Geraldo Bubniak/AEN

Diante do novo avanço da Covid-19 em Curitiba, com recordes de confirmações, casos ativos e ameaça de colapso nas redes particular e pública de hospitais, o Ministério Público do Paraná (MPPR) voltou a pedir que a Justiça que analise o mérito da ação civil pública que questiona os métodos da Prefeitura de Curitiba para determinar os riscos. Para o MPPR, a matriz utilizada pela prefeitura para determinar o que abre e fecha na cidade durante a pandemia de coronavírus é ineficaz. 

Nesta segunda (23), a Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública de Curitiba voltou a peticionar nos autos de ação civil pública pedindo o julgamento antecipado do mérito. A medida foi adotada a partir do Decreto Municipal 1.570, de 20 de novembro de 2020, que prorrogou por mais uma semana na capital a vigência da bandeira amarela para efeitos das medidas de contenção à propagação do coronavírus, mesmo com avanço da pandemia. 

A Promotoria de Justiça sustenta que a matriz de risco atualmente utilizada pelo Município vem se mostrando ineficaz na prevenção e adoção de providências resolutivas para o enfrentamento da pandemia, sobretudo porque não permite a identificação eficiente de possíveis ameaças e vulnerabilidades causadoras dos riscos sanitários, não indica os métodos de cálculo e de avaliação desses riscos, não estabelece ordem de prioridade a ser levada em consideração nesses cálculos e avaliações de risco e tampouco permite explicitar as providências e ações de controle propostas a partir da metodologia seguida.

Ao demonstrar as fragilidades da matriz adotada, o MPPR argumenta que “o Município de Curitiba vem trilhando caminho contrário ao proposto pelas autoridades sanitárias do Estado do Paraná e pelos referidos Conselhos (Conselho Nacional de Secretários de Saúde e Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde)”. Para o MPPR, tal ordem de coisas tem estimulado a diminuição do isolamento social entre a população do município, o que aumenta os riscos de propagação do coronavírus.

Casos ativos em alta

Curitiba registrou nesta segunda-feira (23), 1.339 novos casos de Covid-19 e dez óbitos de moradores da cidade infectados pelo novo coronavírus, conforme boletim da Secretaria Municipal da Saúde. Seis desses óbitos ocorreram nas últimas 48 horas. As novas vítimas são sete homens e três mulheres, com idades entre 55 e 89 anos, que estavam internados. Duas pessoas que foram a óbito não tinham fator de risco para complicações da covid-19. Até agora são 1.638 mortes na cidade provocadas pela doença neste período de pandemia. São 11.232 casos ativos na cidade, correspondentes ao número de pessoas com potencial de transmissão do vírus.O número de casos ativos mais que dobrou nos últimos dez dias. 

UTIs lotadas

Boletim atualizado com dados de domingo (22) pela Secretaria de Estado de Saúde revelam que três hospitais públicos com leitos exclusivos para Covid-19 pelo SUS de Curitiba estão com as Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) lotadas. São eles: o Hospital de Clínicas, o Hospítal Evangélico e o Hospital do Trabalhador, que também está sem vagas na enfermaria.       

A nova onda de Covid-19 também atinge os hospitais particulares. Neste domingo (22), mais dois hospitais privados anunciaram que estão lotados por causa do coronavírus e que não receberão mais pacientes graves: o Hospital Nossa Senhora das Graças e o Hospital Sugisawa. O Hospital Marcelino Champagnat está colapsado desde a última terça (17) e, segundo a assessoria de imprensa, não há sinal de abrir vagas nos quartos e UTIs.    

Veja a ocupação dos hospitais do SUS em Curitiba 

Secretária da Saúde se diz indignada com aglomerações

Em entrevista à BandNews nesta segunda (23), a secretária municipal da Saúde Márcia Huçulak fez um desabafo de indignação com os registros de aglomeração no fim de semana em regiões de Curitiba, como Largo da Ordem e Shopping Hauer, e avisou que a Prefeituira está estudando novas medidas restritivas para o comércio e outras atividade já que os casos de Covid-19 estão aumentando. ” Vocês viram o final de semana. Largo da Ordem, Shopping Hauer… O que é aquilo? Mais do que preocupado com a bandeira, cada um precisa parar e pensar o que quer como cidadão. Esse é momento da sociedade, do coletivo. Quantas pessoas esse jovem pode estar matando porque transfere o vírus? Quantas pessoas fomos tirar, com a polícia, de dentro do trabalho sabendo que a pessoa tinha covid-19 e continuava trabalhando? No começo as pessoas não conheciam, a gente precisava alertar e orientar o uso de máscara, álcool gel, ventilar os ambientes. Agora não tem justificativa”, disse a secretária. 

Ela reforçou o apelo, já feito pelo prefeito Rafael Greca, que os curitibanos retomem as medidas de prevenção, como uso da máscara, distanciamento social e higiene das mãos.” A pandemia vai longe e vamos conviver com ela um bom tempo. Em setembro e outubro tivemos baixa nos casos com a sociedade funcionando, mas as pessoas relaxaram”, afirmou ela.