Um ato relâmpago está sendo organizado por estudantes e membros da comunidade acadêmica na Universidade Federal do Paraná para o final da tarde desta sexta-feira em resposta à série de operações da Justiça Eleitoral e da polícia contra manifestações políticas nas universidades brasileiras. Segundo os organizadores do evento, as operações em mais de 30 universidades atacam "o direito democrático dos estudantes se organizarem, protestarem e se manifestarem politicamente".  O evento está sendo organizado pelas redes sociais

Ainda segundo os organizadores, na UFPR, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE/PR teria tentado proibir uma reunião de estudantes, "podendo fazer uso de força policial para que ela não acontecesse". 

Na UFPR, apesar da decisão do TRE, o movimento estudantil diz ter feito uma Assembleia Geral e debateu os recentes casos de violência, a situação do país e a perseguição do TRE. Vários cursos fizeram assembleias, debates e paralisaram. 

Censura – O reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca, publicou em sua página no Facebook na manhã desta sexta-feira (26 de outubro) um texto de alerta sobre a censura contra universidades brasileiras.

De acordo com o professor de História do Direito, a nossa liberdade de expressão "está sofrendo restrições inauditas e as universidades estão sendo censuradas", destacando ainda que esse processo segue o modo de restrições de direitos e a erosão das democracias modernas: por meio do “normal funcionamento das instituições” e, neste caso em particular, por determinações da Justiça Eleitoral.

Ao longo do texto (que você pode conferir na íntegra ao final desta reportagem), o reitor da UFPR faz referência a uma série de situações ocorridas nos últimos dias, com a invasão de policiais federais e militares em universidades públicas de todo o país para interrogar estudantes e professores, apreender materiais e ordenar a retirada de comunicados do ar. A prerrogativa utilizada pelos juízes é a de que os materiais constituem campanha para o candidato Fernando Haddad.

Uma das primeiras ações nesse sentido, inclusive, ocorreu em Curitiba há cerca de duas semanas, quando o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) proibiu o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Paraná de realizar uma reunião aberta para discutir os casos de violência relacionada às eleições. Segundo a decisão do juiz eleitoral Douglas Marcel Peres, publicada em 10 de outubro, o ato planejado pelos estudantes seria irregular por fazer propaganda em imóvel pertencente à adminitração pública indireta da União. O magistrado baseou-se no artigo 73 da Lei 9.504/2017 para proibir o evento, argumentando que a reunião beneficiaria algum candidato, partido político ou coligação, o que feriria a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais.

Já na manhã de ontem, policiais federais armados adentraram a Associação Docente da Universidade Federal de Campina Grande (ADUFCG) para recolher o "Manifesto em Defesa da Democracia e da Universidade Pública", assinado pela categoria e aprovado em Assembleia. O HD do computador da assesoria de imprensa do sindicato docente também foi levado, tudo atendendo a ordem do juiz eleitoral Horácio Ferreiora de Melo Junior.