Franklin de Freitas – UTI: colapso no próximo dia 16

Especialistas ouvidos ontem pela Frente Parlamentar do Coronavírus da Assembleia Legislativa alertaram para o risco de um colapso total do sistema de saúde do Paraná já na semana que vem. Segundo eles, projeções indicam que a taxa de ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no Estado, que está em 96%, pode ultrapassar os 100% na próxima terça-feira. A situação é agravada pelas novas cepas da Covid-19, que são mais contagiosas e atingem jovens e adultos.
O diretor do centro de estatística do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Daniel Nojima, informou que a projeção do órgão é que a taxa de ocupação de UTIs fique em 96,7% nos próximos dias. Caso as piores projeções se concretizem, o número pode chegar a 102,7%, quando o sistema entra em colapso total na semana que vem.
Segundo ele, neste ano, temos outro patamar da pandemia. Enquanto em outubro do ano passado registava-se 1,1 caso de Covid a cada 10 mil pessoas, no início deste mês o número saltou para 4,1 pessoas. A previsão é de que o número chegue a cinco ainda este mês. “Além da agressividade do vírus, temos o estresse do sistema de saúde”, apontou.
O diretor de gestão da Secretária de Estado da Saúde (SESA), Vinícius Filipak, alertou que o sistema de saúde está no máximo de sua capacidade. “Nas últimas três semanas, tivemos uma elevação absurda. Digo que estamos diante de uma nova Covid. Tem de ser entendido como uma nova doença. A rapidez e a infecção são muito grandes”, disse.
Filipak lembrou que a gravidade da doença também é diferente. “Temos menos casos, mas eles são muito mais graves. A mortalidade é elevadíssima. Cerca de ¼ das pessoas internadas morrerem. Estamos chegando a uma mortalidade de 30% esta semana para quem é internado”, afirmou. Ele informou que, hoje, 1185 pessoas esperam a internação, sendo 567 na UTI e 618 em leitos clínicos.
Hospitais – Roberto Raitzz, da comissão de enfrentamento ao coronavírus da Universidade Federal do Paraná (UFPR), defendeu novas restrições à circulação. “Também vemos que os profissionais de saúde estão no limite da capacidade humana de atendimento. Logo faltará gente para atender”, alertou.
Rangel da Silva, presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Fehospar), disse que além do número de leitos, os hospitais podem sofrer um colapso financeiro. “O sistema de saúde do Paraná já está em colapso e todos sabemos disso. Está próximo de não conseguir mais ser ampliado. Faltam equipamentos, não temos mais suporte para oxigênio”, afirmou. “Se não nos organizarmos, vamos perder para o vírus”, previu.