Geraldo Bubniak/AEN

A pandemia do novo coronavírus ainda não acabou e os paranaenses já estão se descuidando naquela que é a mais importante e eficaz medida contra a Covid-19: a imunização. Segundo informações da Rede Nacional de Dados de Saúde (RNDS), nos últimos meses simplesmente despencou a procura pela vacina no Paraná, numa situação que já faz com que mais de 5 milhões de pessoas estejam com a vacinação atrasada no estado, conforme a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa-PR).

No primeiro mês de 2022, por exemplo, foram aplicados 1.888.668 doses do imunizante contra a Covid no Paraná, sendo que 305.819 dessas aplicações foram referentes à segunda dose da vacina e outras 1.255.152 foram dose de reforço (ou terceira dose). Desde então, contudo, a procura pela vacinação vem caindo gradativamente, tendo atingido seu menor nível no último mês.

Em maio, o total de doses aplicadas no estado foi de 521.544, número 72% inferior ao registrado em janeiro. No mês passado foram aplicadas 85.044 segundas doses, valor 72% inferior ao do primeiro mês do ano, enquanto o número de doses de reforço aplicadas foi de 220.792, com queda de 82% na comparação com janeiro.

Com a demanda em baixa, o Paraná tem visto crescer o contingente de pessoas com a vacinação em atraso e que, consequentemente, estão mais suscetíveis a desenvolver quadros graves da doença, caso contaminados. Nesse sentido, o último levantamento da Sesa-PR revela que há mais de 5 milhões de pessoas no Paraná que estão nessa condição, sendo que 1,3 milhão não tomaram a segunda dose do imunizante e 4,3 milhões não tomaram a primeira dose de reforço, totalizando 5,6 milhões de ‘atrasados’.

A situação, aliás, não é exclusividade paranaense. No Brasil, conforme o Ministério da Saúde, mais de 111,8 milhões de doses contra covid-19 já poderiam ter sido aplicadas em indivíduos aptos, mas que ainda não buscaram postos de saúde para atualizar a imunização. São 22 milhões de segundas doses e 62,7 milhões de terceiras (primeiro reforço), em atraso, além de 27,1 milhões de quartas doses (segundo reforço) em pessoas com 50 anos ou mais.

Segundo os dados do Vacinômetro nacional, o Paraná registra até agora 25.749.996 vacinas aplicadas, sendo 10.036.316 primeira dose (D1), 9.155.800 segundas doses (D2), 336.285 doses únicas (DU), 381.109 doses adicionais (DA), 5.259.327 primeiras doses de reforço (REF) e 581.159 segundas doses de reforço (R2). No país, o número de doses aplicadas chega a 444.713.715

A importância da imunização

Estar com a vacinação contra a Covid-19 em dia é importante porque alguns meses após as primeiras doses o nível dos anticorpos começam a cair no organismo do imunizado, o que significa que a proteção que as vacinas conferem contra a doença pode acabar sendo prejudicada. Dessa forma, as doses de reforço (como a terceira e a quarta dose) proporcionam um aumento na quantidade de anticorpos circulantes no organismo, reduzindo a chance de cada pessoa se infectar (ou reinfectar) e, principalmente, de desenvolver quadros graves da doença.

Além disso, caso surja uma nova variante do coronavírus, uma pessoa que está com a carteira de vacinação em dia e que acaba infectada tem maior chance de desenvolver anticorpos que se liguem a essa variante. “Uma vez a pessoa vacinada, o anticorpo promovido pela vacina era direcionado para a variante que deu origem à formulação da mesma, e nesse processo as pessoas também produzem anticorpos que possuem diversidade, e quanto mais isso ocorre, é mais provável que alguns se liguem à variante nova, fazendo ser reconhecido pelo corpo para a produção de mais do anticorpo específico. E com o nível elevado desse anticorpo no organismo circulando, aumentam as chances de proteção a nova variante”, explica o infectologista Raphael Lubiana Zanotti.

Cenário  da vacinação

Vacinação contra a Covid-19
mês a mês no Paraná em 2022
(total de doses aplicadas)

Janeiro: 1.888.668
Fevereiro: 1.574.534
Março: 1.241.835
Abril: 901.644
Maio: 521.544
Junho*: 446.54

*Até o dia 19/06

Detalhamento da vacinação contra a Covid-19 mês a mês no Paraná em 2022

Mês

1ª Dose

2ª Dose

Dose
Única

Dose
Reforço

2ª Dose
Reforço

Dose
Adicional

Total de Doses Aplicadas

Janeiro

219.325

305.819

509

1.255.152

43

107.820

1.888.668

Fevereiro

435.397

139.524

2.229

952.650

256

44.478

1.574.534

Março

147.025

294.530

1.437

744.812

13.993

40.038

1.241.835

Abril

41.399

194.068

2.456

384.088

243.398

36.235

901.644

Maio

22.894

85.044

1.594

220.792

167.263

23.957

521.544

Junho

12.191

34.385

706

220.852

156.144

22.262

446.540

Fonte: Rede Nacional de Dados de Saúde- RNDS

No PR, quarta dose começará a ser aplicada em pessoas acima de 40 anos

O Paraná irá começar ainda nesta semana a aplicação da quarta dose ou segunda dose de reforço (R2) da vacina anticovid para pessoas com mais de 40 anos. A medida segue orientação do Ministério da Saúde, que ontem anunciou o atendimento de um pedido feito pela Sesa-PR no mês passado, quando foi solicitada a ampliação desta nova etapa de vacinação para outras faixas etárias.

“Temos plena confiança que os índices da Covid-19 só são considerados estáveis hoje graças à vacinação, e, para isso, precisamos disponibilizar as vacinas para o maior número de pessoas. Vamos repassar a orientação aos municípios e disponibilizar mais doses para aqueles que precisarem”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, César Neves.

A estimativa do Ministério da Saúde é que 4,8 milhões de pessoas tenham mais de 40 anos no Paraná, sendo que 1.604.097 tem entre 40 e 49 anos. O Governo Federal informou ainda que 485.143 paranaenses entre 40 e 49 anos já estão aptos a receber a nova dose, ou seja, que tomaram a primeira dose de reforço (REF) há pelo menos quatro meses.

Vacina

Curitiba aplicou 1,29 milhão de doses de reforço

Curitiba aplicou 1.296.606 doses de reforço até a última sexta-feira. Entre estas aplicações, 1.049.082 foram do 1º reforço (ou 3ª dose, para quem tem esquema vacinal inicial com Coronavac, AstraZeneca ou Pfizer; segunda dose para quem recebeu a Janssen e quarta dose) e 247.524 foram de 4ª dose (ou o 2º reforço, recomendado para idosos com 60 anos ou mais e pessoas imunossuprimidas com 12 anos ou mais).