos nos próximos 15 dias para menos de 5 mil, quatro mil casos ativos em Curitiba”, explicou ainda ela.

VEJA AQUI AS PRINCIPAIS MUDANÇAS COM A BANDEIRA AMARELA

Diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides de Oliveira explicou ainda que um cojunto de indicadores acabou permitindo o retorno do município a bandeira amarela e a flexibilização das medidas restritivas para o enfrentamento da pandemia.

“O conjunto dos nossos indicadores apontaram para a mudança da bandeira. A taxa de transmissão da doença, taxa de ocupação, dos óbitos… Esse conjunto, tanto na transmissão, hoje em torno de 700 casos por dia, dos óbitos, cerca de 20, 25 por dia, a taxa de transmissão que vem decaindo, enfermarias, UTIs, permitiram que a bandeira fosse para a cor amarela. Sem dúvida alguma é um indicador favorável, positivo para todos nós. Mas não é o momento para relaxamento, e sim para manutenção de todas as medidas de prevenção, como uso de máscara, higienização de mãos. A imunidade coletiva só será atingida quando tivermos mais pessoas imunizadas e mesmo assim precisaremos controlar a transmissão comunitária e também seguir com o monitoramento do comportamento da Covid, das novas variantes. Todo esse trabalho é ininterrupto.”

A secretária da Saúde de Curitiba também destacou a importância das pessoas que tiverem a doença ativa se isolarem. Segundo ela, hoje a taxa de transmissão na cidade ainda está alta e há casos no município em que uma única pessoa chega a transmitir o vírus para até 15 outros indivíduos

“Se esse vírus morrer com a pessoa, ela não transmitir para ninguém, vamos derrubar [a cadeia de transmissão]. Mas hoje temos alta taxa de transmissão, uma pessoa chega a transmitir para 10, 15 pessoas. Temos uma média 700 casos novos por dia, o que significa que daqui 10 dias teremos pelo menos mais 70 pessoas internadas, já que 10% dos contaminados mprecisa internar, precisa de UTI, e desses alguns vão morrer. O número de óbitos está alto por causa dessa alta taxa de transmissão da doença. Se amanhã vai numa festa, no dia seguinte fique de máscara, observe se não tem sintomas. E se testar positivo, avise seus contatos. Isso é importante também, as pessoas terem uma compreensão desse momento de solidariedade com a sociedade. Não temos interesse em fechar as coisas, nossa grande alegria é liberar a sociedade.”

Liberação de eventos

Pelo novo decreto municipal, que entra em vigor a partir de amanhã, ficam liberadas na capital paranaense reuniões com até cinquenta pessoas, incluindo comemorações, confraternizações e encontros familiares. Além disso, eventor corporativos, de interesse profissional, técnico e/ou científico (como jornadas, seminários, simpósios, work shops, cursos, convenções, fóruns e rodadas de negócios) podem acontecer em qualquer dia de semana, das 9 às 21 horas, com até 100 participantes. Segundo Márcia Huçulak, essas diferenças entre eventos corporativos/científicos e outros tipos de reunião se justificam justamente pelo caráter de cada uma das atividades.

“Evento corporativo, reunião de empresa, congresso, atividade científica, acadêmica, são siferentes de uma atividade de confraternização. O que é importante as pessoas terem em mente é que o grande aprendizado dessa pandemia, toda vez que se reúnem para festa, congraçamento, nesses lugares tem bebida e as pessoas tendem a relaxar. São grupos as vezes de pessoas amigas e familiares e esse momento é muito preocupante, AS pessoas tiram máscara, ficam próximaS, difícil num evento familiar as pessoas não se abraçarem. É um momento de festa, comemorações. Quando colocamos 50 pessoas o máximo para festa, falamos de coisas distintas, que é diferente de um congresso, onde você vai, fica sentado, as vezes nem conhece quem está do seu lado. Não dá para comparar uma festa de casamento, aniversário, com um evento corporativo, que é outro público e outro tipo de formatação. Por isso outro é 100 e um é 50 (pessoas).

‘Se vai pro bar amanhã, não vai no dia seguinte visitar alguém’

Outra atividade liberada pelo novo decreto é o funcionamento de bares, das 10 às 23 horas, em todos os dias da semana (com a entrada dos clientes até 22 horas e encerramento das atividades de atendimento ao público até 23 horas, permitido o consumo no local). Mais uma vez, porém, isso não significa que agora está tudo bem e as nossas vidas devem simplesmente voltar ao normal, ao que era antes da pandemia.

“A mensagem que precisamos passar é que a vida não volta ao normal. Não é porque amanhã liberamos bar que todo mundo vai correndo se aglomerar, abraçar o amigo. Se vai pro bar amanhã, não vai no dia seguinte visitar alguém, na casa da avó, do tio. Fique mais em casa se for para uma confraternização, com máscara [dentro de casa], inclusive, principalmente o jovem. A sociedade precisa ter um comportamento que nos permita não ter, daqui duas semanas, de voltar com bandeira vermelha porque os casos vão voltar a crescer”, ressalta Huçulak.