Franklin de Freitas – Apiário Sabor da Natureza notou o aumento da procura de mel durante a pandemia

Nesta quinta-feira (20) foi o Dia da Abelha. Neste sábado (22) será o Dia do Apicultor. E no Paraná, os motivos para celebrar as duas datas são diversos. Um deles, claro, é a relevância do inseto, um dos mais trabalhadores e dos mais úteis ao ser humano, sendo responsável, como destaca o poeta colombiano Enrique Álvarez Henao, por “levar o mel para a amarga vida/ e a vela branca para o pobre morto”. Outro é a crescente importância econômica da apicultura para o estado, ao ponto de o Paraná ter se tornado recentemente o maior produtor de mel do país.

Conforme dados da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Paraná colheu em 2019, último ano com dados disponíveis, 7.229 toneladas de mel. Isso significa que a produção de mel no estado praticamente triplicou em 20 anos, com um incremento de 184,55%.

Com isso o estado, que em 1999 era o terceiro maior produtor do país (atrás de Santa Catarina e Rio Grande do Sul), alcançou o posto de maior produtor nacional, com uma boa vantagem em relação aos gaúchos, que produziram 6.262 toneladas em 2019 — crescimento de apenas 4,63% na comparação com 20 anos antes, sendo que por dois anos seguidos a produção gaúcha teve queda, enquanto a paranaense registra três altas consecutivas.

Entre os municípios paranaenses, os principais destaques na apicultura são Ortigueira e Arapoti. Isso não significa, contudo, que outras localidades também não produzam e também não estejam crescendo na apicultura.

Na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), por exemplo, fica a cidade de Mandirituba, nome de vocábulo indígena (tupi manduri) que significa “lugar onde há muitas abelhas”. Lá é também onde está o Apiário Sabor da Natureza, criado há quatro anos por Julio Henrique Pereira da Cruz, numa espécie de resgate de uma tradição familiar. Segundo o empresário, desde o século XIX sua família, descendente de portugueses, está ligada à apicultura. Quando seu avô faleceu em 2001, porém, o negócio acabou ficando de lado.

“Aí uns anos atrás fui visitar amigos no centro do estado, eles criavam abelhas, e aí me deu um clique. Pensei: ‘Pow, é isso que quero fazer’. Não sei se é algo que já estava no meu DNA, mas é algo que amo de paixão”, conta ele que foi aprendendo com os parentes que viviam no interior (e também com a ajuda da internet) como viver entre abelhas, favos e colmeias. Uma iniciativa, inclusive, que acabou aproximando a família.

“Eu tinha uma relação um pouco afastada com meu pai. E quando tomei essa decisão [de investir na apicultura], foi algo muito legal, porque aproximou toda a família. Hoje trabalhamos eu, meu pai e minha mãe. Um enteado também está aprendendo a apicultura. Foi uma reação muito positiva e eles caminharam junto comigo”, celebra o apicultor.

Pandemia eleva procura por produtos apícolas na Grande Curitiba

Julio Cruz, do Apiário Sabor da Natureza, afirma que a procura por produtos apícolas tem aumentado por conta da pandemia, uma vez que itens como a geleia real e o mel própolis fortalecem a imunidade do organismo. Não à toa, aos poucos a apicultura vai se tornando a principal fonte de renda do empresário, que ainda tem um trabalho registrado, mas cada vez mais se dedica às abelhas.

“Posso te dizer [que a procura por produtos apícolas] aumentou uns 20, 30%. Hoje eu vendo mel, própolis, cera, geleia real… Além disso, o mel está num preço muito bom. As exportadoras querem comprar e está faltando. Antes, a gente vendia o mel, em barril de 300 quilos, a R$ 5 o quilo. Hoje gira em torno de R$ 12 e já chegou a R$ 14. É a lei da oferta e da procura”, comenta o apicultor, relatando ainda que quem investe no negócio consegue ter retorno em um tempo médio de cinco anos.

Para conhecer mais sobre o trabalho do Apiário Sabor da Natureza, acesse o Instagram ou Facebook @apiariosabordanatureza. Além disso, a empresa também atende aos clientes pelo WhatsApp, cujos números para contato são (41) 98751-0715 e (41) 98868-1498.

Há cada vez menos abelhas no mundo. E isso pode ser catastrófico

Em 2016, um relatório divulgado pela ONU alertou para o desaparecimento das abelhas no planeta por conta do uso excessivo de inseticidas e o desmatamento. Caso esses insetos sumam do planeta, toda a atividade agrícola do mundo corre risco, uma vez que as abelhas são responsáveis por polinizar 80% das plantas do mundo – uma só abelha pode percorrer até 12 quilômetros em busca de alimento e água, sendo que cada inseto visita dez flores por minuto e toca em cerca de 240 mil flores num dia.

No livro “O filho dos dias”, o escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano relata que Albert Einstein comentou certa vez, numa roda de amigos, que se as abelhas desaparecessem, a Terra teria poucos anos de vida. “Os amigos riram. Ele não. E agora acontece que no mundo há cada vez menos abelhas”. Nos EUA, por exemplo, mais de 60% das abelhas desapareceram em 24 estados. Na Europa a situação é parecida. E se essa tendência continuar, enfrentaremos em breve uma catástrofe, com todo o ecossistema sendo alterado e a sociedade tendo de lidar com a ameaça de faltar comida.

Dia da Abelha e do Apicultor

A semana corrente pode, basicamente, ser definida como a Semana da Abelha. Isso porque duas datas celebram o inseto e a apicultura como um todo. O dia 20 de maio, por exemplo, marca o Dia Mundial da Abelha, em homenagem ao esloveno Anton Janša, nascido em 1734 e considerado o pioneiro da apicultura moderna. Já no dia 22 celebra-se o Dia do Apicultor, em data que também celebra o Dia de Santa Rita de Cássia, que é a padroeira dos apicultores.