SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No mercado financeiro, uma semana marcada por pressões cambiais e alta volatilidade nas Bolsas se encerrou com novas doses de tensão. Na cena internacional, pesou a desvalorização da lira turca. No terreno doméstico, a instabilidade veio do cenário eleitoral.
Nesta sexta-feira (17), o dólar subiu 0,25% e fechou a R$ 3,9160. Durante o dia, bateu a máxima de R$ 3,9514 (+1,16%). O Ibovespa, índice das principais ações da B3, perdeu 1,03%, fechando em 76.028,51 pontos. No pior momento do dia, caiu 1,5%.
Na semana, a moeda americana acumulou 1,31% de alta, e a Bolsa, 0,63% de baixa.
O pregão de sexta já começou nervoso, ainda por causa da desvalorização da lira turca frente ao dólar, reflexo da troca de sanções entre o país e os Estados Unidos. Pela manhã, a lira turca perdia 4%.
A agência de risco Standard & Poor’s cortou a nota de crédito soberano da Turquia para grau especulativo e prevê uma recessão no país em 2019.
Em abril, houve uma ataque especulativo na Turquia e Argentina, com a desvalorização das moedas e a consequente forte alta dos juros nos dois países.
O movimento contaminou negativamente a percepção dos investidores em relação a emergentes, como o Brasil.
O nervosismo aqui, porém, foi reforçado de manhã com a divulgação de pesquisa eleitoral da XP Investimentos.
O levantamento mostrou crescimento das intenções de voto em Fernando Haddad (PT) e ainda a estagnação de Geraldo Alckmin (PSDB).
Para o economista-chefe do banco Haitong, Flavio Serrano, não houve nesta semana nenhum dado que justificasse o estresse nos mercados.
“A agenda trouxe indicadores dentro do esperado em termos de inflação e atividade econômica”, diz Serrano, referindo-se ao IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) e ao IPCA 15.
Mas o estresse, com muito sobe e desce de preços no pregão, deve continuar. “Vai ser assim até o fim eleições. As notícias relacionadas aos candidatos têm pesado muito para os negócios”, afirmou.
Para Serrano, é cedo para definir um panorama eleitoral. “Qualquer movimentação do mercado em função disso só vai ter algum sentido a partir de setembro, com a propaganda no rádio e na TV”, diz.
Até lá a especulação deve mover os investidores, que ainda esperam uma melhora no desempenho de Alckmin, o candidato apontado como o preferido por executivos do mercado.
Segundo um operador mais pessimista, se o candidato tucano não avançar haverá mais instabilidade.
O PT registrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato, apesar de ele estar preso. Haddad é oficialmente o vice e pode assumir a vaga se a candidatura Lula for impugnada.
A pesquisa XP foi feita entre os dias 13 e 15 de agosto, com mil entrevistas por telefone. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais e o intervalo de confiança, de 95%.
A consulta feita exclusivamente por telefone, porém, é um procedimento alternativo que não é adotado em outras pesquisas eleitorais, como as realizadas por Datafolha e Ibope.
A pesquisa da XP foi conduzida pelo Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) e registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número 02075/2018.