Daniel Castellano – São Francisco é uma das áreas revitalizadas pelo Rosto da Cidade

Inspirado no Vale do Silício, na Califórnia, que abriga startups e empresas globais de tecnologia, com Apple, Facebook e Google, o Vale do Pinhão é o movimento da Prefeitura e do ecossistema de inovação para estimular o desenvolvimento sustentável da capital, inclusive com revitalização de espaços. No início, a iniciativa revelou-se conceitual mas agora é visível.

“Recentemente foi inaugurado o Cria (Centro Rebouças de Aceleração e Renovação). É um hub (concentrador) de inovação completamente privado, mas naquela ideia de trabalharmos juntos, a gente vêm desde o começo do projeto deles nessa parceria mostrando e aproximando eles das startups que teriam interesse ou que eles teriam interesse, ajudando também na questão da desburocratização e processos da construção. Esse centro vai se tornar uma referência na cidade”, afirma Cris Alessi, presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento.

Carlos German, um dos idealizadores do Cria, afirma que integrar o Vale do Pinhão dará maior proximidade aos atores do segmento da tecnologia. “A ideia é que empresas de tecnologia e inovação estejam em uma região da cidade. É funcional, a possibilidade que traz de ter empresas nas proximidades, incluindo o Centro Politécnico da UFPR, a PUC. Esse primeiro projeto é para que traga mais empresas, mais pessoas, para desenvolver mais ainda aquele bairro e cada vez mais fomentar o ambiente corporativo da região, substituir as antigas fabricas por ambiente de tecnologia”, afirma.

German explica que o Cria desenvolve soluções para a cidade. “Uma iniciativa para desenvolver cidades inteligentes, trazer um públicos voltados a isso, iniciativas sustentáveis e energias renováveis. Isso está já inserido na nossa cidade. Uma serie de semáforos sincronizados; no terminal sabendo o tempo que o ônibus vai chegar; que o cidadão está sendo captado por câmeras; que um edifício produz menos carbono e consome menos energia, você está trazendo uma melhoria para toda a sociedade. Tudo que se desenvolve em um ambiente de networking de tenologia, que é nova, essa conexão esta presente para gerar soluções para a sociedade. Quando um produto vai para a sociedade é uma solução completa”, explica.

Programa revitaliza e  conecta o ecossistema

Cris Alessi lembra também que o Distrito (Distrito Spark CWB), que é privado, completou um ano no mês de agosto. “Fica dentro da FAE e o de Curitiba é o mais importante fora de São Paulo. Eles abriram junto com a Bosch Connectory, que é o único espaço na América Latina de ‘inovação aberta’ (combinação de ideias internas e externas). A Bosch tem cinco espaços como esse no mundo e Curitiba é um deles. Na PUC, a gente tem a Hotmilk, que é o hub de inovação da Agência PUC, que tem trabalhado muito com a iniciativa privada e trabalhado muito com a inovação aberta. Esses são os três grandes exemplos do que esses ambientes são capazes”, exemplifica.

Projetos público-privados anunciados também avançaram, segundo Cris Alessi. “Agora a gente está com um edital, que antes no começo do ano a gente tinha todo o projeto, mas ainda não os editais, e agora temos os processos de licitação já abertos, com prazos para entrega. Aqui do Moinho, do Engenho da Inovação, para revitalização desse espaço”, anuncia.

O “Rosto da Cidade” é um projeto de revitalização urbana. A ideia é juntar várias áreas nesse projeto. “A Agência, com essas parcerias públicas e privadas. Melhorar as fachadas é trabalho de uma área e o da gente (Agência Curitiba) é viabilizar que empresas de bases tecnológicas, de economia criativa, estejam e que cada vez mais ocupem esse espaço”, diz.

Entre as diversas ferramentas utilizadas pela Agência Curitiba para conectar os diversos atores por um fim comum, o incentivo financeiro está ausente. Alessi explica que o papel da agência é outro. “Conectando o ecossistema, como, por exemplo, o Cine Passeio. É um espaço de cinema, um ambiente de cultura audiovisual, mas que leva lá para dentro, por exemplo, um Worktiba, que é um espaço de coworking público. São co-soluções para aquele espaço. Um projeto que os coworkers do Cine Passeio fizeram, como contribuição deles para a cidade, foi um projeto de revitalização digital do Passeio Público, que vão entregar agora para o Natal. Ali não há um incentivo financeiro para que aquilo aconteça, mas colocando a cidade aberta para essas empresas, elas vêm contribuindo”, garante.

Iniciativas públicas, como a implantação do Worktiba Cine Passeio (e o próprio Cine Passeio!), no Centro; público/privada, como o programa Rosto da Cidade, de revitalização de imóveis no Centro e São Francisco; e privadas, como o Distrito Spark CWB (hub de inovação implantado na FAE pela Bosch, Rumo e Grupo Barigui), no Centro, estão ajudando a revitalizar a região central da capital.

O Engenho da Inovação, sede da Agência Curitiba de Desenvolvimento e “coração” do Vale do Pinhão, é um exemplo, assim como o Campus Rebouças de Inovação e Aceleração, que acaba de ser inaugurado por empreendedores privados e está recebendo empresas, aceleradoras e startups de inovação em áreas como cidades inteligentes, construções sustentáveis e energias renováveis.

Conexão entre projetos muda fachada de áreas distintas da capital

A conexão entre prefeitura, entidades representativas, empresas e startups está ainda mais visível no projeto Rosto da Cidade, que tem na revitalização dos imóveis, principalmente já na região do Bairro São Francisco, no Centro Histórico de Curitiba, sua principal vitrine. Desenvolvido pelo Ippuc em parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Fundação Cultural de Curitiba e Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, o Rosto da Cidade tem seis etapas de execução e envolve revitalização de prédios públicos e privados de interesse histórico e melhorias na acessibilidade, paisagismo e iluminação pública.

“Trabalha na conservação não apenas dos edifícios públicos, mas também de importantes imóveis que hoje se encontram em situação precária”, afirmou o coordenador do projeto no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Mauro Magnabosco.

O Rosto da Cidade não é um projeto de mudança estética, explica Magnabosco, mas uma ação ampla e integrada de renovação urbana da região central. “Uma iniciativa para a atração de famílias e atividades que gerem renda em locais, antes referenciais, e que se transformaram em mocós e pontos de insegurança”, completa Magnabosco.

A primeira etapa do projeto, que integrou 14 imóveis municipais, já foi concluída, numa ação conjunta da Fundação Cultural e das secretarias municipais, com pintura antipichação, trincheiras da Travessa Nestor de Castro e da Rua 13 de Maio.

A segunda etapa, que está em andamento, compreende o Largo da Ordem, desde a Rua João Manoel (Praça João Cândido) até a Rua Barão do Serro Azul e a Rua São Francisco, desde a Rua Barão do Serro Azul até a Rua Presidente Farias. A terceira etapa envolve as praças Tiradentes, Borges de Macedo e Generoso Marques; a quarta etapa o eixo entre as ruas Barão do Rio Branco e Riachuelo, a quinta etapa a Rua Trajano Reis, desde o Setor Histórico até a Praça do Gaúcho, e a sexta etapa a Rua Voluntários da Pátria e as praças Osório e Rui Barbosa.

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