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Um adolescente foi flagrado ostentando o símbolo da suástica nazista em uma braçadeira na camiseta. A publicação feita em uma página da rede social,  mostra o adolescente na praça de alimentação de um shopping de Curitiba. “Curitiba, shopping, por isso o exemplo tem que ser dado, para que o próximo saiba que a fita é seria… Se o primeiro cretino tivesse sido tratado como se deve, o gurizão aqui iria pensar duas vezes…”, escreveu a página ao compartilhar a foto do nazista. A foto e o assunto viralizaram nesta quinta (19), mas a ameaça neonazista já é realidade no Paraná há algum tempo.

Estudo da pesquisadora e antropóloga Adriana Dias, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que prepara livro sobre cena extremista no Brasil. aponta existência de 334 células  neonazistas no país, com pelo menos 5 mil membros ativos. De acordo com o levantamento da antropóloga, a maior parte do movimento neonazista brasileiro concentra-se nas regiões Sul e Sudeste do país. Em São Paulo existem 99 células. Santa Catarina tem 69; Paraná, 66; Rio Grande do Sul, 47; e Rio de Janeiro, 22. Mas há também células em atividade em estados do Nordeste e do Centro-Oeste. O assunto foi trabalho de conclusão de curso de Adriana, em 2005, posteriormente e mestrado e finalmente em tese de doutorado. Agora ela prepara um livro que deve abordar especificamente os grupos neonazistas brasileiros.

Neonazistas condenados

Em agosto deste ano, o Tribunal do Júri condenou os sete acusados de integraram um grupo neonazista, em Curitiba, por crimes de racismo, associação criminosa e lesão corporal gravíssima. A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público estadual (MP) em 2005. O grupo teria espalhado adesivos racistas no centro da Capital paranaenses, com mensagens incentivando ataques a homossexuais e exaltando o ditador alemão Adolf Hitler e as ideias do movimento nazista.  De acordo com a denúncia do MP, as sete pessoas se envolveram em um caso de agressão grave contra um homossexual e um negro, que foram atacados com socos, chutes e golpes de estilete. A promotoria atuou na acusação e sustentou a prática dos crimes de racismo e discriminação, associação criminosa armada e lesão corporal gravíssima – tese acolhida pelos jurados. Além de agredir as vítimas, diz o MP, os réus distribuíram folhetos pela cidade com mensagens racistas, de ataque à população LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersex) e de alusão ao nazismo.

André Lipnharski foi condenado a 8 anos, seis meses e 15 dias de prisão por associação criminosa armada, racismo e discriminação lesão corporal gravíssima. Fernanda Kelly Sens a 2 anos, 10 meses e 15 dias de prisão por associação criminosa armada e racismo e discriminação. Drahomiro Michel Carvalho foi condenado a 2 anos, 10 meses e 15 dias de prisão por associação criminosa armada e racismo e discriminação. Bruno Paese Fadel foi condenado a 1 ano, seis meses e 22 dias de prisão por associação criminosa armada;

Estela Herman Heise a 1 ano, seis meses e 22 dias de reclusão por associação criminosa armada. Raul Astutte Filho a 6 anos, seis meses e sete dias de reclusão por associação criminosa armada e lesão corporal gravíssima. E Anderson Marondes de Souza a 7 anos e dois meses de prisão por lesão corporal gravíssima, associação criminosa armada e racismo e discriminação.

Em nota, a defesa de André Lipinharski disse discordar “tecnicamente da pena imposta” e anunciou que vai recorrer para redução ao mínimo e cumprimento em liberdade, alegando que ele é réu primário e sem registro de antecedentes.